Violência infantil e seus ecos: Reflexões sobre o caso da criança que matou 23 animais no Paraná

O episódio chocante de uma criança de nove anos, que matou 23 animais em um hospital veterinário no Paraná, levanta profundas questões sobre os mecanismos psíquicos, sociais e familiares que podem ter contribuído para esse comportamento extremo

Luís Carlos Nunes – O caso ocorrido na cidade de Nova Fátima, no Paraná, onde um menino de nove anos foi responsável pela morte violenta de 23 animais, abre um espaço perturbador para reflexão. A criança, que mora com a avó e não possui histórico conhecido de comportamentos agressivos, brutalizou os animais em um período de 40 minutos, arrancando patas, arremessando os bichos contra a parede e esquartejando-os. Este cenário nos leva a questionar as camadas mais profundas do desenvolvimento psíquico infantil, assim como o papel do ambiente e da estrutura familiar na formação de comportamentos tão violentos.

Uma hipótese que pode ser considerada é a de que a criança esteja expressando, de forma inconsciente, conflitos internos ou sentimentos reprimidos. A psique infantil, especialmente na faixa etária dos nove anos, encontra-se em um estágio de grande sensibilidade, onde os processos de identificação e internalização dos valores sociais estão em desenvolvimento. No entanto, e se, por algum motivo, esses processos tiverem sido interrompidos ou distorcidos? O comportamento violento poderia então ser entendido como uma tentativa desesperada de externalizar angústias internas, que, sem uma elaboração emocional adequada, se manifestam de maneira destrutiva.

Além disso, o ambiente familiar pode desempenhar um papel crucial. Embora o garoto não tenha um histórico de violência anterior, a ausência de figuras parentais primárias — como no caso dele, que vive com a avó — pode levantar questões sobre a estrutura emocional de seu dia a dia. A convivência com os pais ou responsáveis primários, especialmente nos primeiros anos de vida, é fundamental para a construção de limites morais e afetivos. Seria possível que a falta desses vínculos tenha gerado um vazio emocional, ou até mesmo uma confusão sobre como lidar com impulsos agressivos?

Há também a necessidade de se considerar o entorno social mais amplo. A criança pode não ter histórico de agressividade, mas, e se, de alguma forma, ela estiver reproduzindo comportamentos observados no ambiente? Não seria raro que crianças, expostas a situações de violência, mesmo que não diretamente, absorvessem essas dinâmicas e as reproduzissem sem entender plenamente suas implicações. Isso nos leva a refletir se o ambiente ao seu redor oferece os suportes emocionais e sociais necessários para canalizar frustrações e angústias de maneira construtiva.

Outra questão que emerge é o ato de crueldade ser direcionado a animais indefesos. A violência contra seres que normalmente evocam empatia e cuidado pode indicar um distúrbio no processo de desenvolvimento emocional e moral. No entanto, e se o ato de violência não for apenas um reflexo de impulsos destrutivos, mas uma tentativa, inconsciente, de recuperar uma sensação de controle? A criança pode estar lidando com sentimentos profundos de impotência, e o ato de subjugar esses seres indefesos seria uma maneira equivocada de restaurar algum poder sobre seu próprio ambiente ou sobre as emoções que não consegue dominar.

Outro aspecto a considerar é o papel da sociedade na formação de crianças que crescem em ambientes permeados por violência simbólica ou real. A exposição constante a comportamentos agressivos na mídia, nas redes sociais ou até mesmo na própria comunidade pode dessensibilizar uma mente em formação, levando-a a replicar essas ações sem a devida compreensão de suas consequências. Isso nos faz questionar o quanto a violência, muitas vezes normalizada na cultura, pode ter contribuído para que o garoto desenvolvesse um comportamento tão perturbador.

O acompanhamento psicológico, agora sendo oferecido à criança e sua família, será essencial para entender melhor as raízes desse comportamento e para evitar que episódios similares ocorram no futuro. Contudo, essa intervenção levanta outra questão: se a sociedade está preparada para identificar e tratar, de maneira adequada e preventiva, sinais de sofrimento emocional em crianças. Poderia o sistema educacional, por exemplo, desempenhar um papel mais ativo na detecção precoce de comportamentos que sugerem dificuldades emocionais e sociais?

