Câmara aprova proposta do Diogo Manera sobre implantação de telemedicina

População terá acesso à saúde à distância através de medidas que respeitam ética e técnica médica

Repórter ABC | Luís Carlos Nunes – Nesta quinta-feira (13), a Câmara Municipal de Ribeirão Pires aprovou o Projeto de Lei N.º 0004/2023, de autoria do vereador Diogo Manera, que autoriza a implantação da telemedicina na Rede Municipal de Saúde da cidade.

Com a aprovação do projeto, a proposta segue agora para a sanção do executivo municipal.

A proposta define telemedicina como a transmissão segura de conteúdo audiovisual e de dados com informações médicas, por meio de texto, som, imagens ou outras formas necessárias para a assistência, prevenção, diagnóstico, tratamento, incluindo prescrições, acompanhamento de pacientes, educação e pesquisa em saúde.

Além disso, contempla atividades como telemonitoramento, teleorientação, teletriagem e teleconsultoria.

De acordo com o artigo 3º do projeto, a telemedicina respeitará os princípios da responsabilidade digital, da autonomia, bem-estar, justiça, ética, liberdade e independência do médico ou responsável técnico. Já o artigo 4º determina que a regulamentação dos procedimentos a serem observados para a prescrição de medicamentos no âmbito da telemedicina ficará a cargo do órgão municipal competente.

Com a aprovação do projeto, a população de Ribeirão Pires poderá contar com mais uma alternativa para acesso à saúde, principalmente em tempos de pandemia, em que a telemedicina se tornou uma importante ferramenta para o atendimento à distância.

O vereador Diogo Manera comemorou a aprovação do projeto e destacou a importância da telemedicina na atual conjuntura:

“Estamos muito felizes com a aprovação desse projeto. A telemedicina é uma realidade em todo o mundo e tem se mostrado fundamental para garantir o acesso à saúde, principalmente nesse momento de pandemia, em que o distanciamento social é necessário. Com essa medida, estamos proporcionando mais uma opção de atendimento à população de Ribeirão Pires”.

O que é Telemedicina?

Telemedicina é uma área da medicina que se utiliza das tecnologias da informação e comunicação para oferecer serviços de assistência à saúde à distância. Com a telemedicina, é possível realizar consultas, monitoramento de pacientes, diagnósticos, prescrições médicas e outras atividades relacionadas à saúde através de dispositivos eletrônicos, como computadores, smartphones e tablets.

Entre as principais vantagens da telemedicina estão:

  1. Acesso facilitado à assistência médica em áreas remotas e desprovidas de infraestrutura de saúde;
  2. Redução de custos de deslocamento para consultas, exames e tratamentos;
  3. Economia de tempo tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde;
  4. Possibilidade de atendimento em tempo real em situações emergenciais, como em casos de teletriagem;
  5. Melhora da eficiência do sistema de saúde, com maior agilidade no diagnóstico e tratamento de pacientes;
  6. Diminuição do risco de contágio de doenças infecciosas em ambientes hospitalares;
  7. Possibilidade de acompanhamento remoto de pacientes crônicos ou em reabilitação, permitindo a personalização dos cuidados de acordo com as necessidades de cada um.

Em resumo, a telemedicina pode ser (se bem executada) uma excelente alternativa para ampliar o acesso à saúde de qualidade, sobretudo em locais mais afastados ou em situações de emergência.

Acompanhe a íntegra da proposta:

230301173609F7D16

Pescadores artesanais têm papel chave na gestão das águas, diz FAO

Pescadores artesanais, criadores de peixe e trabalhadores do ramo da pesca foram tema de mais de 260 eventos em 68 países. As atividades fizeram parte do Ano da Pesca Artesanal e Aquicultura, encerrado na semana passada.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, considera o grupo essencial na gestão de ecossistemas e na preservação de tradições e culturas milenares.

