Campanha de Neo em Formosa do Rio Preto é alvo de denúncia de caixa 2 e abuso de poder

Rivais acusam prefeito reeleito de omitir despesas e superar teto de gastos eleitorais em cidade do agro

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A reeleição do prefeito Manoel Afonso de Araújo, o Neo (PSD), em Formosa do Rio Preto, uma das cidades mais prósperas do agronegócio no Oeste baiano, tornou-se alvo de uma grave denúncia judicial, conforme informações do Portal Metro 1 divulgadas nesta sexta-feira (22/nov). O presidente do Diretório Municipal do PL, Itamar Santana, apresentou à Justiça Eleitoral um pedido de impugnação das contas de campanha do gestor, apontando supostas irregularidades que incluem caixa 2, abuso de poder econômico e falhas na prestação de contas eleitorais. O caso foi levado à juíza eleitoral Tônia Barouche no último dia 17 e detalha uma série de inconsistências que, segundo a acusação, poderiam invalidar a diplomação de Neo para um quarto mandato.

A denúncia alega que o prefeito omitiu despesas significativas relacionadas à campanha, incluindo gastos com comícios e atividades públicas que demandaram estruturas complexas e de alto custo. Entre os itens mencionados estão fogos de artifício, equipamentos de sonorização, geradores de energia, transporte e combustível, além do uso de paredões de som para eventos políticos.

A campanha contou com comícios e atividades que exigiram estrutura complexa, cujos custos não aparecem ou foram declarados a menor. Esses elementos são essenciais para a realização de grandes eventos e o ocultamento de tais despesas sugere a existência de caixa 2”, afirma o texto da denúncia encaminhada à Justiça Eleitoral.

Outro ponto central do pedido de impugnação é a suposta subnotificação de despesas com um trio elétrico de última geração, utilizado pela campanha do prefeito durante 45 dias. O equipamento, que teria custo de mercado estimado em R$ 200 mil, foi registrado na prestação de contas por apenas R$ 10 mil, valor que, segundo a denúncia, seria referente apenas à montagem de palco e iluminação. Além disso, não há registros de pagamentos relacionados à locação de paredões de som nem à compra de fogos de artifício, amplamente utilizados nos eventos eleitorais.

Os advogados do PL também acusam Neo de ter ocultado valores gastos com combustível para abastecer veículos de apoiadores durante as carreatas, um recurso frequentemente utilizado em campanhas para mobilização de eleitores. A somatória dessas despesas não declaradas, segundo a denúncia, contribuiu para que o prefeito ultrapassasse o teto de gastos estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que era de R$ 367,9 mil para candidatos à prefeitura de Formosa do Rio Preto. Conforme os documentos apresentados, as despesas declaradas pela campanha de Neo Araújo totalizaram R$ 392,6 mil, excedendo o limite permitido em cerca de R$ 25 mil.

O pedido de impugnação alega que essas irregularidades comprometem a legitimidade da eleição e requer a cassação da chapa vitoriosa. Neo Araújo foi reeleito com uma vantagem mínima de apenas 246 votos, derrotando o adversário Bira Lisboa (PDT) por 8.936 contra 8.690 votos, em uma das disputas mais apertadas e tensas do interior baiano este ano.

Formosa do Rio Preto, que possui o segundo maior PIB per capita da Bahia, destaca-se como um dos principais polos econômicos do estado, devido à força de seu agronegócio, especialmente nas culturas de algodão e soja. A riqueza gerada pelo setor atrai o interesse tanto da base governista quanto da oposição, tornando a cidade um campo estratégico para disputas eleitorais.

De acordo com o Metro 1, até o fechamento da reportagem, a assessoria do prefeito Neo Araújo não havia se manifestado sobre as acusações.

Caso de Política | A informação passa por aqui

“Por muito pouco”, Braga Netto escapou da prisão, aponta investigador

General e ex-ministro foi indiciado, com Jair Bolsonaro e mais 35 pessoas, no inquérito que apura o planejamento de um golpe de Estado, incluindo a trama para assassinar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por seu envolvimento no planejamento de um golpe de Estado que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Documentos revelam que o militar sediou, em sua residência, uma reunião no final de 2022, onde foi discutido um plano que incluía o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

De acordo com o relatório encaminhado ao STF nesta quinta-feira (21), o plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, foi detalhado em um encontro ocorrido em 12 de novembro de 2022. A investigação aponta Jair Bolsonaro como o principal beneficiário e líder da tentativa frustrada. Além de Bolsonaro e Braga Netto, outras 35 pessoas foram indiciadas por crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa.

Embora Braga Netto tenha sido indiciado, ele não foi preso. Segundo informações de um investigador ouvido pela coluna Radar, da Veja, “por muito, mas muito pouco” o general não foi detido. Após a divulgação das provas, Braga Netto se isolou e deixou de atender ligações. “Quem anda sozinho, acaba sozinho”, afirmou um aliado próximo.