O episódio não apenas choca pela violência em si, mas nos convida a refletir sobre a fragilidade da infância diante de um mundo que, muitas vezes, não oferece o apoio necessário para seu desenvolvimento pleno. Como podemos, enquanto sociedade, proteger essas crianças da influência negativa de ambientes desestruturados, negligência emocional e da exposição à violência?

A partir dessas reflexões, o caso sugere que, mais do que uma ação isolada, o ocorrido é um sintoma de algo maior, algo que envolve tanto o ambiente familiar quanto a sociedade. Esse cenário de brutalidade nos desafia a olhar com mais profundidade para as questões estruturais que cercam o desenvolvimento infantil, em busca de estratégias que possam oferecer suporte antes que a violência se manifeste de forma tão extrema.

A Ilusão da verdade nas pesquisas eleitorais: quando o vento sopra de origem oculta

Imagem da internet

Em tempos de eleições, a sabedoria popular não se deixa enganar, discernindo entre ilusões e realidades ao escolher os rumos da cidade

Luís Carlos Nunes – “O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão da verdade.” Em tempos de eleições, essa frase de autor desconhecido ecoa com um significado profundo, especialmente quando observamos o cenário político de Barreiras, onde as pesquisas eleitorais surgem como ventos inesperados, sem uma origem clara, mas com o poder de moldar percepções e influenciar decisões.

Essas pesquisas, que parecem brotar do solo árido da desconfiança, ganham vida nas sombras, alimentando um descrédito que se espalha como neblina sobre a população. Como em uma tempestade de areia, a visão se turva, e o que antes era claro se transforma em incerteza. Quem nunca se perguntou se os números apresentados refletem a realidade ou se são apenas ecos distorcidos de intenções ocultas?

É como se um maestro invisível regesse uma sinfonia de incertezas, onde as notas de cada resultado eleitoral desafiam a lógica e a razão. De repente, surgem índices que apontam para caminhos que ninguém havia traçado, valores que contradizem o sentir popular, e percentagens que se assemelham a miragens no deserto da desinformação.

Recentemente, um determinado candidato a prefeito, temeroso pelo resultado de uma pesquisa, chegou a ingressar na Justiça para impedir a sua divulgação. O levantamento, cheio de erros grotescos e uma análise superficial que em nada refletiu a realidade local, foi, após decisão judicial, acolhido como fato indiscutível. O destaque dado pelo referido candidato, no entanto, deixou de citar dados sobre a rejeição na área da saúde, a percepção da corrupção na cidade, entre outros dados relevantes que deveriam ter sido considerados.

Será que há uma mão oculta, uma força que manipula esses números como marionetes em um teatro de sombras, buscando se apoderar dos cofres municipais? Como um pescador lança sua rede em águas turvas, há aqueles que lançam pesquisas, esperando capturar a confiança dos desavisados, embalando-os em uma falsa sensação de segurança ou desespero.

Há nos bastidores e corredores da justiça uma intensa disputa por impugnações. Levantamentos que supostamente são favoráveis a candidato A são sumariamente alvo de judicialização por B e C, e vice versão, curioso não?

A ilusão da verdade se faz presente quando essas pesquisas, sem origem clara e sem metodologia comprovada, são apresentadas como se fossem oráculos infalíveis. A verdade, então, se torna um conceito elástico, moldado ao sabor de interesses inconfessos, onde o conhecimento verdadeiro é substituído por uma versão conveniente da realidade.

Ainda que pleitos anteriores, com suas próprias características e outros cargos em disputa, possam indicar uma tendência, é muito difícil mudar as fidelidades que já vêm sendo demonstradas nas urnas, ou não? Neste cenário, a população é convidada a caminhar sobre um campo minado de incertezas, onde cada passo pode ser guiado por informações manipuladas.

Vale ressaltar a sabedoria popular, que não se deixa enganar tão facilmente. Em sua essência, o povo sabe discernir o que é real do que é ilusão, escolhendo com clareza quais rumos deseja para sua cidade, seja na saúde, educação, assistência social ou em qualquer outra esfera vital para o desenvolvimento local.