Pequeno porte, grande contribuição

As atividades são, em geral, realizadas por famílias e pequenas cooperativas. Em nível global, A pesca de pequena escala fornece meios de subsistência para quase meio bilhão de pessoas, 95% delas nos países do Hemisfério Sul.

Segundo a FAO, a força de trabalho ativa neste setor inclui algumas das comunidades mais vulneráveis à degradação ambiental, perda de biodiversidade, impactos climáticos e choques econômicos.

Ao mesmo tempo, são grupos e comunidades com grande contribuição para a gestão dos recursos aquáticos nos oceanos, rios e lagos do mundo.

A campanha liderada pela FAO foi apoiada por uma ampla gama de parceiros. O objetivo é forjar alianças entre pescadores artesanais de pequena escala e trabalhadores da aquicultura com outras partes interessadas.

Tranformação azul 

Exemplos disso são a Rede Ibero-Americana de Pesca Artesanal de Pequena Escala, Ripape, e a Plataforma de Pesca Artesanal do Magrebe e Norte da África.

Todas essas recomendações estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a aspiração da FAO dos 4 Melhores: Melhor Produção, Melhor Nutrição, um Ambiente Melhor e uma Vida Melhor, sem deixar ninguém para trás.

O Ano da Pesca Artesanal e Aquicultura está alinhado com a visão de Transformação Azul da agência. A meta da iniciativa é mudar a maneira como o mundo administra, usa e conserva seus recursos aquáticos para acabar com a fome e a pobreza.

Embora o ano celebrativo esteja terminando, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu,  acredita que é necessário continuar a “amplificar as vozes” dos pescadores artesanais de pequena escala e apoiar o desenvolvimento de planos e estratégias nacionais.

Pescadores de pequena escala produzem pelo menos 40% da pesca global.

Cerca de 45 milhões de mulheres participam da pesca artesanal, ou seja, representam quatro em cada 10 pescadores.

Venezuela: peritos da ONU alertam sobre ataques a jornalistas e sociedade civil

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas* recebeu, neste 22 de março, um relatório da Missão de Apuração dos Fatos sobre a Venezuela.

Segundo o grupo, o governo do país segue perseguindo e atacando quem critica o regime e prendendo integrantes da sociedade civil por motivos políticos.

Campanha de repressão

Outros grupos visados são o de líderes sindicais e organizações não-governamentais. Canais da mídia que se colocaram contra o presidente Nicolás Maduro e o governo da Venezuela estão sendo fechados numa tentativa de reprimir qualquer manifestação contrária ao regime.

Os membros da Missão detalharam os abusos e alertaram sobre um projeto de lei, que se adotado, poderá limitar bastante a atuação e o trabalho das ONGs

O grupo de peritos pediu às autoridades venezuelanas que acabem com a campanha de repressão e investiguem todos os responsáveis, levando cada um à justiça.

A presidente da Missão de Apuração dos Fatos, Marta Valiñas disse que no “contexto da impunidade ampla sobre os graves crimes, os cidadãos que criticam ou discordam das políticas do governo sentem-se ameaçados e desprotegidos.” Para ela, o medo de ser preso ou torturado acaba impedindo a liberdade de expressão e o direito ao protesto.

Famílias ameaçadas

A crise político-econômica na Venezuela se agravou nos últimos anos. Desde então, as prisões arbitrárias e detenções sob pretexto político se tornaram uma preocupação. De acordo com organizações de direitos humanos, pelo menos 282 pessoas continuam detidas tanto civis como militares.

E muitas famílias desses presos estão sendo vítimas de ameaças e represálias. Já as visitas dos parentes ou de advogados estão sendo negadas. O acesso ao alimento e a tratamento médico é limitado.

O aumento de ataques e ameaças começou em 2019, especialmente contra organizações e defensores de direitos humanos, assim como sindicalistas, jornalistas e atores humanitários e da sociedade civil.

Líderes políticos que discordam do presidente Nicolás Maduro também integram a lista de perseguidos.