As investigações reforçam que o general teve um papel estratégico no esquema, coordenando reuniões e articulando ações entre os envolvidos. A PF também destacou que o planejamento visava desestabilizar as instituições democráticas e assegurar a permanência de Bolsonaro no poder.

Com os indiciamentos, o caso agora segue para análise do STF, onde será decidido o andamento das acusações contra os envolvidos.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Reale Jr. defende uso de tornozeleira contra Bolsonaro e mais 35 indiciados e critica alegações de “ignorância” sobre plano golpista

Imagem da internet

Jurista, conhecido por sua atuação no impeachment de Dilma, debateu em entrevista sobre o risco à democracia e os impactos das ações de Bolsonaro. Miguel Reale Jr. criticou tentativas de defesa do ex-presidente e alertou para o risco de um golpe no Brasil

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Nesta sexta-feira (22/11), o jurista Miguel Reale Jr. concedeu uma entrevista ao Portal UOL no Youtube, destacando os graves riscos que o Brasil enfrentou durante o governo Bolsonaro e sua relação com ações que, segundo ele, visam atacar a democracia. Reale Jr., um dos autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015, explicou sua decisão de apoiar Lula nas eleições de 2022, defendendo que sua vitória no primeiro turno seria a forma mais eficaz de evitar um novo ataque à democracia.

Reale Jr. explicou que, ao decidir apoiar Lula, visava impedir as ações destrutivas de Bolsonaro, que ele considera prejudiciais à democracia, à dignidade humana e ao meio ambiente.

Durante a entrevista ao UOL, Reale Jr. foi questionado sobre as recentes declarações de Bolsonaro, que alegou não ter conhecimento de qualquer plano golpista. O jurista refutou a alegação, afirmando que o ex-presidente estava plenamente ciente das movimentações, inclusive tendo alterado documentos relacionados a um projeto de intervenção militar.

“É evidente que ele tinha pleno conhecimento, tanto que o projeto de ato institucional foi levado a ele, e ele fez anotações e ajustes no decreto”, disse Reale Jr., ressaltando que a gravidade da situação não poderia ser ignorada.

A análise de Reale Jr. abordou, também, as ações de Bolsonaro em relação aos militares e à tentativa de desestabilizar a ordem democrática. Ele afirmou que o ex-presidente, ao se aliar a militares de alta patente, inclusive o general Mário Fernandes, estava liderando um projeto criminoso para atacar as instituições democráticas.

Era uma organização criminosa, liderada, sem dúvida nenhuma, pelo presidente da República”, disse, apontando o risco que isso representou para o país.

Em relação à possível defesa de Bolsonaro de que agiu de maneira legal ao defender o Estado de Sítio, Reale Jr. esclareceu que, ao contrário de um golpe de Estado, o Estado de Sítio é uma medida constitucional para preservar a ordem democrática em situações de grave ameaça.

“O Estado de Sítio não é contra a democracia, é a favor da democracia”, afirmou, destacando que a proposta de Bolsonaro era sem fundamento e visava, na prática, desestabilizar o sistema.

Sobre o andamento das investigações e o indiciamento de Bolsonaro, Reale Jr. mostrou-se cético quanto à defesa do ex-presidente, considerando-a “sem base jurídica”. Ele questionou a alegação de Bolsonaro de ser vítima de um processo político e, no contexto do julgamento, defendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) não havia agido fora da lei. “O réu não escolhe o relator”, afirmou, referindo-se à tentativa de Bolsonaro de excluir o ministro Alexandre de Moraes do caso.

O jurista também analisou a possibilidade de unificação das acusações contra Bolsonaro, um tema relevante no cenário atual. Reale Jr. demonstrou preferir que as acusações sejam tratadas separadamente, para não atrasar ainda mais o andamento dos processos.

“É preferível que os casos sejam tratados individualmente, para que não haja mais demora em processos que já são complexos”, concluiu.

Por fim, Reale Jr. discutiu as implicações da trama golpista que envolveu a tentativa de desestabilizar o resultado das eleições e o risco de um golpe no país.

“Foi uma tentativa de golpear a democracia”, afirmou, destacando que a resistência de figuras chave dentro das forças armadas foi crucial para impedir que o golpe se concretizasse.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Nikolas Ferreira vincula apoio a Hugo Motta à anistia para atos de 8 de janeiro

Deputado do PL cobra compromisso de Arthur Lira e defende reação do partido diante da demora na votação do projeto

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) afirmou que seu apoio à candidatura de Hugo Motta (Republicanos) à presidência da Câmara está condicionado à aprovação do projeto de lei que concede anistia aos manifestantes envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ele cobrou que o PL “tome uma atitude” caso o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP), não paute o tema até dezembro deste ano, como prometido.

“O acordo era até dezembro. Minha posição é apoiar [Hugo Motta] por esse motivo. Precisamos ver se isso vai realmente acontecer até o fim do mandato do Lira. Se não for cumprido, algo precisa ser feito”, declarou Nikolas em 13 de novembro, durante a posse de Eduardo Bolsonaro como secretário de relações institucionais do PL.