A ignorância é uma coisa; podemos combatê-la com educação e esclarecimento. Mas a ilusão da verdade é mais perigosa, pois nos faz crer que estamos bem informados, quando na realidade estamos sendo conduzidos por um fio invisível, preso às mãos de quem detém o poder de criar e destruir narrativas.

Em Barreiras, onde as pesquisas eleitorais surgem sem aviso, é preciso cautela. Não podemos nos deixar seduzir pela miragem que elas representam. Em tempos onde a verdade pode ser uma construção efêmera, o desafio é maior: discernir entre o que é real e o que é ilusão, entre o que é conhecimento verdadeiro e o que é apenas uma sombra projetada na parede da caverna.

A verdadeira sabedoria reside em questionar, em não aceitar cegamente o que nos é apresentado. Pois, assim como o vento, as pesquisas podem soprar de qualquer direção, mas cabe a cada um de nós decidir se nos deixaremos ser levados ou se firmaremos os pés no chão da realidade, buscando a verdade que não se dobra às vontades de outrem.

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Barreiras e a ponte para o futuro: uma comédia de erros mal contados

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Desde o dia 30 de dezembro de 2021, quando o ex-presidente da Câmara Municipal de Barreiras, Otoniel Teixeira, devolveu ao executivo a quantia de R$ 5 milhões para a construção de uma terceira ponte ligando o bairro de Barreirinhas ao centro da cidade, uma verdadeira comédia de erros se desenrolou.

A ordem se serviços da obra, que foi anunciada com muito cafézinho, água e álcool (gel) em 8 de abril de 2022, viu seu processo licitatório ser lançado apenas em 11 de maio de 2023. Até agora, a ponte continua sendo uma miragem. Parece que o projeto ficou preso na burocracia, ou talvez na gaveta de alguém que se esqueceu de abri-la.

E então, num ato que só pode ser descrito como uma tentativa desesperada de salvar as aparências, o prefeito Zito Barbosa anunciou que a licitação seria autorizada nesta próxima quinta-feira, 26 de junho. Porém, com a justiça eleitoral prestes a proibir propagandas e inaugurações, num passe de mágica digno de ilusionismo, a data foi misteriosamente desmarcada. E assim, mais uma vez, a população de Barreiras se vê aguardando uma nova agenda.

Zito Barbosa parece estar em uma corrida frenética contra o relógio, possivelmente acreditando que uma ponte prometida, mesmo que imaginária, possa servir como uma pinguela metafórica para o futuro de Barreiras. A ironia é quase palpável: uma ponte que ainda não saiu do papel, mas que já é parte do folclore local. Os moradores, com um misto de ceticismo e humor, observam esse espetáculo tragicômico, esperando que um dia a ponte se materialize – ou, pelo menos, que as promessas parem de cair na água.

E assim, faltando poucos dias para que a justiça eleitoral proíba gestores de fazer propaganda e inaugurações, a saga da ponte de Barreiras continua, um capítulo de cada vez.

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O ressurgimento do fascismo e os desafios da atual realidade política

Por Luís Carlos Nunes – Nos últimos anos, temos testemunhado um preocupante ressurgimento do fascismo, do preconceito e do fanatismo religioso em diversas partes do mundo. Essa tendência não apenas representa uma ameaça aos valores democráticos fundamentais, mas também desafia a coesão social e o respeito pelos direitos humanos.

Na política contemporânea, vemos líderes e movimentos que exploram o medo e a divisão como estratégias para obter poder e influência. Discursos inflamados, repletos de retórica xenofóbica, racista e autoritária, são disseminados através das mídias sociais e ganham espaço em debates políticos e eleições.

Um dos principais desafios que enfrentamos é a propagação de ideologias extremistas que promovem a exclusão e a marginalização de grupos minoritários, sejam eles étnicos, religiosos, de gênero ou de orientação sexual. Esse tipo de discurso não apenas alimenta o ódio e a violência, mas também mina os fundamentos da democracia ao minar a igualdade e a liberdade de todos os cidadãos.

Além disso, o fanatismo religioso tem sido cada vez mais utilizado como uma ferramenta política, com líderes e grupos fundamentalistas buscando impor suas crenças e valores sobre a sociedade como um todo. Isso não apenas gera tensões sociais, mas também coloca em risco a liberdade religiosa e a separação entre Estado e religião, princípios fundamentais em uma sociedade democrática.