Baixos salários dos funcionários públicos

No ano passado, funcionários públicos nas áreas de educação, saúde e outros serviços básicos se organizaram contra os baixos salários e precárias condições de trabalho.

O Estado venezuelano respondeu rapidamente com uma repressão aos líderes e participantes das manifestações incluindo demissões, ameaças e prisões.

Também em 2022, um número recorde de emissoras de rádio foi fechado em toda a Venezuela.

Dois projetos de lei analisados no Parlamento podem ter um alto impacto na atuação das ONGs. Se a Assembleia Nacional sancionar os textos, o Estado passará a controlar o financiamento, existências e atividades das ONGs, segundo um outro membro da Missão de Apuração, Francisco Cox Vial.

Mais de 716 morreram após protestar contra o governo

Uma outra preocupação é o alto número de mortes por causa de confrontos com agentes da lei. Somente no ano passado, 716 pessoas perderam a vida dessa forma.

A presidente da Missão afirma que o número indica a possível existência de execuções sumárias como parte da política estatal de combater a criminalidade.

E no Arco Mineiro do Orinoco e outras áreas do sul da Venezuela, há alegações de ataques a indígenas no Estado do Amazonas assim como atentados a líderes dos povos indígenas.

Um desses casos foi o homicídio de Virgilio Trujillo Arana, líder do povo Piaroa em 2022. A Missão de Apuração dos Fatos disse que o assassinato dele tem que ser “seriamente investigado.”

OMS nas Américas diz que infecções causadas por mosquitos estão aumentando

A Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou para o aumento de casos de dengue, chikungunya e zika ao redor do mundo. A região das Américas é particularmente afetada em número de infecções e mortes.

As três doenças são causadas pelo mesmo vetor, o mosquito do tipo Aedes. Os dados da OMS indicam que condições precárias de água e saneamento somadas a fenômenos como enchentes, aumento da temperatura e da umidade favorecem a proliferação do inseto.

Dengue atinge mais países no sul

A agência da ONU diz que a incidência da dengue aumentou drasticamente passando de 500 mil casos em 2000 para 5,2 milhões em 2019.

Este ano, já são 441 mil notificações e mais de 100 mortes apenas nas Américas.

Países endêmicos como o Brasil tiveram aumento de casos. Ao mesmo tempo, a doença migrou para nações como Paraguai e Bolívia, que tinham baixa incidência.

Em outras partes do mundo, a tendência é semelhante, com a doença atingindo países mais ao sul.

Na África, o Sudão do Sul registrou aumento, ultrapassando 8 mil casos e 45 mortes desde julho de 2022.

De acordo com Raman Velayudhan, diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, existem quatro sorotipos da dengue.

Apesar de geralmente apresentar sintomas leves na primeira infecção, um segundo episódio da doença, causado por um sorotipo diferente pode gerar casos graves que resultam em falência dos órgãos e morte.

Ele disse que a doença ainda não tem tratamento e que as vacinas estão apenas começando a ser desenvolvidas.

Chikungunya presente em 115 países

Já a codiretora da Iniciativa Global de Arboviroses, Diana Rojas, afirma que o chikungunya está presente em 115 países. Recém-nascidos, idosos e pessoas com hipertensão, diabetes e outras condições de saúde estão sob maior risco de complicações graves.

Segundo a especialista, até o fim de março foram registrados 135 mil casos nas Américas, em comparação com 52 mil no mesmo período do ano passado. Detecções foram relatadas na província de Buenos Aires, onde a doença nunca circulou antes.

Rojas afirmou que uma das maiores preocupações é a contaminação de mãe para filho no momento do parto. A transmissão vertical acontece em 49% dos casos e, na maioria deles, gera complicações neurológicas na criança.

Zika, uma preocupação constante

Apesar do decréscimo de casos desde a crise de 2016, a zika continua circulando em 89 países, segundo a OMS.

A transmissão se dá pelo mosquito Aedes, mas também pela via sexual. Todo ano, são 30 mil a 40 mil casos, concentrados especialmente nas Américas e no sudeste da Ásia.

