Declaração do G20 Social pressiona governos por ações mais ambiciosas

Organizações da sociedade civil cobram compromisso

EBC – O texto da declaração final do G20 Social pressiona os governos dos países do grupo a adotarem medidas com objetivos mais ambiciosos. É o que avaliam diferentes entidades e organizações da sociedade civil que participaram das discussões que subsidiaram a construção do documento. Para elas, é preciso um compromisso mais firme no enfretamento das mudanças climáticas e das desigualdades.

A taxação dos super ricos é citada na declaração como caminho para financiar políticas sociais e ambientais. Para o Observatório do Clima, rede que reúne diferentes entidades ambientalistas da sociedade civil brasileira, este é um debate central.

“Os países do G20 são responsáveis por cerca de 80% das emissões dos gases de efeito estufa e concentram 80% da riqueza do mundo. Nenhum país pode alegar falta de recursos para financiamento climático se não taxar seus bilionários de forma justa. A taxação progressiva sobre os super-ricos é um passo crucial para financiar a adaptação à mudança do clima e a transição energética justa”, registra manifestação do Observatório do Clima.

O G20 Social teve início na quarta-feira (14) e se encerra neste sábado (16). Trata-se de uma inovação instituída pelo governo brasileiro. O país preside o G20 pela primeira vez desde 2008, quando foi implantado o atual formato do grupo, composto pelas 19 maiores economias do mundo, bem como a União Europeia e mais recentemente a União Africana. Nas presidências anteriores, a sociedade civil costumava se reunir em iniciativas paralelas à programação oficial. Com o G20 Social, essas reuniões foram integradas à agenda construída pelo Brasil. O objetivo foi ampliar o diálogo entre os líderes governamentais e a sociedade civil.

Boa parte da programação dos três dias foi composta por atividades autogestionadas propostas por diferentes organizações sociais. A declaração final sintetiza as propostas de consenso do G20 Social. Ela foi entregue ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que a levará aos governos de todas as nações na Cúpula dos Líderes do G20. O encontro, que ocorre nos dias 18 e 19 de novembro, encerra o mandato brasileiro. A África do Sul sucederá o Brasil na presidência do grupo.

A discussão da taxação dos super ricos tem sido uma das prioridades assumidas pelo governo brasileiro. Em julho, a Trilha de Finanças, um dos grupos de discussão do G20, aprovou sua declaração final com menções ao tema. O Brasil defende que seja pactuada a adoção de um imposto mínimo sobre os super ricos, de forma a evitar uma guerra fiscal entre os países. No entanto, há resistências. Representantes dos Estados Unidos, por exemplo, têm defendido que cabe a cada governo tratar da questão internamente.

A pauta é considerada legítima e urgente por Elisabetta Recine, coordenadora de relações internacionais da Rede Penssan, que reúne pesquisadores no tema da segurança alimentar e nutricional. Para ela, levar o tema para o conjunto de países do G20 é um movimento importante. Em sua visão, a taxação dos super ricos é uma agenda que articula as demandas por justiça climática, por justiça alimentar e por justiça fiscal e tributária.

“Não dá mais para nós convivermos com situações em que as grandes fortunas têm uma série de instrumentos em que elas não pagam nenhum ou muito pouco imposto em relação ao seu padrão de consumo e aos seus bens e seus ganhos. É absolutamente vergonhoso que a gente conviva com uma situação dessa, em que proporcionalmente um trabalhador tenha uma carga tributária muito maior do que uma grande fortuna”, avalia Recine, que é também presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão colegiado composto por representantes da sociedade civil e do governo brasileiro que presta assessoramento à Presidência da República.

“Mesmo que o G20 não banque essa decisão, nós temos a responsabilidade e a urgência no Brasil de fazer decisões em relação a esse processo”, defende ela. Justamente para cobrar mais ambição no financiamento de ações sociais e ambientais, o Observatório do Clima está convocando um protesto para a manhã de segunda-feira (18), no Rio de Janeiro. Prevista para se iniciar às 8h no Posto 11 da Praia do Leblon, a iniciativa se conecta com a campanha “Taxa os Bi”, uma estratégia de pressão on-line para pressionar os líderes do G20 pela taxação de bilionários e destinação dos recursos para combater a fome e a pobreza, fazer a transição energética justa e proteger as populações de eventos climáticos extremos.

Diversidade de temas

Além de defender a taxação dos super ricos, a declaração final do G20 Social, que contém quatro páginas, pede novos esforços para combater as desigualdades, a fome e a pobreza e cobra compromisso como uma transição energética justa, que seja capaz reduzir a emissão de gases de efeito estufa e de proteger as florestas tropicais, sem gerar exclusão social. O texto também defende reformas “inadiáveis” em instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“A declaração sintetiza os grandes chamados, vamos dizer assim. E a importância dessa síntese é que você abre a porta para que os diferentes governos possam olhar os documentos específicos aonde as propostas e as visões estão melhor detalhadas. É uma síntese escrita pela sociedade civil e isso é algo inédito. Então é muito simbólico, é muito importante, mas para ter acesso aos detalhes das discussões e das propostas, nós precisamos ir para as diferentes trilhas de discussão do G20”, afirma Recine.