Diante desse cenário preocupante, é essencial que a sociedade civil, os líderes políticos e as instituições democráticas estejam vigilantes e atuantes na defesa dos direitos humanos, da justiça social e da diversidade. É necessário combater o discurso do ódio e da intolerância com educação, diálogo e políticas públicas inclusivas que promovam a igualdade e o respeito mútuo.

Em última análise, o ressurgimento do fascismo e do preconceito é um lembrete doloroso dos perigos do extremismo e da exclusão em uma sociedade. Devemos permanecer unidos em nossa rejeição a essas ideologias corrosivas e trabalhar juntos para construir um mundo onde todos sejam valorizados e respeitados, independentemente de sua origem, crenças ou identidade.

Agora, compartilho com vocês a tradução da maravilhosa letra “Soon da banda Yes, que nos convida para refletirmos sobre a importância de permanecermos firmes na luta por um mundo mais justo e compassivo. Há esperanças sim de um mundo melhor!

Em breve, oh, em breve a luz
Passe por dentro e acalme a noite sem fim
E espere aqui por você
Nossa razão para estar aqui

Em breve, oh, em breve chegará a hora
Tudo o que nos movemos para ganhar alcançará e acalmará
Nosso coração está aberto
Nossa razão para estar aqui

Há muito tempo atrás, comecei a rimar
Em breve, oh, em breve a luz
Nosso para moldar para sempre, nosso é o certo
O sol nos guiará
Nossa razão para estar aqui

O sol nos guiará
Nossa razão para estar aqui

Direito ao sonho | por Luís Carlos Nunes | 1.999

Causa-me espanto que algumas pessoas – profissionais, inclusive – esperem que as crianças de primeiro grau se expressem “livremente”, sem que um clima anterior de discussão seja estabelecido. Sem que um repertório de leitura seja oferecido.

Mil dificuldades são usadas como argumento para justificar a falta de repertório e a precariedade de expressão das novas gerações no Brasil. As famílias estão cada vez mais pobres, o sistema escolar destroçado, os professores são mal preparados, mal remunerados, desmotivados para promover a leitura em seu mais amplo sentido.

Tudo isso é verdade. É verdade também que só com uma decidida vontade política esses problemas estruturais serão resolvidos. Acontece que, da mesma maneira que o baixo padrão aquisitivo não elimina a vontade de comer, também a ausência de estímulo oficial não impede a necessidade de sonhar, de falar, de comentar a realidade em que se vive.

O ideal seria que todas as famílias convivessem com livros e contassem histórias para suas crianças. O ideal seria também, que todas as manifestações artísticas fossem de fácil acesso à população e que essas fossem discutidas em seus lares. Conheço famílias cujos integrantes só conhecem na infância e na adolescência um único livro não escolar, “A Bíblia”, lida em sermões familiares, aberta a esmo em busca de conselhos nas horas mais difíceis.

Todas essas pessoas se tornaram leitores no dia em que a vida lhes ofereceu esta oportunidade. Longe de mim querer discutir a importância religiosa ou literária da principal obra de referência da fé cristã. Não pretendo também abranger todo um universo de leitores a partir de casos específicos. Apenas arrisco uma hipótese, ressalvada qualquer pretensão: sendo a Bíblia – e, como ela, outros livros fundadores das grandes religiões, que a humanidade conhece, um grande elenco de histórias a respeito do sofrimento e dos limites da condição humana, o fato de ela ser lida para crianças no seio da família e da comunidade religiosa, por si só, já estimula o gosto pela leitura. E mais, favorece a interpretação.

A principal vantagem de se aprender de pequeno, tudo que os mais velhos têm a ensinar sobre a beleza na vida e na arte, é que se cresce um adulto mais exigente. Esta é uma herança importante para se deixar aos filhos. Por que aceitar uma vida, além de dura, feia? Cidades destruídas pela ganância de uns e a incompetência de outros, escolas tediosas, serviços públicos de baixa qualidade, uma lista infindável de pequenos, médios e grandes desrespeitos ao cidadão? O adulto capaz de interpretar o que vê a sua volta e que considera o seu prazer e a beleza tão vitais como o seu direito à comida e à moradia, tem mais dificuldade de suportar este estado de coisa.