Nikolas criticou a retirada do projeto de anistia da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por Arthur Lira, uma decisão tomada há três semanas. Lira anunciou a criação de uma comissão especial para tratar do tema, mas sua instalação ainda não ocorreu, o que tem gerado descontentamento entre parlamentares favoráveis ao projeto.

Para Nikolas, o partido deve reagir se os compromissos firmados não forem respeitados.

“Se o acordo não for cumprido, o PL precisa tomar uma atitude. Não sei se isso significa lançar um candidato próprio, mas não podemos aceitar a inércia.”

Apesar disso, o deputado descartou a possibilidade de se candidatar à presidência da Câmara.

“De forma alguma. Quem disse isso é maluco. Não vou tomar uma decisão desse porte sem consultar o partido, o presidente Bolsonaro e os líderes. Não busco protagonismo; faço apenas o que acredito”, afirmou.

O projeto de anistia, que inicialmente tramitava na CCJ, foi retirado para criação da comissão especial, mas a falta de avanços tem alimentado tensões dentro da base aliada do PL. Nikolas reforçou a importância de pressionar Lira para cumprir o prazo estabelecido e viabilizar a votação ainda neste ano.

A discussão sobre a anistia aos envolvidos nos atos golpistas promete acirrar os debates políticos no Congresso, especialmente com a proximidade da eleição para a presidência da Câmara. O desfecho desse processo pode impactar não apenas a liderança da Casa, mas também a composição de forças no Legislativo.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Ajuste fiscal do governo inclui militares e projeta economia de R$ 2 bilhões anuais

Revisão de benefícios e contribuições das Forças Armadas reforça estratégia de equilíbrio das contas públicas

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O ajuste fiscal promovido pelo governo federal alcançou as Forças Armadas, com a inclusão de medidas que devem gerar uma economia de R$ 2 bilhões por ano. O pacote, acertado entre os Ministérios da Defesa e da Fazenda, revisa benefícios e amplia contribuições, reforçando o compromisso do governo com a estabilidade das contas públicas.

Entre as mudanças está o fim da “morte ficta”, prática que permitia que famílias de militares expulsos por má conduta continuassem recebendo pensões integrais. A partir de agora, esses dependentes terão direito apenas ao auxílio-reclusão, nos moldes aplicados aos segurados do INSS.

Outro ponto crucial é o encerramento da transferência de pensões entre familiares, eliminando o acúmulo de benefícios que gerava aumento exponencial de despesas. O pacote também inclui o aumento da idade mínima de aposentadoria, de 50 para 55 anos, e a uniformização da contribuição previdenciária em 3,5% para todas as forças.

Embora inferior à contribuição de trabalhadores do setor privado, que varia de 8% a 11%, a medida é considerada um avanço na participação dos militares no esforço de ajuste fiscal.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância da inclusão das Forças Armadas no plano fiscal.

“Este é um passo importante para o equilíbrio das contas públicas, com a contribuição de todas as categorias para um esforço coletivo em prol do país”, afirmou.

A proposta foi pactuada com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e representa um alinhamento estratégico entre as pastas para reduzir o déficit e assegurar a sustentabilidade econômica. As ações fazem parte de um plano mais amplo para atingir as metas fiscais e garantir a solidez financeira do Brasil nos próximos anos.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Padre indiciado por golpe de Estado vende cursos online sobre demônios

Religioso é acusado de participar de trama para impedir posse de Lula; investigado nega envolvimento e alega apoio espiritual a Bolsonaro

Repórter Brasil – O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco (SP), figura entre os 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) sob a suspeita de integrar uma conspiração para um golpe de Estado. A investigação aponta que o religioso participou de reuniões com o ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado o principal articulador da trama. Entre as propostas debatidas, estariam a decretação de estado de sítio e a prisão de autoridades.

As suspeitas contra o padre ganharam força após o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator premiado, relatar a presença de José Eduardo em encontros relacionados ao suposto plano golpista. Uma das reuniões teria ocorrido em 19 de novembro de 2022, com a participação do ex-assessor Filipe Martins e do advogado Amauri Feres Saad, ambos também indiciados nesta quinta-feira (21).

Apesar das acusações, o padre nega envolvimento direto e afirma que sua relação com Bolsonaro é exclusivamente de apoio espiritual, desde que o político sofreu um atentado em 2018.

Cursos espirituais e presença online

Conhecido por sua influência no meio católico e nas redes sociais, o padre José Eduardo utiliza seu site e perfis no Instagram, que somam 440 mil seguidores, para divulgar e vender cursos espirituais. Com valores entre R$ 379 e R$ 897, os cursos incluem títulos como “Aprenda a combater o mal” e “Aprenda a combater os demônios”. As aulas prometem ensinar formas de enfrentamento espiritual, sob a perspectiva da “batalha contra forças demoníacas”.

No site, uma das mensagens promocionais do curso diz:

“Nesse curso você aprenderá a se blindar das forças demoníacas e se preparar para a batalha espiritual”.