Por meio de seus Escritórios Regionais, a OMS apoia os países na preparação para responder a surtos das três doenças. As estratégias incluem vigilância, detecção precoce, treinamentos e preparação dos sistemas de saúde.

De acordo com a Velayudhan, este é “o momento de se preparar melhor e antecipar potenciais surtos”.

Banco Mundial: PIB da América Latina e Caribe será o mais baixo globalmente

Um novo estudo do Banco Mundial calcula que o Produto Interno Bruto, PIB, da América Latina e do Caribe crescerá 1,4% este ano, uma taxa abaixo do esperado e a mais baixa globalmente.

Para 2024 e 2025, a previsão de crescimento é de 2,4%, ainda assim muito baixa para alcançar progressos significativos na redução da pobreza.

Brasil

Já para a economia do Brasil, a expectativa de crescimento é de 0,8% em 2023 e 2% em 2024 e 2025.

Segundo o relatório, a América Latina e o Caribe se recuperaram em grande parte da crise da pandemia e vêm se mostrando relativamente resilientes. Tanto a pobreza quanto o emprego voltaram aos níveis pré-pandêmicos. Já a inflação média, à exceção da Argentina, deve cair para 5% em 2023, depois de chegar a 7,9% em 2022.

No entanto, a região voltou aos baixos níveis de crescimento da década anterior. Obstáculos como o preço mais baixo das commodities, as taxas de juros mais altas nos países desenvolvidos e a recuperação instável da China podem piorar as perspectivas econômicas da América Latina e do Caribe.

Relatório traz a importância de investir em saúde e educação, que formam o capital humano, para promover crescimento econômico sustentável na América Latina e no Caribe

Estabilidade e esforço

O documento, chamado “O Potencial da Integração, Oportunidades Numa Economia Global em Transformação”, defende que, para impulsionar o crescimento, os países da região precisam manter a estabilidade macroeconômica, conquistada à base de muito esforço nas últimas duas décadas.

Um desafio é que, em média, o desequilíbrio fiscal permanece elevado, projetado para 2,7% do PIB em 2023. Além disso, estima-se que os níveis de dívida atinjam 64,7% do PIB este ano, um pouco abaixo de 66,3% em 2022.

As recentes falências de bancos nos Estados Unidos e na Europa trazem ainda mais incertezas. Segundo o estudo, ainda se verão as consequências no sistema bancário e no fluxo de capital da América Latina e do Caribe.

O relatório também recomenda aproveitar as oportunidades únicas trazidas pela indústria verde e pelo nearshoring, ou seja, a aproximação entre cadeia produtiva e mercados domésticos.

Riscos sistêmicos

A região da América Latina e do Caribe continua sendo uma das menos integradas, enquanto a abertura comercial e os fluxos de investimento estrangeiro direto têm estado estagnados ou reduzidos nos últimos 20 anos.

O documento sugere uma série de políticas públicas para fazer essa integração avançar. Isso inclui políticas de longo prazo, como redução de riscos sistêmicos, aumento de investimentos em infraestrutura tradicional e digital e melhoria do capital humano.

Há também recomendações de curto prazo, como promover avanços regulatórios alfandegários e de transporte, e modernizar as agências de exportação e promoção de investimentos.

Para Djamila Ribeiro, luta contra racismo no Brasil deve manter características do país

As palavras são importantes numa narrativa política e em estratégias de comunicação. Elas têm significados e significantes.

Para a ex-professora universitária e filósofa, Djamila Ribeiro, a luta contra o racismo no Brasil e o movimento negro só se fortalecem ao aplicar conceitos e palavras que traduzam a realidade do país.

Vítimas da Escravidão

Esta é a opinião da escritora brasileira que discursou na Assembleia Geral, em 27 de março, para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos.

Nesta entrevista à ONU News, Djamila Ribeiro, diz que no Brasil “pretos e pardos” são reconhecidos como “negros” pelo Censo do país, realizado pela Ibge, portanto uma pessoa negra de pele escura ou clara deve se definir como “negra”.