A insatisfação vem daí e é muito positiva. Da insatisfação surge o desejo de mudança, a esperança de mudar. Afinal o que seria de nós, “Cristãos”, sem a esperança de dias melhores com a ressureição em Jesus Cristo.

A família que forma um leitor, forma, também, alguém com mais chances de estar convencido do seu direito de usufruir do prazer da beleza. Não é pouca coisa.

Aqueles que se acostumam a aceitar passivamente tudo a sua volta, os que não têm acesso à fantasia, à interpretação, à esperança, correm um risco muito maior de se acomodarem e, o que é pior, serem mortos-vivos. Estou convencido de que só se luta pelo que se conhece.

E pelo que se reconhece como direito seu. É difícil para alguém, que nunca teve direito a comida, diversão e arte, compreender a importância de lutar por essas coisas. A tendência das pessoas é garantir apenas o essencial à sobrevivência quando ela não tem uma memória de prazeres mais abstratos. O direito a sonhar parece supérfluo aqueles que não foram ensinados a lidar com a fantasia e o lúdico. Muito é triste um mundo em que tantos são privados desse prazer fundamental.

Se não fosse a esperança de, um dia, ver esta situação modificada, a vida se tornaria insuportável.

Não acredito que a leitura, no seu sentido mais amplo, seja uma garantia de felicidade ou de sucesso. É impossível para qualquer família, para qualquer adulto responsável por uma criança, ter controle sobre as circunstâncias do futuro. O que eleva e o que abate um ser humano em sua trajetória não é previsível, pertence a esfera do imponderável. Por este motivo, escrevi acima que a vida é muito dura, sempre, mas um ser humano, capaz de refletir o prazer e a beleza, terá mais chances de encontrá-los em seu caminho.

Conflito na comissão de educação: uma trágica paródia da política nacional

Foto de Lula Marques da Agência Brasil

Luís Carlos Nunes – Na tarde de ontem, os corredores da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados testemunharam um embate que mais se assemelhava a uma tragicomédia protagonizada por Nikolas Ferreira (PL-MG) e seu confrade Gustavo Gayer (PL-GO). O enredo, desenrolado em 27 de março de 2024, foi uma lamentável demonstração de como o fardo da responsabilidade pública é frequentemente relegado ao esquecimento em detrimento de agendas partidárias mesquinhas.

A trama começou com uma proposta risível de moção de repúdio, urdida por Gustavo Gayer, voltada a um professor da educação básica de São Bonifácio (SC). O motivo? Supostas diatribes desrespeitosas dirigidas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Como se não fosse suficiente, Gayer, com uma desfaçatez própria de uma comédia de erros, não se contentou em simplesmente censurar o professor, almejando também uma retratação pública, transformando a educação em um espetáculo circense de baixo calão.

A dupla Ferreira e Gayer, distante de demonstrar qualquer respeito pela nobreza do cargo que ocupam, pareceu viver em um mundo paralelo onde a política rasteira prevalece sobre a seriedade do ofício legislativo. No entanto, a realidade lhes golpeou como um trágico epílogo quando a votação foi finalmente realizada: 20 votos contrários à proposta frente a míseros 13 favoráveis. Uma derrota tão avassaladora que só poderia ser vista como um revés cômico para os dois parlamentares, caso estes não estivessem tão ocupados tentando transformar a educação em moeda de troca para suas ambições políticas.

Durante o conflito parlamentar, os embates retóricos entre os membros da comissão atingiram proporções dignas de um drama grego, com acusações voando como flechas e argumentos falaciosos ecoando pelos corredores. Enquanto os defensores da proposta se debatiam em uma teia de sofismas, os opositores lamentavam a falta de seriedade com que a questão estava sendo abordada.

E quem poderia esperar menos de Nikolas Ferreira, que, em meio ao pandemônio, sugeriu uma reformulação na composição da comissão, como se tal medida pudesse resolver a incompetência crônica que assola aquele cenário? Uma sugestão tão ingênua que só poderia ser recebida com risos amargos e olhares de incredulidade, se não estivéssemos tratando de um assunto tão crucial para o futuro da nação quanto a educação.