A inclusão dos principais temas em debate foi destacada por Renato Godoy, gerente de relações governamentais do Instituto Alana, uma organização da sociedade civil que desde 1994 desenvolve sua atuação com foco nos direitos das criança e dos adolescentes. “A declaração final reflete a diversidade e a qualidade dos debates que ocorreram no âmbito do G20 social e apresenta as propostas da sociedade civil brasileira e mundial para as múltiplas crises que o planeta vem enfrentando”.

Para ele, a presidência do Brasil no G20 e as mobilizações da sociedade civil brasileira deixaram duas marcas muito fortes no âmbito do G20.

“Uma delas é a grande participação social que ficou evidenciada no G20 Social e a outra sem dúvida é o combate à fome e à pobreza, com a criação da Aliança Global”, disse.

Godoy também destacou a riqueza das discussões envolvendo temas como as mudanças climáticas, a segurança digital, a equidade de gênero, o direito à educação e a proteção de crianças e adolescentes.

A criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, citada por ele, foi outra prioridade da presidência brasileira no G20. A iniciativa envolve um compromisso internacional para a mobilização de apoio político, de recursos financeiros e de conhecimento técnico com um único objetivo: disseminar políticas públicas e tecnologias sociais comprovadamente eficazes para a insegurança alimentar no mundo. A proposta conta com o apoio do Banco Mundial, organismo internacional de fomento ao desenvolvimento, e já conta com a adesão confirmada de diversos países e instituções.

Para Sônia Mara Maranho, que integra a coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), o G20 Social também destacou a necessidade de uma maior participação popular social em meio à disputa geopolítica.

“A gente espera que o Lula tenha o cuidado de prestar atenção no documento e também de levar as propostas na próxima semana na Cúpula dos Líderes do G20 para tratar dos temas junto às grandes corporações, aos governos e aos diplomatas que estarão no Brasil. Mas a gente sabe que temos um grande desafio que é acumular força enquanto classe trabalhadora para enfrentar toda a tentativa que os bancos, os acionistas e os rentistas têm em dominar o mundo a partir de uma concepção capitalista de exploração”, afirmou.

Operação resgata trabalhadores em situação de escravidão no oeste da Bahia

Foto: Divulgação/MTE

Cinco pessoas foram retiradas de condições degradantes em uma chácara e em uma fazenda de eucalipto; empregadores foram notificados a regularizar situação e podem responder judicialmente

Um caseiro e quatro trabalhadores rurais foram resgatados em operação de combate ao trabalho escravo realizada na semana passada, entre os dias 5 e 8 de novembro, no oeste da Bahia. A ação conjunta contou com a participação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), do Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU), Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) do estado da Bahia e Polícia Rodoviária Federal. Os resgatados foram retirados dos locais em que eram submetidos a condições degradantes e estão sendo atendidas pelas autoridades.

O homem de 70 anos de idade trabalhava há cerca de 17 anos como caseiro em uma chácara localizada entre os municípios de Barreiras e São Desidério, sem receber salário. Cuidava dos animais e da segurança da propriedade, onde morava em condições precárias. A casa destinada à moradia do trabalhador estava em péssimas condições de higiene e conservação, com inúmeras teias de aranha, restos de móveis, utensílios e outros materiais amontoados, além de buraco na parede da sala que possibilitava o acesso de animais, a exemplo de escorpiões.

No imóvel, não havia instalação sanitária em condições de uso, o que obrigava o trabalhador a realizar suas necessidades fisiológicas no mato e tomar banho na área externa. A cozinha era improvisada, na área externa, contendo um fogão a lenha e uma gaiola de criação de filhotes de galinha, além do trânsito livre de patos, galinhas e cachorros. O trabalhador possuía aposentadoria por invalidez, mas não tinha acesso aos valores, já que a empregadora ficava com o cartão de acesso à conta bancária. A DPU está dando assistência judicial ao trabalhador para regularizar sua situação perante a Previdência Social.

A outra ação fiscal foi realizada em fazenda produtora de eucalipto, sendo resgatados quatro trabalhadores que realizavam o corte, separação e carregamento do eucalipto destinado à comercialização. Eles estavam alojados de forma precária, em casa em péssimas condições de habitabilidade, sem conservação e higiene, além de não possuir energia elétrica. Dormiam em camas improvisadas com madeiras e colchões sujos e desconfortáveis trazidos pelos trabalhadores. Também não havia banheiro em condições de uso dentro da casa, o que obrigava os trabalhadores a realizarem suas necessidades fisiológicas no mato e a tomarem banho na parte externa. A água utilizada para consumo e banho era retirada do rio que passa perto da localidade, e armazenada em tonéis inadequadamente reutilizados. No momento da fiscalização, ainda foi constatado que alimentos eram cozidos em lata reaproveitada de tinta acrílica.

Os trabalhadores resgatados não eram capacitados para operar motosserra, além de não terem sido submetidos a treinamentos de segurança pelo empregador. Não foram fornecidos os equipamentos de proteção coletiva e individual necessários para execução da atividade. As ferramentas e insumos necessários para realização do trabalho foram adquiridos pelos trabalhadores. O grupo atuava a mando de um empregador que firmou contrato de compra e venda de floresta em pé, instrumento firmado com o dono da fazenda para que o contratante fizesse a extração e venda da madeira de uma área de mata da propriedade.