“De fato, sobretudo nas redes sociais, a gente tem escutado muito as pessoas usando este termo no Brasil. Só que o Brasil não é os Estados Unidos. Nos Estados Unidos, faz sentido usar este contexto de black, light skin, dark skin. Acho que cada país tem o seu contexto, e a gente não pode negar as diferenças de cada território. No Brasil, o que foi de consenso do movimento negro é a utilização da palavra negro. Negro significa pretos e pardos. Então “pretos” está dentro da categoria negro assim como pardos. O Ibge vai entender negros como pretos e pardos. Negros são aqueles negros de pele escura, pardos são os negros de pele clara. Então, o que se decidiu entre do consenso dos movimentos negros, dos intelectuais negros, historicamente, no Brasil é o uso da palavra negro.”

“Invenção colonial”

A filósofa acredita que existem casos, especialmente para negros que vivem na Europa, onde outras nomenclaturas como “afrodescendente” costumam ser usadas. Ela diz respeitar a escolha, mas acredita que abordagem não funcionaria no Brasil por causa das marcas da história dos africanos traficados para o país durante o regime colonial e a escravidão

“Claro que a gente pode discordar, depender do contexto. Por exemplo, Grada Kilomba, que é portuguesa de origem de Cabo Verde, é minha amiga. E ela não gosta da palavra negro, porque negro, de fato, é uma invenção colonial. Ela vai usar afrodescendente.

Mas ali no contexto dela, que está na Europa, talvez ali faça sentido a utilização deste termo. E a gente não pode nunca perder isso de vista. E no Brasil, a gente ainda necessita falar disso, de negros, fazer essas diferenciações porque foi um país que negou durante muito tempo a existência do racismo. Um país, que durante muito tempo, romantizou as relações raciais no Brasil. Então, eu sempre falo para as novas gerações que a gente não pode importar determinados conceitos que não fazem sentido no nosso contexto e tem que respeitar, inclusive, o trabalho desses intelectuais e dos movimentos que entenderam um consenso porque tudo foi discutido, debatido, que essa seria a melhor forma de denominação para nós para a reivindicação de políticas públicas no país. Até porque, veja: eu sou uma mulher preta, eu sou uma negra de pele escura. Uma mulher negra, de pele clara, no Brasil, ela sofre racismo como eu. Mas a gente sofre de maneiras diferentes. A gente não pode universalizar a experiência de ser negro porque, no Brasil, essa questão do colorismo ainda é muito forte. Quanto mais claro, mais tolerado. Não é que a pessoa não vai ser discriminada.”

Sensibilidade para enfrentar preconceito

A escritora afirma ter vivido na pele várias situações de discriminação e preconceito. Para Djamila Ribeiro, o mais importante é ter sensibilidade para entender que na luta contra o racismo, a coletividade é um importante fator de sucesso no combate à discriminação.

“Todos os negros são discriminados no Brasil.  Mas a gente sabe que quanto mais escuro você é, você acaba tendo menos acesso a determinadas coisas e o tratamento a você é diferente. A gente não pode esquecer isso.

Uma mulher negra, de pele clara, ela tem que se entender como negra. Quando ela diz que é preta, ela está apagando a minha experiência que sou uma mulher de pele escura, e desde há muito tempo, na minha vida, venho passando por algumas situações por conta da minha cor de pele. Então, a gente tem que ter tudo muito claro, entender como essas coisas funcionam e não deturpar esses conceitos que são muito importantes para nós.”

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ibge, mais de 56% da população brasileira são compostos de pessoas negras. Os dados são de 2021.

O número de pessoas que se declararam pretas ou pardas ao responder ao Censo aumentou de 2012 para 2021.

Um dos três países que mais avançam em metas de água, Brasil vê crescer sua responsabilidade

A iniciativa ONU Água informa que no Brasil, os cursos de água tiveram um padrão de qualidade de referência ao aumentar oito pontos percentuais entre 2017 e 2020.