Em suma, o episódio na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados foi um retrato vívido da falta de comprometimento,conhecimento e liderança entre os políticos brasileiros, especialmente quando se trata de uma das áreas mais vitais para o desenvolvimento do país. Enquanto Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer tentavam transformar a educação em um campo de batalha para suas disputas partidárias, o verdadeiro problema permanecia intocado: a necessidade premente de líderes comprometidos e responsáveis na condução dos assuntos educacionais, longe das maquinações mesquinhas da política de trincheira.

Saiba o significado do nome da operação da PF contra suspeitos de matar Marielle Franco

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Polícia Federal (PF) irrompeu com determinação neste domingo (24/mar/24), lançando a operação “Murder Inc.”, que resultou na prisão de três suspeitos ligados ao brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018. O nome da operação ecoa a infame gangue de assassinos a serviço das máfias de Nova York durante os anos 1930.

Originária do bairro de Brownsville, no Brooklyn, a “Murder Inc.” surgiu em um período marcado pela Lei Seca nos Estados Unidos, quando a produção e a venda de bebidas alcoólicas eram proibidas por lei. O grupo, composto por temidos membros como Abe “Kid Twist” Reles, Harry “Happy” Maione, Frank “Dasher” Abbandando e Harry “Pittsburgh Phil” Strauss, inicialmente conhecidos como “Brooklyn Boys”, logo adquiriu notoriedade pelos assassinatos a sangue frio que executava.

Ao assumirem o controle do território de Brownsville, estabeleceram vínculos estreitos com o Sindicato Nacional do Crime, uma poderosa organização de mafiosos judeus e italianos liderada por “Lucky” Luciano. O sindicato, regido por um conselho de “diretores”, recorria a assassinos de aluguel para defender seus interesses, intimidando devedores e eliminando ameaças à sua operação criminosa.

A “Murder Inc.” operava discretamente em uma loja de doces no Brooklyn, onde a dona, na fachada, coordenava os pedidos de assassinato para Abe Reles e seus comparsas. A imprensa americana, diante dos horrores perpetrados pelo grupo, apelidou-os de “Murder Inc.” (Assassinos S.A, em tradução livre).

Na década de 1940, Abe Reles, temendo sua própria vida, tornou-se informante da polícia em troca de proteção. Suas revelações levaram Maione, Abbandando, Strauss e Goldstein ao julgamento e à condenação à morte. Por ironia, Reles foi encontrado morto após cair de uma janela de um hotel em Coney Island.

Buchalter, por sua vez, enfrentou julgamento póstumo, embasado em depoimentos de outras testemunhas. Foi condenado à morte, assim como Lucky Luciano, que, após a prisão, foi deportado para a Itália sob acusações de exploração da prostituição.

A operação “Murder Inc.” não apenas lança luz sobre o cruel assassinato de Marielle Franco, mas também evoca uma era de crime organizado e justiça implacável, oferecendo esperança de que os responsáveis ​​por esses atos hediondos possam ser levados à justiça.

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Vereador Carmélia da Mata é intimada a depor na delegacia por emitir opinião política

A prestação de contas, é a pedra angular da responsabilidade governamental. Afinal, a verdadeira democracia exige que os eleitos sejam transparentes e prestem contas de suas ações

Luís Carlos Nunes – Hoje, 25 de março, data em que se comemora o ‘Dia Nacional da Constituição’, é momento não apenas de celebrar a história, mas também de refletir sobre os valores e princípios que moldam nossa administração pública contemporânea. E nesse contexto, surge um episódio que lança luz sobre os pilares essenciais da governança democrática.

Carmélia da Mata, vereadora em Barreiras, encontrou-se intimada a depor na delegacia local, após registro de Ocorrência protocolado pelo presidente da Câmara de Barreiras, o vereador Alcione Rodrigues.

A razão? Conforme ela defende, por sua defesa dos interesses da cidade, e por expressar através da divulgação dos votos dos vereadores em relação a um empréstimo de R$ 60 milhões. Esse evento, longe de ser meramente político, coloca em destaque os pilares fundamentais da administração pública: transparência, prestação de contas e participação cidadã.