Os auditores-fiscais do trabalho notificaram os empregadores a formalizarem os contratos de trabalho, pagar as verbas rescisórias e parar imediatamente de submeter esses e outros trabalhadores a condição análoga à de escravos. Também foram emitidas as guias para que os trabalhadores recebem as parcelas do seguro-desemprego aos trabalhadores resgatados. Os empregadores terão que apresentar documentos comprobatórios da correção das irregularidades encontradas e serão lavrados os autos de infração.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), do estado da Bahia acompanhou a operação para dar o suporte ao atendimento pós-resgate a todas as vítimas. Nos dois casos, já acionou a assistência social dos municípios dos trabalhadores resgatados para o acolhimento e encaminhamentos para atendimentos de saúde, geração de emprego e renda, acesso a terra e nivelamento educacional. O MPT aguardará a conclusão dos procedimentos administrativos para convocar os dois empregadores e propor a assinatura de um termo de ajuste de conduta. Caso não haja possibilidade de acordo extrajudicial, poderá ser movida uma ação civil pública ou ação coletiva em conjunto com a DPU para garantia dos pagamentos aos trabalhadores e de indenizações por danos morais coletivos e individuais.

Fonte: MPT na Bahia

Deportação em massa de Trump eleva risco para brasileiros Ilegais nos EUA

Brasileiros em situação irregular enfrentam maior pressão, mas qualificados veem espaço em setores estratégicos

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A proposta de deportação massiva de imigrantes indocumentados do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, lança uma nova onda de preocupação entre os brasileiros que vivem ilegalmente no país. Segundo Rodrigo Costa, CEO da consultoria de imigração Viva América, o cenário é especialmente crítico para quem já perdeu a validade do visto de turista ou entrou de forma irregular nos EUA. “Imigrantes não documentados vão sofrer pressão real”, afirma Costa, explicando que a permanência ilegal expõe muitos brasileiros a um risco direto de deportação.

Por outro lado, trabalhadores com vistos válidos, seja de trabalho ou de estudo, podem respirar um pouco mais aliviados.

“O grande desafio da imigração é manter seu status válido”, observa Costa, destacando que a regularização do visto continua sendo a principal defesa contra deportações.

A postura de Trump não ignora, porém, a importância do trabalho qualificado. Em setores como tecnologia, engenharia, saúde e logística, a demanda por mão de obra qualificada supera a oferta local, abrindo oportunidades para estrangeiros capacitados.

“Há vagas que simplesmente não conseguem ser preenchidas por americanos”, aponta Costa, sublinhando o valor estratégico dos imigrantes com qualificações específicas. A nova administração tem indicado que pretende manter e até expandir programas para atrair talentos internacionais, reconhecendo sua importância para a economia dos EUA.

Trump também sugere flexibilizar a emissão de green cards para estudantes estrangeiros formados no país, medida que poderia beneficiar brasileiros que pretendem construir carreira nos EUA. Em entrevista recente, ele afirmou que graduados deveriam receber o green card imediatamente ao se formarem, o que, segundo especialistas, pode abrir uma rota mais acessível para o imigrante qualificado.

Enquanto o caminho se fecha para indocumentados, brasileiros capacitados encontram uma possibilidade de inserção no mercado, desde que estejam prontos para investir em qualificação e cumprir as exigências de imigração. As informações são do Portal UOL.

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Documento final do P20 defende combate à desigualdade com desenvolvimento sustentável

Carta de Alagoas, para ampliar participação feminina, foi adicionada ao texto

Caso de Política com Agência Câmara – A declaração final da 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 (P20), divulgada nesta sexta-feira (8), reforça o compromisso dos parlamentares em combater a fome e a pobreza, defender o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global.

“Se um parlamento é o foro por excelência de discussões da sociedade, a união de parlamentos não poderia ser outra coisa senão um palco de grandes debates sobre os problemas e desafios globais”, afirmou o presidente da Câmara, Arthur Lira, ao final da cúpula, que aconteceu de quinta (7) a sexta-feira (8).

O documento será entregue durante a reunião de cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que acontece nos dias 18 e 19 deste mês. O lema do P20 deste ano, sob a presidência do Brasil, é “Parlamentos por um mundo justo e um planeta sustentável”. A delegação da Argentina não quis assinar a declaração final. A próxima edição do evento ocorrerá na África do Sul, em 2025.

Leia a íntegra do documento final.

  • A declaração final está estruturada em três eixos temáticos:
  • o combate à fome, pobreza e desigualdade;
  • as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental); e
  • a reforma da governança global.

A presidente da União Interparlamentar, Tulia Ackson, defendeu maior responsabilização dos parlamentos pelos compromissos no documento. “Agora está na hora de levar essa declaração conjunta para nossos lares e assegurar que nossas palavras sejam asseguradas por ações concretas”, disse.

O documento reforça a necessidade de esforços conjuntos para oferecer uma contribuição parlamentar eficaz e relevante ao processo do G20, inclusive trabalhando em conjunto com os respectivos governos para cumprir os compromissos firmados na cúpula deste ano.

“Agradeço o espírito construtivo que todos os envolvidos manifestaram ao longo do processo de consultas, mesmo em relação aos temas mais complexos”, afirmou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em declaração lida por Lira. Pacheco não compareceu ao encerramento por questões familiares.

Representantes dos países na Cúpula de Parlamentos do G20

Desigualdade

A declaração propõe o desenvolvimento de instrumentos para garantia da segurança alimentar e nutricional, o estabelecimento de condições adequadas de trabalho, e o acesso equitativo a oportunidades e recursos, incluindo água, educação, saúde e saneamento básico para enfrentar a desigualdade socioeconômica.