O padre também enfatiza a urgência de se posicionar espiritualmente em um mundo que, segundo ele, vive um agravamento do “combate diário contra o inimigo”.

Investigação e críticas à PF

Em fevereiro de 2024, o pároco foi alvo de busca e apreensão pela PF, suspeito de integrar um “núcleo jurídico” que apoiaria os movimentos para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Durante a operação, o celular do padre foi confiscado, o que gerou protestos de sua defesa, que acusou os investigadores de violação ao sigilo sacerdotal.

Após o indiciamento, a defesa do religioso classificou a divulgação dos nomes pela PF como “abuso”. O advogado Miguel Vidigal afirmou que a nota oficial do órgão comprometeu a investigação e desrespeitou o sigilo imposto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Trama golpista e possíveis punições

O indiciamento de Bolsonaro e outras figuras públicas, como os ex-ministros militares Braga Netto e Augusto Heleno, está inserido em uma investigação de 800 páginas que será enviada ao STF. Se os indiciados forem denunciados e a Corte aceitar a denúncia, poderão responder por crimes como golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos de prisão), abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos) e organização criminosa (3 a 4 anos).

A Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliará os indiciamentos e decidirá os próximos passos. O padre José Eduardo, por sua vez, mantém a defesa de sua atuação, agora sob os olhares atentos da Justiça e da sociedade.