A transparência é a base sobre a qual se assenta a confiança dos cidadãos nas instituições pública e governamentais. Quando Carmélia da Mata trouxe à luz os votos dos vereadores, ela não apenas exerceu seu direito à liberdade de expressão, mas também promoveu um princípio crucial da governança democrática. Os cidadãos têm o direito de saber como seus representantes estão agindo em seu nome.

A prestação de contas, por sua vez, é a pedra angular da responsabilidade governamental. Ao expor os votos dos vereadores, Carmélia da Mata está demandando que eles sejam responsáveis por suas decisões perante a comunidade. Afinal, a verdadeira democracia exige que os eleitos sejam transparentes e prestem contas de suas ações.

Além disso, a participação cidadã é vital para uma democracia forte e inclusiva. Ao usar suas redes sociais para informar e engajar os cidadãos, Carmélia da Mata está promovendo uma cultura de envolvimento cívico. Isso não apenas fortalece a conexão entre os representantes e os representados, mas também estimula o debate público e a tomada de decisões informadas.

Entretanto, é igualmente importante reconhecer a necessidade de uma oposição saudável dentro do sistema democrático. A divergência de opiniões é parte essencial do processo democrático, pois promove a discussão, o debate e a busca pelo consenso. Uma disputa pessoal, como a que vemos nesse caso, não acrescenta ao debate público e pode prejudicar a construção de soluções eficazes para os desafios enfrentados pela comunidade.

Portanto, cabe questionar: qual o problema em haver vozes dissonantes em um Estado democrático de direito?

A divergência é salutar e saudável, pois permite a expressão de diferentes pontos de vista e enriquece o processo democrático. É hora de lembrar que, em uma democracia verdadeira, é a pluralidade de opiniões que nos fortalece e nos torna mais resilientes diante dos desafios que enfrentamos como sociedade.

Quem pergunta conduz – por Luís Carlos Nunes

“Quem pergunta conduz” – essa simples afirmação encerra em si uma complexidade de significados que nos convidam a adentrar em uma jornada filosófica. O ato de questionar não se limita a buscar respostas prontas, mas sim a explorar os recônditos da mente, a desafiar o senso comum e a abrir-se para o desconhecido. Perguntar é, em essência, manifestar a curiosidade inerente ao ser humano, é exercitar a mente crítica, é mergulhar nas profundezas do pensamento.

Aquele que pergunta não apenas busca informações, mas também transforma, instiga, move-se em direção ao conhecimento. O questionamento nos coloca em contato com as incertezas do mundo, nos desafia a olhar para além das aparências, a questionar as verdades estabelecidas e a buscar novas perspectivas. A dúvida, longe de ser um obstáculo, é uma ferramenta poderosa para a expansão da consciência.

Ao nos abrirmos para as perguntas e para a reflexão, somos levados a trilhar caminhos inexplorados, a enfrentar desafios, a gerar insights e a crescer em sabedoria. O ato de questionar revela não apenas nossa sede de conhecimento, mas também nossa coragem em desafiar o status quo, em desbravar terrenos desconhecidos, em buscar a essência das coisas.

Assim, quem pergunta não apenas guia a si mesmo em uma jornada rumo ao entendimento, mas também ilumina o caminho daqueles que o rodeiam. O questionamento constante nos conecta com a riqueza da diversidade de ideias, nos leva a enxergar além das aparências, a compreender as contradições e a buscar a síntese no meio do caos.

Em uma sociedade onde as respostas prontas e a conformidade são frequentemente valorizadas, é fundamental resgatarmos o papel transformador das perguntas. No desafio constante de nos questionarmos e de questionar o mundo à nossa volta, encontramos não só a revelação do novo, mas também a redescoberta do velho sob um olhar renovado. Que possamos, assim, honrar a sabedoria contida na frase “quem pergunta conduz” e permitir que a curiosidade nos guie rumo à compreensão mais profunda do universo e de nós mesmos.

Não se aperreie Vacilino, filho de Tonho, de Zé de Dodó – por Luís Carlos Nunes

Corre aos quatro ventos deste sertão sertanejado que um certo chefe-político lá pelas bandas do Matopiba, em terra onde gorjeiam os sabiás, encontra-se extremamente aperreado com parcela da opinião pública que, por meio de memes questionáveis e frases controversas, invadiram os grupos de “zap-zap” questionando a sua habilidade política e sua reputação ilibada.