O texto define que isso deve incluir esforços para aumentar ajuda humanitária para países afetados por crises alimentares. “A erradicação da pobreza é um desafio global fundamental e uma condição sine qua non para o desenvolvimento sustentável”, afirmaram os signatários no documento.

A eliminação de todas as formas de discriminação, assédio e violência, online e offline, com atenção especial para as mulheres e meninas em todos os âmbitos de suas vidas, foram salientadas no texto. A declaração reconhece a importância de fortalecer e expandir a cobertura dos programas de proteção social e de promover políticas públicas de inclusão, especialmente em respeito aos direitos das pessoas com deficiência.

Clima

O documento reforça a urgência da luta contra as mudanças climáticas e a necessidade de intensificar esforços para manter o aumento da temperatura média global nos níveis definidos no Acordo de Paris de 2015, ou seja, limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

O financiamento climático pelas nações desenvolvidas para apoiar países em desenvolvimento, inclusive com fundo de perdas e danos, foi enfatizado para garantir medidas de adaptação, resposta e recuperação ambiental. “Instamos os governos e parlamentos do G20 a identificar e implementar formas adequadas e equitativas de financiar transições energéticas justas”, afirmam os parlamentares na declaração.

Transição energética justa, promoção de energias renováveis e proteção da biodiversidade devem ser sustentadas pelas ações parlamentares, além da busca por garantir integração entre crescimento econômico, inclusão social e proteção ambiental.

Governança global

A reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), uma reivindicação antiga do Brasil, entrou na versão final do documento. Assim como mudanças em outros órgãos da ONU e uma mudança no sistema financeiro internacional para garantir mais transparência das instituições financeiras em todos os níveis e atenção aos países em desenvolvimento, com práticas como alívio, reestruturação ou cancelamento de dívidas.

O documento também cobra reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), com regras previsíveis, sem discriminação, equitativas e aptas a promover o desenvolvimento sustentável, com restauração de seu sistema de solução de controvérsia.

O texto ressalta a preocupação com déficit democrático nas relações internacionais e cobra maior envolvimento parlamentar nos compromissos internacionais por ser o poder que está mais próximo das demandas da sociedade civil. “Os desafios urgentes que temos de enfrentar exigem que os nossos parlamentos não permaneçam focados apenas nas questões atuais, mas incluam a ‘dimensão do futuro’ na agenda parlamentar”, disseram os congressistas na declaração conjunta.

IA e novas tecnologias

A declaração destaca o uso de tecnologias digitais, incluindo a inteligência artificial (IA), para enfrentar desafios globais e a necessidade de abordar a desigualdade digital entre países. O uso dessas tecnologias, segundo o texto, deve ter uma abordagem ética, transparente e centrada no ser humano. O tema foi objeto da última reunião do P20 na Índia em 2023.

Os países signatários incentivam o desenvolvimento de padrões internacionais para uso das novas tecnologias que respeitem os direitos humanos e fortaleçam a confiança na economia digital. Reconhece o potencial da IA para ampliar ou reduzir a lacuna de produtividade entre países e promover o desenvolvimento sustentável. O texto também menciona a necessidade de todos os governos e parlamentos promoverem o direito internacional humanitário, com atenção especial aos desafios decorrentes do uso de novas tecnologias em conflitos armados.

Participação feminina

A Carta de Alagoas, documento final de encontro de mulheres parlamentares em julho, foi incorporada como anexo ao texto final, que recomenda a manutenção desse fórum de discussão nos próximos encontros do P20. A Declaração Final da Carta de Alagoas reúne oito recomendações em três áreas prioritárias:

  • justiça climática e desenvolvimento sustentável para mulheres e meninas;
  • ampliação da representatividade feminina em espaços decisórios; e
  • combate às desigualdades de gênero e promoção da autonomia econômica das mulheres.
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Barreiras registra 6% de sua população em favelas, contrariando outras cidades da região oeste

Imagem ilustrativa da internet

Dados do IBGE de 2024 revelam desigualdade no acesso à infraestrutura em cidades baianas; Barreiras tem cerca de 10.240 pessoas morando em favela na região

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O município de Barreiras, com uma população estimada de 170.667 habitantes em 2024, é o maior do oeste da Bahia e o décimo do estado. Contudo, ao lado do crescimento populacional, a cidade se destaca negativamente pelo índice de moradia precária. Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6% da população barreirense vive em favelas, o que representa cerca de 10.240 pessoas, configurando um desafio significativo para a gestão pública local. O cenário urbano da cidade reflete um histórico de ausência de políticas habitacionais consistentes, com a última grande entrega de moradias ocorrendo em 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff inaugurou 1.476 unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Desde então, nenhuma nova iniciativa habitacional foi implementada pela administração municipal, deixando a população mais vulnerável sem alternativas de moradia adequada.

Este número coloca Barreiras em uma posição de destaque quando comparada a outras cidades da região, como Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Formosa do Rio Preto e Angical, que não apresentam registros de habitações precárias ou aglomerados habitacionais. A realidade da cidade ilustra um contraste com a média nacional, onde 16,4 milhões de brasileiros vivem em favelas, correspondendo a 8,1% da população do país, conforme os dados do Censo 2022.

Crescimento das favelas no brasil: 16,4 milhões de pessoas em 12,4 mil comunidades

Em uma análise mais ampla do Brasil, o IBGE identificou 12,4 mil favelas em 656 municípios, marcando um crescimento em relação aos números de 2010, quando o país registrava 6.329 favelas em 323 cidades. Essa expansão reflete, em parte, a melhoria na coleta de dados e a maior visibilidade das condições habitacionais das populações marginalizadas.