Veja a lista completa dos indiciados, por ordem alfabética:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros: Ex-major do Exército e advogado. Foi um dos investigados no episódio da inserção de informações fraudulentas no cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
  2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva: Coronel do Exército, também foi alvo da investigação do Ministério Público Militar acerca da elaboração de uma carta que, no fim de 2022, pressionava a cúpula das Forças Armadas a agir de forma impedir a posse de Lula.
  3. Alexandre Ramagem: Ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) no governo Bolsonaro. Atualmente, o delegado federal é deputado federal (PL-RJ).
  4. Almir Garnier Santos: Ex-comandante da Marinha de abril de 2021 a dezembro de 2022.
  5. Amauri Feres Saad: Advogado e foi apontado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro como coautor da minuta golpista.
  6. Anderson Lima de Moura: Coronel do Exército também foi investigado pelo Ministério Público Militar, apontado como um dos autores da carta que pressionava a cúpula das Forças Armadas a aderirem a um golpe de Estado.
  7. Anderson Torres: Delegado da Polícia Federale ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro,chefiava a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal quando golpistas atacaram os Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
  8. Angelo Martins Denicoli: Major da reserva do Exército, foi nomeado diretor de Monitoramento e Avaliação do Sistema Único de Saúde, durante a gestão do general Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde.
  9. Augusto Heleno: General da reserva do Exército, foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro.
  10. Bernardo Romão Correa Netto: Coronel do Exército, chegou a ser detido em fevereiro deste ano, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal. Segundo essas investigações, ele atuou na preparação da reunião de militares de tropas especiais (os chamados kids pretos) selecionados para participar da tentativa de golpe de Estado. É considerado, segundo a PF,  homem de confiança do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha: Engenheiro especialista em segurança da informação, é o fundador do instituto contratado pelo PL para apontar supostas falhas das urnas eleitorais eletrônicas. O parecer do instituto serviria de base para o partido questionar a legitimidade da eleição de Lula.
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini: Coronel da reserva do Exército, também foi investigado no Inquérito Policial Militar (IPM) sobre a participação de militares na elaboração da carta que pressionava a cúpula das Forças Armadas.
  13. 13Cleverson Ney Magalhães: Coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres. Investigações anteriores apontam que ele faria parte do núcleo operacional de apoio às ações golpistas e atuado na manutenção de manifestações em frente aos quartéis.
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira: General de Brigada do Exército. Ex-comandante militar da Amazônia e ex-chefe do Comandante de Operações Terrestres do Exército. Investigado pela PF na Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro.
  15. Fabrício Moreira de Bastos: Foi comandante do 52º Batalhão de Infantaria de Selva em Marabá (PA). É atualmente adido militar em Israel. Supostamente, participou da elaboração da carta escrita para forçar a adesão à tentativa de golpe de Estado.
  16. 16Fernando Cerimedo: Consultor de marketing político, investigações apontavam que teria atuado na elaboração de estratégias para atacar o sistema eleitoral brasileiro e fazer falsas denúncias de fraude. Ele é argentino e trabalhou na campanha eleitoral de Javier Milei, atual presidente da Argentina, extremista de direita.
  17. Filipe Garcia Martins: Discípulo do escritor Olavo de Carvalho, foi assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República do governo de Jair Bolsonaro. Ele teria integrado o núcleo de juristas que formulou textos que serviriam como decretos após o golpe de Estado. A PF já havia apontado que ele teria entregue ao ex-presidente a minuta do golpe.
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues: Subtenente do Exército, cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Foi preso em julho durante a Operação Última Milha, da PF, sob acusação de compartilhar publicações em redes sociais que propagavam informações obtidas de forma ilegal. Foi solto em agosto.
  19. Guilherme Marques de Almeida: Tenente-coronel de Infantaria. Foi comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, com sede em Goiânia. Foi exonerado após o ministro Alexandre de Moraes (STF) determinar o afastamento de militares investigados por envolvimento na tentativa de golpe. Ficou conhecido em fevereiro ao saber que era alvo de investigação da PF, pois teria atuado na criação e distribuição de notícias falsas sobre as eleições presidenciais.
  20. Hélio Ferreira Lima: Tenente-coronel foi um dos presos na última terça-feira (19) por suposto envolvimento na elaboração de plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. O militar comandou até fevereiro a 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus (Comando Militar da Amazônia).
  21. Jair Bolsonaro: Ex-presidente da República (2019-2022). Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está inelegível até 2030 por fazer denúncias sem provas contra as urnas eletrônicas durante reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada em agosto de 2022.
  22. José Eduardo de Oliveira e Silva:Pároco da Diocese de Osasco (SP), já havia sido investigado por envolvimento na elaboração de minutas de decretos com criação jurídica para fundamentar um golpe de Estado. Em fevereiro, foi alvo da Operação Tempus Veritais.
  23. 23Laércio Vergilio: general da reserva do Exército, é investigado pela Polícia Federal por suposta participação em plano para prender o ministro Alexandre de Moraes. Em áudios captados com autorização judicial, foi flagrado em contato com Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército investigado pela inserção de informações fraudulentas no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro.
  24. Marcelo Bormevet: Agente da Polícia Federal cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro. Teria dado ordens a Giancarlo Gomes Rodrigues para publicar em redes sociais informações ilegais.
  25. Marcelo Costa Câmara: Coronel do Exército. Foi assessor especial da Presidência da República, no gabinete pessoal de Jair Bolsonaro. Esteve preso entre fevereiro e maio deste ano, após investigações apontarem que atuava no núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
  26. 26Mario Fernandes: General da reserva, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, teria liderado a elaboração do suposto plano Punhal Verde e Amarelo para assassinar Lula, Alckmin e Moraes.
  27. Mauro Cid: Tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, é considerado um dos homens mais próximos do ex-presidente. Investigado em mais de um inquérito, ficou preso preventivamente entre maio e setembro do ano passado por falsificar dados no cartão de vacinação. Neste ano, ficou preso entre março e maio após a circulação de áudios nos quais reclamava do tratamento do ministro Alexandre de Moraes (STF) e dos investigadores da PF. Depoimento do tenente-coronel nesta quinta-feira (21) complementará informações do atual inquérito.
  28. Nilton Diniz Rodrigues: General do Exército, foi comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, em São Gabriel da Cachoeira. Foi assistente do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército entre março e dezembro de 2022.
  29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho: Neto de João Figueiredo, o último general presidente na ditadura militar, foi indiciado anteriormente por suposta propagação de desinformação golpista e antidemocrática.
  30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira: General do Exército, foi ministro da Defesa entre 1º de abril de 2022 e 31 de dezembro de 2022, e foi comandante do Exército entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022. Ele teria participado do grupo que pretendia apontar supostas fragilidades nas urnas eletrônicas, que não foram provadas.
  31. Rafael Martins de Oliveira: Tenente-coronel do Exército, foi preso preventivamente na última quinta-feira (13) em investigação sobre suposto plano de assassinar Lula. Conhecido como um “kid preto”, grupo de elite da Força Armada, teria fornecido orientações para a execução do crime.
  32. Ronald Ferreira de Araujo Júnior: Tenente-coronel do Exército, tem experiência na área de defesa, com ênfase em comunicações e guerra eletrônica. Investigações anteriores apontaram participação do militar na elaboração da minuta golpista.
  33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros: Tenente-coronel do Exército, o militar teria atuado no núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
  34. Tércio Arnaud Tomaz: Foi assessor especial da Presidência da República durante o governo de Jair Bolsonaro, de quem anteriormente foi secretário parlamentar. Era apontado, pela PF, como o líder do chamado “gabinete do ódio” responsável por publicações falsas em redes sociais que supostamente favoreciam o governo e atacavam adversários.
  35. Valdemar Costa Neto: Presidente nacional do Partido Liberal, legenda de Jair Bolsonaro. Durante seis mandatos, Valdemar foi deputado federal por São Paulo. Renunciou o mandato e foi um dos condenados no esquema do mensalão.
  36. Walter Souza Braga Netto: General da reserva, foi candidato à vice-presidente em 2022 na chapa com Jair Bolsonaro. Braga Netto foi ministro-chefe da Casa Civil, de 2020 a 2021, e ministro da Defesa, de 2021 a 2022. A Policia Federal apurou que uma das reuniões realizadas para tratar de suposto plano golpista para impedir a posse e matar o presidente Lula teria sido realizada na casa do militarem novembro de 2022.
  37. Wladimir Matos Soares:Policial federal. Foi preso na última terça-feira (19) por suposta participação no plano para assassinar o presidente Lula.