De acordo com as Nações Unidas, o país está entre os três casos de sucesso do mundo pelos progressos alcançados rumo a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, durante o período. Os dados foram ressaltados na Conferência da Água, que termina esta sexta-feira, em Nova Iorque.

Maiores desafios globais

No evento, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, disse à ONU News que a posição do país evidencia também sua responsabilidade perante um dos maiores desafios globais.

“O Brasil recentemente recebeu uma boa notícia. Foi o fato de estar entre os três países considerados os que mais avançaram na agenda justamente do ODS 6, que é o nosso Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, que trata de água e saneamento. O Brasil, Gana e Cingapura foram considerados pela avaliação das Nações Unidas como os três países que promoveram avanços. E isso é muito positivo.”

A avaliação aponta decisões de investimento positivas para melhorar a qualidade da água e a construção de 900 novas estações de tratamento de águas residuais desde 2013.

Os detalhes dos progressos serão apresentados no Fórum Político de Alto Nível da ONU, em julho.  Para Capobianco, a água é também uma questão de qualidade de vida.

Reconhecimento das Nações Unidas

“Claro que esse reconhecimento por parte das Nações Unidas é muito importante para nos estimular a fazer mais porque nós sabemos o quanto ainda estamos longe do nosso objetivo. De resolvermos esse problema, que para nós é como uma chaga. Como uma mancha na nossa trajetória porque uma pessoa sem a água de qualidade e sem escoamento sanitário não pode ter uma qualidade de vida adequada.”

O secretário-executivo aponta um percurso longo para atingir 99% dos brasileiros com acesso à água e 90% com saneamento até 2033, que é o plano do governo.

Para tal, ele ressaltou que políticas públicas devem promover a inovação nesses setores essenciais.

A descentralização baseada em ecossistemas deve ser prioridade para “garantir o acesso à água em qualidade e quantidade para todos, especialmente para as populações mais vulneráveis, povos indígenas e comunidades rurais”.

Na Iniciativa de Monitoramento Integrado para o ODS 6, a ONU ressalta o propósito de informar e inspirar com “exemplos concisos e acessíveis” que demonstram, por meio de casos reais, que o progresso acelerado é possível.

Lula defende comércio em moedas dos países do Brics em discurso em Xangai

Presidente brasileiro pede mudança do comércio lastreado no dólar e destaca necessidade da medida durante posse de Dilma Rousseff no NBD (Novo Banco de Desenvolvimento) dos Brics

Em um discurso na posse da ex-presidente Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics em Xangai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a realização do comércio nas moedas dos países integrantes do bloco. Ele questionou por que todos os países são obrigados a fazer seus negócios lastreados no dólar e enfatizou a necessidade da mudança para outras moedas, como o real e o iene.

Durante sua fala, Lula pediu paciência aos chineses e destacou a autorização da subsidiária ICBC para fazer a compensação direta de yuans para reais em março deste ano, o que possibilita a realização de operações comerciais e financeiras diretamente entre duas moedas, sem a necessidade de utilizar o dólar americano.

A criação de uma clearing house é necessária para a implementação da medida, como um passo inicial, explicou a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito. Ela apontou, no entanto, que há falta de recursos imediatos nessas instituições e desconhecimento dos empresários sobre essas operações.

A China tem buscado a internacionalização de sua moeda desde 2009 e, em 2013, o yuan se tornou a segunda moeda mais utilizada no mundo, atrás apenas do dólar americano. O ICBC, que é o maior banco do mundo por total de ativos, segundo a consultoria S&P Global, é controlado pelo governo chinês e foi fundado em 1984, tendo sua subsidiária brasileira aberta em 2013.

Leia íntegra do discurso de Lula no banco dos Brics

“É com grande alegria que retorno a Xangai após quase 20 anos, e por um motivo muito especial. Tenho a satisfação de reencontrar a presidenta Dilma Rousseff e o prazer de comemorar sua escolha para comandar esta importante instituição.