No caso de Barreiras, além do alto índice de favelas, os moradores da cidade enfrentam ainda a falta de saneamento básico e fornecimento de água potável, condições que agravam a vulnerabilidade social e aumentam as dificuldades de desenvolvimento urbano e de qualidade de vida. Esse cenário reflete uma questão estrutural que precisa ser enfrentada pelas autoridades locais e estaduais, considerando a crescente urbanização e os desafios de infraestrutura enfrentados pela cidade.

A falta de planejamento e as dificuldades financeiras: obstáculos ao progresso

Um dos principais fatores que contribuem para a formação de favelas e a persistência das condições precárias em Barreiras é a ausência de um planejamento urbano eficaz. A última iniciativa habitacional significativa ocorreu em 2015, quando a ex-presidente Dilma Rousseff entregou 1.476 unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida” no município. Desde então, nenhuma nova iniciativa habitacional foi implementada pela administração municipal, o que deixou centenas de famílias sem opções acessíveis de moradia.

Além disso, as dificuldades financeiras enfrentadas pela população de favelas são profundas. A maioria das famílias que reside em aglomerados habitacionais não possui renda suficiente para acessar serviços essenciais como saúde, educação e transporte de qualidade, tampouco para arcar com os custos de moradias formais ou com a legalização das residências onde moram. A escassez de oportunidades de emprego e o baixo nível de escolaridade contribuem para a exclusão social e perpetuam o ciclo de pobreza.

Em contraste, cidades da mesma região, como Luís Eduardo Magalhães, têm se destacado pelo crescimento econômico impulsionado pela agricultura, mas sem os mesmos problemas urbanos. A falta de favelas nessas localidades revela desigualdades no planejamento urbano e na distribuição de recursos, evidenciando que Barreiras precisa, com urgência, revisar suas políticas públicas de habitação e infraestrutura.

O aumento no número de favelas em todo o Brasil é um reflexo das condições socioeconômicas desiguais e da necessidade de políticas públicas mais efetivas. Barreiras, com sua elevada taxa de população em condições precárias de moradia, deve se preocupar em implementar soluções integradas para garantir um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável para seus habitantes.

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Duas das maiores favelas do Brasil estão em Salvador, aponta Censo 2022 do IBGE

Beiru e Pernambués figuram entre as 20 maiores favelas do país, refletindo a realidade das periferias urbanas em Salvador

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que Salvador abriga duas das 20 maiores favelas do Brasil, com um total combinado de mais de 73 mil moradores. A comunidade do Beiru, localizada no bairro de Tancredo Neves, ocupa o 10º lugar no ranking nacional, com 38.871 habitantes, e é a maior favela da Bahia. A segunda maior favela da capital baiana, Pernambués, figura no 11º lugar, com 35.110 moradores.

Esses dados fazem parte de uma análise mais ampla do IBGE, que inclui informações sobre a população que vive em 12.348 favelas espalhadas por 656 municípios brasileiros. No total, cerca de 16 milhões de pessoas vivem em favelas no país, com 1,3 milhão de baianos residindo nessas comunidades. Salvador, portanto, aparece como um importante retrato da realidade das favelas no Brasil, não apenas pela quantidade de moradores, mas também pela dimensão da desigualdade social.

As favelas brasileiras mais populosas estão concentradas principalmente no Sudeste e Norte do país. A Rocinha, no Rio de Janeiro, continua sendo a maior favela do Brasil, com 72.021 habitantes. No entanto, a presença de Salvador nesse ranking, com Beiru e Pernambués, é um indicativo claro dos desafios urbanos enfrentados pela cidade. Enquanto o Beiru fica a uma considerável distância da Rocinha em número de moradores, com 34 mil habitantes a menos, a comparação entre as duas revela uma constante preocupação com a urbanização precária e a falta de serviços essenciais nessas áreas.

Além disso, o Censo 2022 apresenta uma segunda análise, com base no número de domicílios ocupados. A lista revela uma dinâmica diferente das populações, e mais uma vez, Beiru e Pernambués figuram entre as maiores. O Beiru tem 15.618 domicílios, enquanto Pernambués ocupa a 10ª posição, com 14.649 residências. Isso destaca não apenas o número de habitantes, mas também a quantidade de famílias vivendo nessas condições precárias.

A distribuição geográfica das favelas mais populosas é reveladora: das 20 maiores, oito estão na região Norte, sete no Sudeste, quatro no Nordeste e uma no Centro-Oeste. A predominância do Norte, com grandes comunidades na Amazônia e no Nordeste, como em Manaus, São Luís e Belém, reflete a crescente urbanização e a expansão das favelas em áreas históricas de pobreza e desigualdade.

O ranking também traz à tona as favelas com maior extensão territorial. Nesse cenário, Salvador se destaca mais uma vez, com a favela de Valéria, no subúrbio da cidade, figurando em 5º lugar entre as maiores em área, com 5,5 km². Essa comunidade, embora com uma população menor em comparação com Beiru e Pernambués, chama a atenção pela vastidão territorial e pelos desafios urbanos que surgem com a ocupação do espaço.