As investigações apontaram que os envolvidos se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência de ao menos seis núcleos: o de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; o Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado; o Jurídico; o  Operacional de Apoio às Ações Golpistas; o de Inteligência Paralela e o Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

Operação Ártemis: FICCO Bahia e PM capturam 35 integrantes de facções no Estado

Foto: Alberto Maraux/ Ascom SSP

Mandados de prisão cumpridos entre outubro e novembro visam reduzir violência e fortalecer combate ao crime organizado

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A 1ª fase da Operação Ártemis, realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) e pela Polícia Militar da Bahia, foi concluída na noite de segunda-feira (18) com a captura de 35 integrantes de facções criminosas em diversas cidades do estado. Os mandados de prisão, que abrangem crimes como homicídios, tráfico de drogas, roubos, corrupção de menores, lavagem de dinheiro e porte ilegal de arma, foram cumpridos entre os dias 30 de outubro e 18 de novembro.

As investigações que levaram à prisão dos criminosos foram realizadas pelas Polícias Federal e Civil, e culminaram em ações em locais de grande repercussão no estado, incluindo Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Barreiras, Ilhéus, Itabuna, Teixeira de Freitas, Camaçari e diversas outras cidades, onde as facções atuavam com força. As capturas, que envolvem integrantes de diferentes organizações criminosas, visam enfraquecer o poder das facções que espalham violência e medo pela Bahia.

A operação, que é um reflexo da intensificação das ações de combate ao crime organizado no estado, tem como principal objetivo impactar diretamente na redução das mortes violentas. Segundo o coordenador da FICCO Bahia, delegado federal Eduardo Badaró, a retirada desses criminosos das ruas “impacta diretamente na redução das mortes violentas em todo o estado.” Para ele, a parceria entre a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a Polícia Federal e as forças estaduais têm mostrado sua eficácia no enfrentamento das facções.

Com um saldo significativo de prisões, a Operação Ártemis reforça a estratégia de combate ao crime organizado no estado, que inclui uma série de ações planejadas para diminuir a ação de facções e restaurar a ordem pública. As forças de segurança seguem comprometidas com a desarticulação das organizações criminosas e com a redução da violência, reforçando a importância da atuação integrada entre as instituições de segurança pública.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Tito e Danilo: A arte de unir “gregos e baianos” pela presidência da Câmara de Barreiras

Com 11 dos 19 vereadores, a missão de ambos é costurar alianças e se garantir no comando do Legislativo

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A política de Barreiras, em tempos de constantes articulações, parece mais um jogo de xadrez. Danilo Henrique (PP) e Carlos Tito (PT), com uma teórica base de 11 dos 19 vereadores eleitos para a próxima composição da Câmara, estão decididos a dar o xeque-mate. A disputa pela presidência da Câmara de Barreiras não é apenas uma questão de números, mas de habilidade política e, principalmente, de unir “gregos e baianos” – ou seja, costurar alianças entre grupos com interesses e pensamentos bem distintos.

A presidência da Câmara, além de ser um cargo de influência legislativa, também carrega um poder estratégico. Em um cenário onde o atual vice-prefeito, Túlio Viana (PL), pode disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2026, o presidente da Câmara poderá, em algum momento, assumir interinamente a prefeitura, um fator que, mais cedo ou mais tarde, vai exigir uma nova eleição para a presidência, colocando o cargo novamente no centro das atenções em 2027.

E é aí que entra a habilidade de Danilo e Tito. O primeiro, com sua energia e desejo de alinhar os diferentes grupos, e o segundo, com sua vasta experiência – Tito foi presidente da Câmara por duas vezes e sabe exatamente como jogar os bastidores. Ele é o “velho lobo do Rio Grande” na correnteza da política local, conhecendo as pedras no caminho e os atalhos que podem ser explorados.

No entanto, a tarefa não será fácil. As articulações não envolvem apenas interesses pessoais, mas disputas familiares e políticas históricas. Ben-Hir (PSD), o vereador mais votado nas últimas eleições, é visto como um possível nome para a presidência, mas sua ligação com Jusmari Oliveira pode ser um obstáculo. Afinal, as famílias Henrique e Oliveira têm uma rivalidade que remonta a anos e pode complicar qualquer tentativa de consenso.

Apesar disso, Danilo e Tito continuam suas negociações com paciência e jogo de cintura, tentando alinhar diferentes forças políticas. João Felipe (PCdoB) e Carmélia da Mata (PP) são dois nomes que já estariam na base da aliança, mas o quadro ainda está longe de ser definitivo. Afinal, como se diz no popular, “na política, a única coisa que não muda é que tudo pode mudar a qualquer momento”.

E é aqui que entra a experiência de Tito. Se unir “gregos e baianos” parece missão impossível para muitos, para ele, que já foi presidente da Câmara por dois mandatos, essa é uma tarefa que ele conhece bem. Tito já demonstrou que sabe como “costurar” uma aliança, mesmo quando as divergências parecem “barreiras intransponíveis”. Ele tem comprovada habilidade de negociar nos bastidores e garantir que todos saiam com algo, criando uma rede de interesses que fortalece sua posição.