“A posse de uma mulher à frente de um banco global de tamanha envergadura seria por si só um fato extraordinário, num mundo ainda dominado pelos homens. Mas a importância histórica deste momento vai mais além.

“Dilma Rousseff pertence a uma geração de jovens que nos anos 70 lutaram para colocar em prática o sonho de um mundo melhor – e pagaram caro, muitos deles com a própria vida.

“Meio século depois, o Novo Banco de Desenvolvimento surge como ferramenta de redução das desigualdades entre países ricos e países emergentes, que se traduzem em forma de exclusão social, fome, extrema pobreza e migrações forçadas.
Senhoras e senhores.

“A mudança do clima, a pandemia de COVID-19 e os conflitos armados impactam negativamente as populações mais vulneráveis. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável passam por graves retrocessos e muitos países em desenvolvimento acumulam dívidas impagáveis.

“É neste contexto adverso que o Novo Banco de Desenvolvimento se impõe. A decisão de criar este banco foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes. Por suas dimensões, tamanho de suas populações, peso de suas economias e a influência que exercem em suas regiões e no mundo, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul não poderiam ficar alheios às grandes questões internacionais.

“As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam enormes.

“A falta de reformas efetivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes.

“Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais: com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local.

“A criação deste Banco mostra que a união de países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo. Não queremos ser melhores do que ninguém. Queremos as oportunidades para expandirmos nossas potencialidades, e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida.

“Por isso, além de continuar trabalhando pela reforma efetiva da ONU (Organização das Nações Unidas), do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, e pela mudança das regras comerciais, precisamos utilizar de maneira criativa o G-20 (que o Brasil presidirá em 2024) e o BRICS (que conduziremos em 2025) com o objetivo de reforçar os temas prioritários para o mundo em desenvolvimento na agenda internacional.

“Senhores e senhoras.

“O Novo Banco de Desenvolvimento tem um grande potencial transformador, na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar, sem que tenham mandato para isso.

“O banco dos Brics já atraiu quatro novos membros: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai. Vários outros estão em vias de adesão, e estou certo de que a chegada da presidenta Dilma contribuirá para esse processo.

“No Brasil, os recursos do Novo Banco financiam projetos de infraestrutura, programas de apoio à renda, mobilidade sustentável, adaptação à mudança climática, saneamento básico e energias renováveis.

“Em conjunto, os membros do BRICS ampliam sua capacidade de atuar positivamente no cenário internacional, contribuindo para evitar ou mitigar crises e beneficiando as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de nossas economias.

“Por tudo isso, o Novo Banco de Desenvolvimento reúne todas as condições para se tornar o grande banco do Sul Global.

“Senhoras e senhores.

“O tempo em que o Brasil esteve ausente das grandes decisões mundiais ficou no passado. Estamos de volta ao cenário internacional, após uma inexplicável ausência. Temos muito a contribuir em questões centrais do nosso tempo, a exemplo da mitigação da crise climática e do combate à fome e às desigualdades.

“É intolerável que, num planeta que produz alimentos suficientes para suprir as necessidades de toda a humanidade, centenas de milhões de homens, mulheres e crianças não tenham o que comer.

“É inadmissível que a irresponsabilidade e a ganância de uma pequena minoria coloquem em risco a sobrevivência do planeta e de toda a humanidade.

“O Brasil está de volta. Com a disposição de contribuir novamente para a construção de um mundo mais desenvolvido, mais justo e ambientalmente sustentável.

“Queremos compartilhar com todos os países interessados a experiência de crescimento econômico com inclusão social que o Brasil viveu durante meu governo e o governo da presidenta Dilma Rousseff.

“As políticas públicas de nossos governos foram capazes de resgatar 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza e retirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU pela primeira vez em nossa história. Ao mesmo tempo, o Brasil se tornou a 6ª maior economia do planeta.