Por fim, o estudo do IBGE ilustra a complexidade das favelas brasileiras: enquanto muitas são densamente povoadas, outras possuem grandes extensões territoriais, e muitas ainda enfrentam o desafio de infraestrutura básica, como saneamento e transporte público adequados. A realidade das favelas em Salvador, com suas duas principais comunidades entre as maiores do país, é um reflexo das desigualdades urbanas que afligem não só a cidade, mas todo o Brasil.

Ranking das 20 maiores favelas por quantidade de moradores:

  1. Rocinha (RJ) – 72.021
  2. Sol Nascente (DF) – 70.908
  3. Paraisópolis (SP) – 58.527
  4. Cidade de Deus (AM) – 55.821
  5. Rio das Pedras (RJ) – 55.653
  6. Heliópolis (SP) – 55.583
  7. São Lucas (AM) – 53.674
  8. Coroadinho (MA) – 51.050
  9. Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA) – 43.105
  10. Beiru/Tancredo Neves (BA) – 38.871
  11. Pernambués (BA) – 35.110

Ranking das 20 maiores favelas por quantidade de domicílios:

  1. Rocinha (RJ) – 30.371
  2. Rio das Pedras (RJ) – 23.846
  3. Sol Nascente (DF) – 21.889
  4. Paraisópolis (SP) – 21.442
  5. Heliópolis (SP) – 20.205
  6. Coroadinho (MA) – 16.741
  7. Cidade de Deus (AM) – 15.872
  8. Beiru/Tancredo Neves (BA) – 15.618
  9. São Lucas (AM) – 15.469
  10. Pernambués (BA) – 14.649

Ranking das 20 maiores favelas por extensão territorial (km²):

  1. 26 de Setembro (DF) – 10,5
  2. Sol Nascente (DF) – 9,2
  3. Morro da Cruz (DF) – 5,9
  4. Invasão Água Limpa (MG) – 5,7
  5. Valéria (BA) – 5,5
  6. Coroadinho (MA) – 5,4
  7. Santa Etelvina (AM) – 4,8
  8. Parque Estrela (RJ) – 4,6
  9. João de Barro (RR) – 4,6
  10. Jardim Progresso (RN) – 4,5
  11. Cidade de Deus (AM) – 4,3
  12. Baía do Sol (PA) – 4,2
  13. Residencial Tiradentes (MA) – 4,2
  14. Gapara (MA) – 4,1
  15. Vila Nestor (MA) – 4,1
  16. Nacional (RO) – 4,1
  17. Santa Rita (BA) – 4,0
  18. Barra Alegre (MG) – 3,9
  19. São Lucas (AM) – 3,8
  20. Água Boa (PA) – 3,8
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Paz, justiça e sustentabilidade: a urgência de um compromisso global contra a fome e as mudanças climáticas

A fome, os conflitos e as mudanças climáticas são reflexos de escolhas políticas e econômicas que perpetuam a desigualdade; enfrentar esses desafios exige um compromisso global com paz, justiça social e sustentabilidade

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Num mundo cada vez mais fragmentado por crises, a fome e as mudanças climáticas são mais do que apenas desafios técnicos: são espelhos das escolhas políticas e econômicas que perpetuam a exclusão, a vulnerabilidade e a desigualdade. Frente ao agravamento desses problemas, emergem como um imperativo global a paz, a justiça social e o compromisso com a sustentabilidade. Quando se discutem temas tão essenciais para a dignidade humana, como o acesso a alimentos e um ambiente estável, as nações não podem ignorar os impactos que suas decisões – ou omissões – geram na vida de milhões.

Fome e desigualdade econômica

Os números sobre a fome no mundo são alarmantes. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2023, cerca de 735 milhões de pessoas enfrentavam insegurança alimentar, um número que vem crescendo continuamente devido a fatores como a pandemia, conflitos e mudanças climáticas. Esse dado reflete uma triste realidade: apesar de avanços tecnológicos e do aumento na produção agrícola, as desigualdades estruturais e a má distribuição de renda continuam a privar milhões do direito básico de acesso a alimentos.

Além disso, o Relatório sobre a Riqueza Global de 2023 do Credit Suisse apontou que 1% da população mundial detém mais de 45% da riqueza global, enquanto metade da população possui apenas 1%. Essa disparidade revela a concentração de recursos nas mãos de poucos, deixando na margem aqueles que mais precisam de suporte.

Impacto dos conflitos e custos da violência

O contexto de conflitos e guerras agrava esse quadro. Em regiões devastadas por guerras, como o Iêmen e a Síria, o acesso a alimentos, saúde e segurança se torna uma luta diária. Um relatório da ONU estima que em 2023, conflitos e violência foram responsáveis por deslocar cerca de 108 milhões de pessoas em todo o mundo. Em lugares onde a paz é constantemente ameaçada, fundos que poderiam estar sendo investidos em áreas como saúde, educação e combate à fome são desviados para despesas militares.

Os custos da violência extrapolam os campos de batalha, reverberando nas vidas das populações deslocadas, nos orçamentos apertados e no meio ambiente. Segundo o Instituto de Economia e Paz, o custo econômico da violência no mundo em 2022 foi estimado em 12,4% do PIB global, ou aproximadamente US$ 5,6 trilhões. Enquanto bilhões são destinados a armamentos e estratégias militares, falta financiamento para garantir o básico em comunidades destroçadas por essa violência. O redirecionamento de verbas da guerra para programas de desenvolvimento sustentável é, portanto, mais do que uma opção ética; é uma necessidade prática.