Danilo, por outro lado, traz a força do novo, a capacidade de articular uma base que sabe que precisa se renovar, se reconfigurar para ter voz ativa nas decisões do município. Seu jogo, mais expansivo, busca ampliar as possibilidades, chamando para a mesa os mais diversos setores e tentando harmonizar as diferentes perspectivas.

A independência da Câmara de Vereadores de Barreiras, caso Tito e Danilo consigam consolidar seu alinhamento, pode representar um ganho significativo para a cidade. Uma câmara mais independente pode atuar com maior liberdade em suas decisões, sem pressões externas ou dependências excessivas do poder executivo. Isso permite um espaço mais amplo para fiscalização e cobrança da gestão municipal, além de garantir que os interesses da população sejam mais diretamente representados.

Essa autonomia também fortalece o papel do Legislativo, que passa a ser mais assertivo nas questões de interesse público, evitando que decisões importantes sejam tomadas sem o devido debate e a aprovação do parlamento. E, em um cenário onde a política é movida por alianças e interesses, ter uma câmara mais independente pode significar a abertura de um novo ciclo, onde os vereadores não apenas acompanham, mas participam ativamente na construção das políticas públicas que moldam o futuro de Barreiras.

Por fim, como já dizia o ditado, “quem não arrisca, não petisca”. Danilo e Tito, ambos cientes do desafio que enfrentam, sabem que a política é feita de movimento, de trocas, de apertos de mãos e, claro, de muitas negociações. Entre “gregos e baianos”, quem souber negociar as diferenças terá o poder de comandar. E, no caminho para garantir uma Câmara de Vereadores mais independente e com um papel mais relevante, o jogo político ganha um novo contorno, mais complexo, mas também mais promissor para os cidadãos de Barreiras.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Tentativa de golpe: nova operação da PF complica ainda mais Bolsonaro

Prisões e evidências reforçam suspeitas sobre plano articulado de ruptura democrática

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (19), que resultou na prisão de quatro militares e um policial federal, complica ainda mais a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. As novas revelações enfraquecem a tese de que a “minuta golpista” seria um ato isolado, apontando para uma articulação estruturada que visava romper a ordem democrática.

De acordo com apuração da Veja, uma alta autoridade do Poder Judiciário afirmou que os elementos descobertos pela operação fortalecem a suspeita de um plano coordenado. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação, cita explicitamente Bolsonaro, alegando que ele “aceitou o assessoramento” dos militares presos e chegou a revisar e “enxugar” o conteúdo da minuta golpista.

As evidências recentes configuram um quadro ainda mais grave para o ex-presidente. A minuta agora é vista como parte de uma tentativa mais ampla de manipular as instituições democráticas. Moraes destacou na decisão que as novas informações apontam para uma estratégia deliberada de desestabilização, na qual Bolsonaro teria um papel ativo.

Com o relatório final da PF em andamento, a expectativa é de que o documento recomende o indiciamento do ex-presidente. A Procuradoria-Geral da República (PGR) terá a responsabilidade de decidir entre apresentar denúncia, solicitar novas diligências ou arquivar o caso.

Esses desdobramentos não apenas reforçam as suspeitas já existentes, mas também colocam Bolsonaro em uma posição de maior fragilidade perante a Justiça. A cada nova revelação, as dúvidas sobre sua responsabilidade direta na tentativa de golpe se transformam em acusações mais concretas, complicando ainda mais sua situação e levantando questionamentos sobre a gravidade das ações e omissões no episódio que marcou a democracia brasileira.

Quatro linhas é o car@lh*’, ‘como em 64’, ‘vamos pro vale tudo’: mensagens obtidas pela PF escancaram golpismo entre militares

Mensagens foram obtidas em dispositivos de Mario Fernandes, general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro

A prisão do general da reserva Mario Fernandes, acusado de participar de um plano golpista para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, escancarou a rede de conspiradores dentro e fora das Forças Armadas. Fernandes foi detido nesta terça-feira (19) no Rio de Janeiro, e as investigações da Polícia Federal (PF) indicam que ele desempenhou um papel central nas articulações antidemocráticas que se intensificaram após o segundo turno das eleições de 2022, relata o UOL.

As mensagens e documentos apreendidos nos dispositivos eletrônicos do general escancaram o nível de radicalismo de Fernandes, que chegou a propor uma minuta para a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, a ser instaurado após os assassinatos planejados. Além disso, ele teria mantido contato com lideranças de acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais e trocado mensagens com aliados para propagar fake news e incitar ações antidemocráticas.

A radicalização e a retórica de confronto – Um dos diálogos obtidos pela PF contém mensagens que explicitam o tom radical de Fernandes e aliados, como a frase: “Quatro linhas é o car@lh*”, em referência à expressão utilizada por Bolsonaro de que tudo que seu governo fazia estaria ‘dentro das quatro linhas da Constituição’. Outro trecho, destacado pelos investigadores, mostra o general discutindo com seus interlocutores a necessidade de uma postura “como em 64”, numa clara alusão ao golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil em 1964.

