
O falecimento do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), após um período de saúde delicada, encerra um pontificado de reformas e diálogo, mas expõe a virulência da extrema direita brasileira, que em meio à doença do pontífice destilou ódio explícito e agora mantém um silêncio revelador sobre sua morte, ecoando as declarações ultrajantes do argentino Javier Milei que o chamou de “imbecil”, “maligno” e defensor de “roubo”
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Aos 87 anos, o Papa Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), pondo fim a um pontificado de significativas tentativas de modernização da Igreja Católica e de um engajamento constante com as questões sociais e ambientais do mundo. Sua morte, precedida por um período de saúde fragilizada, reacendeu a polarização ideológica, expondo de forma crua a desumanidade de setores da extrema direita brasileira, que durante a doença do pontífice manifestaram um ódio visceral, culminando em um silêncio notório após sua morte. Essa postura hostil encontra eco nas palavras agressivas proferidas no passado pelo atual presidente da Argentina, Javier Milei, contra o líder católico.
A vulnerabilidade da saúde de Papa Francisco já havia escancarado a face mais sombria do bolsonarismo nas redes sociais. Uma coluna de fevereiro do jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, documentou a torcida abjeta pela morte do líder religioso, revelando uma escalada do ódio. Mensagens como: “Vou festejar muito um dia que esse Papa for para o inferno“, “Papa comunista tem que morrer“, “Todo sofrimento do mundo é pouco para essa desgraça. Espero que morra agonizando” e “Logo esse Papa comunista vagabundo, sem vergonha, que cagou no trono de Pedro e vai comer capim pela raiz. Vou rezar para que ele morra logo” demonstravam a brutalidade e a completa ausência de empatia de parte dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Esse comportamento, como observado anteriormente, explicita como essa parcela da extrema direita “nega a essência do humanismo“, tornando-se “brutalizada” e “desumana“, abominação a quem busca “uma coisa melhor não só para o nosso país, mas para seres humanos, onde quer que eles estejam, onde quer que eles possam ter uma vida melhor, que eles possam ter uma vida mais digna“.
O silêncio ensurdecedor de figuras proeminentes do bolsonarismo após a confirmação da morte do Papa Francisco ecoa a mesma frieza demonstrada durante seus problemas de saúde. Nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira, Carlos Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, a ex-ministra Damares Alves e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, conhecida por ter se encontrado com o pontífice, não emitiram manifestações públicas de pesar ou reconhecimento pela importância do líder católico. Essa omissão se torna ainda mais chocante quando confrontada com as declarações ultrajantes de Javier Milei.
Em um vídeo que circulou amplamente e que será integrado a esta matéria, Javier Milei, em sua retórica inflamada, não poupou ataques virulentos ao Papa Francisco:
“O que é a justiça social? É a envergonha, o ódio, o ressentimento. Originalmente, a envergonha era um pecado capital. Teria que informar aquele imbecil que está em Roma, que defende a justiça social, que saiba que é um roubo e que isso vai contra os mandamentos.”
As ofensas de Milei prosseguiram de forma ainda mais agressiva:
“O Papa, e o vou dizer de frente, é o representante do maligno na Terra, ocupando o trono da Casa de Deus. A verdade é que eu enfrentaria o Papa de cara a cara, para ver se ele está a favor do roubo e está a favor de tratar desigualmente contra a lei e a gente. E, além disso, explicaria, porque é tão maligno, tão burro, tão ignorante, que acredita que com isso ele beneficia os que menos têm.”
Milei ainda complementou, associando as ideias do Papa à crise em seu país:
“E, na realidade, a Argentina tem 70 anos nessa farsa imunda da justiça social. E, de ser o quinto país mais rico do mundo, somos o 55º e vamos no caminho de ser pobres.”
As declarações de Milei, somadas ao ódio destilado por bolsonaristas e ao silêncio de suas lideranças, expõem a profunda aversão da extrema direita a um líder religioso que consistentemente defendeu a justiça social, a igualdade e a preocupação com os mais necessitados.
Essa postura revela uma visão de mundo que antagoniza princípios cristãos fundamentais e demonstra uma intolerância ideológica que ultrapassa os limites do respeito e da humanidade, rechaçando o “pensamento humanista” em favor de uma lógica de “cada um por si”.
A morte de Papa Francisco, portanto, não apenas marca o fim de um era para a Igreja Católica, mas também serve como um doloroso lembrete das divisões ideológicas que assolam o mundo. O legado de reformas e diálogo do pontífice contrasta fortemente com o ódio e o silêncio daqueles que, em nome de uma visão extremista, parecem ter perdido a capacidade de reconhecer a dignidade humana e a importância de um líder espiritual com influência global.
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