Mudanças climáticas e segurança alimentar

As mudanças climáticas ampliam ainda mais a urgência de uma resposta coordenada. Eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e incêndios, tornam-se mais frequentes e intensos, devastando plantações e minando a segurança alimentar. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as temperaturas globais aumentaram cerca de 1,1°C desde a era pré-industrial, e a tendência de aquecimento pode ultrapassar 1,5°C até 2030. O impacto disso sobre a segurança alimentar é direto: a irregularidade das chuvas e o aumento das temperaturas comprometem a produção agrícola e, por extensão, a sobrevivência de milhões de pessoas, especialmente nas regiões mais vulneráveis, onde a agricultura de subsistência é o alicerce das economias locais.

Diante desses desafios, propostas concretas surgiram em encontros internacionais, destacando possíveis caminhos para uma transformação real. Entre as medidas mais defendidas está a criação de um imposto global sobre grandes fortunas, que poderia financiar programas de segurança alimentar e iniciativas sustentáveis. Estudos do Banco Mundial indicam que uma taxa de apenas 1% sobre a fortuna dos bilionários do mundo poderia gerar US$ 255 bilhões por ano, recursos suficientes para ajudar a erradicar a fome e implementar práticas agrícolas regenerativas.

Além disso, especialistas sugerem a criação de uma Aliança Global contra a Fome e as Mudanças Climáticas, reunindo países dispostos a investir em um fundo de apoio para a promoção de práticas agrícolas sustentáveis e mitigação dos efeitos climáticos. Essas propostas visam garantir que as ações sejam sustentáveis e justas, combatendo a fome e as mudanças climáticas em sua raiz.

A transformação estrutural necessária para enfrentar a fome, a pobreza e a crise climática exige mais do que discursos: exige um compromisso genuíno de reconfigurar o sistema político e econômico global. A paz é fundamental, não apenas como ausência de guerra, mas como uma estrutura que permita a redistribuição de recursos, políticas inclusivas e o respeito aos direitos humanos. A mudança não pode ser adiada: governos e grandes corporações precisam ir além de promessas simbólicas, adotando medidas práticas que priorizem a vida e a dignidade humana.

Se o mundo se comprometer com ações que promovam a paz, a justiça social e a sustentabilidade, poderá construir um futuro onde a fome, a exclusão e a degradação ambiental não sejam realidades persistentes. A oportunidade de transformar o curso da história ainda está ao nosso alcance – o que falta é a vontade de agir.

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Parlamentos do G20 se unem para enfrentar desigualdade e crise climática em abertura do P20

Fotos: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Em evento na Câmara dos Deputados, lideranças políticas destacam a necessidade de soluções colaborativas e ações conjuntas para enfrentar os desafios globais, como fome, desigualdade e mudanças climáticas, com foco na igualdade de gênero e no desenvolvimento sustentável

Caso de Política com Agência Câmara – Na manhã desta quinta-feira (7), a 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 (P20) foi aberta com um apelo por respostas conjuntas aos problemas globais, como fome, desigualdade e crise climática. O evento, que ocorre no Plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados, reúne autoridades políticas de diversos países para discutir soluções urgentes para crises interconectadas que afetam o planeta.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que assumiu a liderança do P20 em outubro do ano passado, durante a presidência indiana, fez questão de ressaltar a importância do papel dos parlamentos no enfrentamento dessas questões. “Devemos promover medidas que aumentem a presença feminina nas esferas de poder, assegurando que a diversidade se reflita nas decisões globais,” destacou Lira. Ele também reafirmou o compromisso do Legislativo brasileiro com a transição energética e a regulamentação do mercado de carbono, priorizando uma agenda verde.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), compartilhou da visão de que os desafios globais são tão amplos que exigem uma abordagem coletiva. “A fome, a pobreza, a transição energética e as mudanças climáticas são questões indissociáveis. Devemos tratá-las de forma integrada para garantir soluções eficazes,” afirmou. Ele reforçou que a governança global e a cooperação entre países são fundamentais para superar as crises contemporâneas.

Tulia Ackson: Parlamentos devem buscar o desenvolvimento sustentável

Tulia Ackson, presidente da União Interparlamentar (UIP), também reforçou a necessidade de ação conjunta frente aos problemas transnacionais. Para ela, a população mundial vive um momento decisivo, com as metas de desenvolvimento sustentável da ONU para 2030 cada vez mais distantes. “A pandemia e a crise climática agravaram a situação, empurrando milhões para a pobreza extrema e ampliando a fome no mundo,” disse, destacando que, em 2023, a crise climática afetou um bilhão de pessoas, aumentando sua vulnerabilidade social e econômica.

Ackson defendeu que os parlamentos devem ser agentes de mudança, pressionando por um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo. A preocupação com a igualdade de gênero também foi um ponto central das discussões. A presidente da UIP pediu uma maior participação das mulheres nas tomadas de decisão e, para isso, sugeriu que futuras edições do P20 incluam reuniões dedicadas exclusivamente às parlamentares.

Em 2023, essa proposta ganhou forma com a realização da primeira reunião de mulheres parlamentares do P20, realizada em Maceió (AL), que gerou a “Carta de Alagoas”. A iniciativa, inédita, sublinha o comprometimento com a igualdade de gênero e com o avanço das questões sociais e ambientais de forma integrada.