Embora seja verdade que, de vez em quando, o magnânimo prócer busca acalmar os ânimos daqueles que se manifestam livremente nos feirões deste pequeno retalho de “Aphriké”, ameaçando chamar as forças de repressão para silenciar os que ousam expor suas rebeldias e revoltas, desta vez suas motivações para tanta aporrinhação não são insignificantes como o mero direito de se expressar em local supostamente indevido.

O tal prócer está tão estupefato que chega a ficar roxo de raiva e declarou que tomará as medidas cabíveis!

Já ordenei a minha inestimável banca jurídica para que tome diligência e rume para conversa ao pé de ouvido com a autoridade policial desta jurisdição teritorial para que seja aberto um “litígio litigioso” para que o honorável togado sumária, sumaríssimamente decrete a condenação destes. Assim, aqueles que me difamam e me causam gastura, sentirão os rigores da lei vigente em nosso Brasil varonil!”

O que indigitado discricionário-mor não se apercebe em toda a sua sapiência, é o que qualquer matuto, analfabeto desde a sétima geração, já sabe desde a sua mais tenra infância.

Como diz o antigo ditado popular:

“Num adianta dá cabença prás coisa que num nos pertence! Mais vale zelar do nosso próprio chão, que nem a planta na roça: se moiá, vai brotá fartura!”

O bulício que se coloca é esse, a questão shakespeariana do “Ser ou Não Ser”.

Na tentativa de desnudar a fantástica sabedoria popular, transmitida de geração em geração, se consultássemos um de seus maiores expoente, Patativa do Assaré, ele certamente responderia filosoficamente e enigmaticamente exibindo uma das suas maiores obras literárias:

“Cante lá que eu canto cá!”

Com esta dica do nosso Camões do Agreste, o provérbio matuto, “Num adianta dá cabença prás coisa que num nos pertence! Mais vale zelar do nosso próprio chão, que nem a planta na roça: se moiá, vai brotá fartura!” se torna ainda mais cristalina: “não se deixe abalar por acusações infundadas, ohhhhh nobre prócer, mantenha a calma e cuide de sua pressão”.

Há, também, um outro “causo” oriundo da cultura popular que serve como exemplo e conselho para que as ofensas injustas não lhe afetem como uma tatuagem na pele.

A história envolve um veredeiro chamado Vacilino, conhecido como o melhor tirador de leite das redondezas onde morava. Vacilino, filho de mãe solteira, nunca teve notícias de seu pai. Pessoa mansa, respeitadora, devoto do Sagrado Coração de Jesus, sempre sorridente, e só ficava bravo por uma coisa. Ele não suportava ser chamado de Vacilino, filho de Tonho que era filho de Zé que era filho de Dodó!

Segundo a lenda, Dodó era um cabra robusto, comedôzinho de rapadura e com uma barriga saliente, pai de Zé que era pai de Tonho. Dodó era conhecido por ser um homem festeiro, gostava de tomar uma brejeirinha enquanto saboreava cajus. Sua reputação não era das melhores, pois diziam que Dodó “era gordo do alheio”!

Convenhamos, eita adjetivozinho enfastioso e desagradável!

Vacilino ficava tão irritado em ser associado a Tonho de Zé de Dodó que, por vezes, ficava roxo tal qual um cururu inchado.

As proles zangavam Vacilino, não faltava um, eram as carolas, os pés-inchados na porta das bodegas, as moças de capricho nas janelas e dizem que até o padre! Todos que ver Vacilino aloprado e espumando pelas ventas.

Conselhos não adiantavam, mas eram dados, Calma Vacilino, não vacile porque abuso quando não lhe pertence só pega se tomar como seu!

Mas o conselho que fica é, “cuidado para que tu também não se torne Vacilino, filho de Tonho, filho de Zé que é filho de Dodó que é que era pai de Zé que era pai de Tonho suposto pai de Vacilino”.

P.S. Qualquer semelhança com a realidade é (ou pode ser) mera coincidência.

Ahhhhh!!!! Um último conselho. Se alguém que conhece  Vacilino, filho de Tonho, que é filho de Zé que é filho de Dodó estiver lendo esta singela resenha, avise-o de evitar ouvir: Tatuagem de Chico Buarque!

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