A retórica de confronto também aparece em áudios onde Fernandes e outros envolvidos falam em “vale tudo” para justificar os atos planejados. Segundo a PF, essas declarações foram usadas para incitar apoiadores e preparar um ambiente propício ao golpe.

Conexões com acampamentos golpistas – Fernandes desempenhou um papel ativo na organização de acampamentos em frente a quartéis-generais, sendo um elo entre manifestantes e lideranças militares. Ele mantinha diálogo com figuras como o casal Rodrigo Ikezili e Klio Hirano, responsáveis pela logística dos acampamentos em Brasília. Hirano, que chegou a ser presa em dezembro de 2022 após os atos de vandalismo no dia da diplomação de Lula, consultava Fernandes sobre questões práticas, como a entrada de tendas e a realização de churrascos nos acampamentos.

Fotos do general nesses acampamentos e mensagens que indicam sua coordenação direta com líderes desses movimentos foram anexadas ao relatório da PF enviado ao STF, reforçando sua atuação no núcleo estratégico das ações golpistas.

“Guerra informal” – A investigação também destaca o uso da estratégia dos “kids pretos”, um grupo militar de elite especializado em insurgências e “guerra informal”. Segundo a PF, essa abordagem combinava ações psicológicas e propaganda estratégica para amplificar o alcance das manifestações: “a organização criminosa investigada tinha o objetivo de incitar parcela da população ligada à direita do espectro político a resistirem à frente das instalações militares para criar o ambiente propício ao golpe de Estado. Para isso, utilizaram o modus operandi da milícia digital, para disseminar, por multicanais, fake news sobre possíveis fraudes nas eleições de 2022 e ataques sistemáticos a ministros do STF e do TSE. Esse modo de atuação foi robustecido pelo emprego de técnicas de ações psicológicas e propaganda estratégica no ambiente politicamente sensível pelo ‘kids pretos’, instigando, auxiliando e direcionando líderes das manifestações antidemocráticas conforme seus interesses”.

Interações com Mauro Cid e outros militares – As mensagens mostram que Fernandes também mantinha contato com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e atualmente delator em investigações sobre atos antidemocráticos. Em uma das conversas, Fernandes pediu a Cid que enviasse vídeos com conteúdos golpistas no mesmo dia em que Bolsonaro se reuniu com os comandantes das Forças Armadas para discutir uma proposta de minuta golpista.

Outros diálogos incluem interações com o coronel Reginaldo Vieira de Abreu e Hélio Osório Coelho, que também conspiravam sobre a suposta fraude nas eleições e ações coordenadas com lideranças religiosas para reforçar as manifestações.

Próximos passos – A operação que resultou na prisão de Fernandes e outros militares busca desmantelar a rede de apoio ao golpismo, que envolvia desde figuras públicas até núcleos de desinformação online. As revelações aprofundam a crise de confiança nas instituições e reforçam a necessidade de responsabilização daqueles que tentaram subverter a ordem democrática.

As provas coletadas pela PF deixam clara a extensão das ações golpistas, expondo a rede de conexões e os métodos empregados para desestabilizar o regime democrático no Brasil. O caso segue em investigação, e novas operações não estão descartadas.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Operação Faroeste: CNJ aplica pena máxima a desembargadora investigada e a aposenta compulsoriamente

Decisão unânime aponta interferência da magistrada no curso das investigações

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou, nesta terça-feira (19), a aposentadoria compulsória da desembargadora Lígia Maria Ramos Cunha Lima, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A decisão unânime aplica a pena máxima prevista para um magistrado e ocorre no âmbito da Operação Faroeste, que investiga um esquema de venda de decisões judiciais e outras irregularidades no estado.

A magistrada, afastada das funções desde dezembro de 2020, chegou a ser presa preventivamente. Segundo o relator do caso, João Paulo Schoucair, Lígia Maria teria interferido diretamente nas investigações, comprometendo a integridade do processo.

“O conjunto probatório demonstra que ela atuou, diretamente junto a sua assessoria, para tentar alterar a realidade dos fatos, sendo certo que a congruência das provas e dos fatos indica que a magistrada agiu de maneira desapegada aos deveres e obrigações inerentes a sua atividade jurisdicional”, afirmou o conselheiro.

A decisão, acompanhada por todos os integrantes do CNJ, foi ratificada pelo presidente do órgão, ministro Luis Roberto Barroso.

Lígia Maria teve a prisão flexibilizada em abril de 2022, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas permaneceu sob restrições que incluíam a proibição de acessar órgãos ligados ao sistema de justiça e de se comunicar com servidores dessas instituições.

A aposentadoria compulsória da magistrada, considerada a sanção mais severa no âmbito disciplinar da magistratura, reforça a gravidade das acusações e o compromisso do CNJ com a ética no exercício do Judiciário. A Operação Faroeste segue como um marco na luta contra irregularidades no sistema de justiça baiano.

Caso de Política | A informação passa por aqui