Lira, Pacheco e Ackson também destacaram a necessidade de que os parlamentos cumpram um papel fiscalizador sobre os governos de seus países, garantindo maior transparência nas ações e criando um ambiente de estabilidade e paz para a implementação das mudanças necessárias. A solenidade contou ainda com a presença da secretária-geral das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, que enfatizou a relevância do trabalho colaborativo entre parlamentos para enfrentar os desafios globais de forma eficaz.

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Filha transgênero de Elon Musk decide deixar os EUA após vitória de Trump

Vivian Jenna afirma que a comunidade trans está em risco com o republicano no poder

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Vivian Jenna, filha transgênero de Elon Musk, anunciou que deixará os Estados Unidos após a eleição de Donald Trump para a presidência, ocorrida na quarta-feira (6). Aos 20 anos, Vivian criticou abertamente o apoio de Musk ao republicano e afirmou que a vitória de Trump representa um risco para a comunidade transgênero.

Pensei nisso por um tempo, mas ontem confirmou para mim. Não vejo meu futuro nos Estados Unidos. Mesmo que ele [Trump] fique no cargo por apenas 4 anos, mesmo que as regulamentações contra transgêneros magicamente não sejam implementadas, as pessoas que votaram voluntariamente nisso não vão a lugar nenhum tão cedo”, declarou Vivian em seu perfil no Threads, rede social concorrente do X, de propriedade de Musk.

A relação entre Musk e Vivian é marcada por tensões. Em sua autobiografia, Musk descreveu o contato com a filha como distante, expressando sua mágoa e atribuindo o afastamento às influências das “escolas comunistas”. Segundo ele, Vivian teria abraçado o comunismo e rejeitado qualquer associação com pessoas ricas. Em resposta, Vivian critica o pai, chamando-o de “incel” e “sem noção”.

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Deputado acusa escola de promover “magia afro” em aula optativa, e projeto de lei propõe liberar cultos religiosos nas escolas

Discussão sobre ensino religioso em escolas públicas reacende debate sobre a laicidade do Estado e a liberdade de expressão cultural

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Uma postagem do deputado distrital Pastor Daniel de Castro (PP) acusando uma professora do Centro Educacional do Lago (CEL), em Brasília, de incitar “rituais de magia e religião afro” em uma disciplina optativa gerou polêmica. O parlamentar afirmou que a professora estaria “fazendo rituais de magia em sala de aula” e a denunciou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), acusando-a de “incitar crianças a falar nomes de deuses de religiões africanas”. No entanto, a disciplina em questão é uma eletiva sobre História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, facultativa aos alunos e que integra conhecimentos aprovados na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O vídeo do deputado nas redes sociais, onde ele alega que a prática “incute religião afro nas crianças” e que “isso é um crime”, foi amplamente criticado pela comunidade escolar, que reagiu com uma nota de repúdio do CEL. A nota destaca que a acusação “fere o direito de expressão cultural e religiosa” garantido pela Constituição, e aponta a medida como um possível caso de intolerância religiosa, diante do histórico de perseguições a religiões de matriz africana no Brasil.

A deputada Missionária Michele Collins quer permitir que alunos ou escolas realizem atos religiosos, como cultos e leituras bíblicas, independentemente de serem iniciativa dos próprios estudantes ou convocados pela escola

Essa polêmica se desenrola no contexto de um projeto de lei protocolado na Câmara pela deputada Missionária Michele Collins (PP-PE), que propõe liberar cultos religiosos em escolas públicas e privadas em todo o Brasil. A proposta visa permitir que alunos ou escolas realizem atos religiosos, como cultos e leituras bíblicas, independentemente de serem iniciativa dos próprios estudantes ou convocados pela escola.

Para Collins, “o Estado Laico deve proteger, e não excluir, a liberdade religiosa”, mas o projeto ignora o princípio da laicidade, essencial para garantir a neutralidade das instituições de ensino. Se aprovado, poderá abrir brechas para a imposição religiosa em um ambiente que, por definição constitucional, deve ser neutro e plural.

A questão central é a manutenção da laicidade do Estado, que deve assegurar um espaço público livre de privilégios religiosos, onde o conhecimento cultural e histórico seja transmitido sem favorecimento ou imposição de crenças. A laicidade é frequentemente confundida com ateísmo, mas, na verdade, representa a neutralidade necessária para a paz social e o respeito à pluralidade. O estudo da história e da cultura, incluindo as mitologias grega e romana, com referências a divindades, há muito integra o currículo escolar, sendo tratado como patrimônio cultural e histórico, sem acusações de “incitação a cultos pagãos”. Entretanto, a abordagem de culturas africanas e indígenas, muitas vezes, recebe reações de repúdio e é tratada com desconfiança, revelando o preconceito contra essas tradições.

Ao permitir manifestações religiosas em instituições públicas, como propõe o projeto, o Estado corre o risco de abrir espaço para favoritismos e para a imposição de determinadas crenças, um retrocesso em direção ao sectarismo. A preservação do Estado Laico não é apenas uma proteção jurídica, mas uma salvaguarda da liberdade e do respeito às diversidades culturais e religiosas que compõem a sociedade brasileira.

Ao contrário do que sugere a proposta, permitir uma religião específica em ambiente escolar público não amplia a liberdade religiosa; pelo contrário, restringe a pluralidade ao favorecer uma perspectiva em detrimento das outras. O ambiente escolar deve permanecer um espaço de aprendizado diverso e inclusivo, onde o ensino de diferentes culturas e religiões seja tratado com o respeito e a imparcialidade exigidos pela Constituição.

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