“Estou certo de que a experiência da presidenta Dilma ao governar o Brasil se renovará à frente deste importante instrumento para o desenvolvimento de nossos países.

“Sua presidência representa o compromisso renovado do Brasil com os BRICS. E é também mais uma demonstração da disposição brasileira de consolidar o fortalecimento deste Novo Banco de Desenvolvimento diante dos desafios e da necessidade de contínuo aprimoramento institucional e operacional.

“Fico feliz por termos uma mulher forte e experiente à frente dessa instituição.

“Muito boa sorte, felicidades e sucesso nas suas novas funções, Presidenta Dilma.

“Muito obrigado.”

Disque 100 agora recebe denúncias de ameaças a escolas pelo WhatsApp

Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania incentiva a denúncia anônima de possíveis ataques a creches, escolas e outras instituições de ensino

O serviço Disque 100 é agora capaz de receber denúncias de ameaças de ataques a escolas por meio do WhatsApp, através do número (61) 99611-0100. O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania informou que os denunciantes podem enviar mensagens de texto, áudios, fotos, arquivos multimídia, links ou URLs, e não precisam se identificar, permanecendo anônimos.

É crucial que o denunciante informe o local alvo da ameaça, como escola, creche ou universidade, e, se possível, os dados dos suspeitos. Se a ameaça foi feita em um ambiente virtual, é recomendável informar a rede social, site, endereço eletrônico, nome do usuário e URL do perfil, como no Twitter, Instagram, Facebook e outras plataformas.

As informações serão encaminhadas para a polícia, o Conselho Tutelar ou a Polícia Federal, de acordo com o ministério. O Disque 100 recebe e encaminha denúncias de possíveis ataques a creches, escolas e outras instituições de ensino e as encaminha com urgência às forças de segurança. A central está preparada para receber a denúncia em um formulário próprio e encaminhá-la às autoridades policiais e ao Conselho Tutelar da região. Nos casos em que são fornecidos dados de crimes cibernéticos, eles são encaminhados à Polícia Federal.

O denunciante deve informar dados como o local da ameaça e os dados do suspeito, se possível. Em ambientes virtuais, é essencial informar os meios utilizados para a ameaça nas redes sociais, como site, rede social, endereço eletrônico, nome do usuário e URL do perfil, como no Twitter, Instagram, Facebook e outras plataformas.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública também possui um canal para receber denúncias de violência escolar, o Escola Segura. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não haverá identificação do denunciante. É importante que as pessoas denunciem essas ameaças, para ajudar a proteger a segurança nas escolas e manter as crianças e jovens seguros.

Acesse o site para fazer uma denúncia.

Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima.

DENGUE: Aumenta 221% o número casos positivos em laboratórios privados

“A análise já consegue apresentar tendência de aumento significativo e preocupante“, afirmou a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) informou que aumentou 221% de exames positivos para dengue com relação à primeira semana epidemiológica de 2023. Os exames coletados, no mesmo período, apresentaram aumento de 152%. “A análise já consegue apresentar tendência de aumento significativo e preocupante, como pode-se observar em algumas localidades que já declararam surto“, disse a instituição.

O resultado foi o crescimento da positividade de 26,51% para 33,74%, no período da primeira à última semana epidemiológica deste ano. Os “positivos” representa o número total de pacientes com testes positivos, enquanto “positividade” é a relação entre os testes positivos e os exames realizados.

A análise epidemiológica é feita a  partir dos dados oferecidos pelos laboratórios que integram a Associação.

De forma geral, 60% do volume de exames feitos na rede suplementar são feitos em laboratórios associados da Abramed. São mais de quatro mil tipos oferecidos, como testes de dengue, incluindo os de resposta rápida.

São eles: anticorpos anti dengue IgG –IgM; antígeno para Dengue; antígeno dengue – NS1; detecção e tipagem do vírus da dengue por PCR; PCR para chikungunya e dengue; PCR para Zika, Chikungunya e Dengue; PCR para Zika, Chikungunya.