Petrobras negocia recompra de refinaria na Bahia vendida em 2021 por US$ 1,65 bilhão

A empresa negocia com o fundo Mubadala, controlador da Acelen, para readquirir a refinaria de Mataripe

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Petrobras está em negociações avançadas com o fundo Mubadala para readquirir a refinaria de Mataripe, localizada na Bahia, que foi vendida há três anos por US$ 1,65 bilhão durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A estratégia faz parte dos planos do governo federal de aumentar os investimentos da estatal na produção de combustíveis fósseis.

A transação ainda não foi concluída, mas a expectativa é que o valor de recompra não seja inferior ao preço original da venda. A refinaria de Mataripe, atualmente controlada pela Acelen, uma empresa do fundo Mubadala, deve retornar ao portfólio da Petrobras, que visa expandir sua capacidade de refino. A Acelen, por sua vez, demonstra interesse em se tornar parceira da estatal em novos projetos de energia renovável.

A mudança de postura da Petrobras está alinhada com a nova gestão da empresa sob a presidência de Magda Chambriard, que prioriza a ampliação das atividades de refino de petróleo. Este movimento estratégico reflete o compromisso do governo federal em reforçar a atuação da Petrobras como uma das principais produtoras de combustíveis fósseis, enquanto aborda questões de transição energética.

A Petrobras defende que a venda de parte de suas refinarias, decidida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em 2019, comprometeria seus rendimentos e, consequentemente, os investimentos necessários para a transição energética. Este argumento tem sido central para justificar a expansão da empresa no setor de petróleo, embora críticos apontem a falta de um plano claro para utilizar os recursos obtidos na exploração petrolífera para financiar essa transição.

Mariana Mota, coordenadora de políticas públicas do Greenpeace Brasil, destaca que o governo não apresentou garantias sobre como os recursos serão aplicados na transição energética. “Não há cronograma, metas ou compromissos claros. O discurso de financiar a transição não se traduz em ações concretas”, afirma Mota, criticando a lentidão dos planos do governo Lula para a transição energética em contraste com a agilidade nas ações para expandir a exploração de petróleo.

Em paralelo, a cidade de Barcarena, no Pará, emerge como um novo polo de gás fóssil na região amazônica, com a inauguração de um terminal de gás natural liquefeito (GNL) e a construção de uma usina termelétrica a gás, projetada para ser a maior da América Latina. Essa expansão do setor de gás gera preocupações entre a população local e ambientalistas, que temem o agravamento de problemas hídricos, sociais e de poluição na região, como reportado pela Agência Pública.

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Petrobras avança na recuperação da Refinaria de Mataripe e planeja Biorrefinaria na Bahia

A refinaria, além de produzir GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, se destaca por ser a única no país a produzir parafina de teor alimentício, essencial na fabricação de chocolates e chicletes, e n-parafinas, utilizadas na produção de detergentes biodegradáveis

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Petrobras está dando passos significativos em direção à retomada da Refinaria de Mataripe, anteriormente conhecida como Refinaria Landulpho Alves (Rlam), ao mesmo tempo em que inicia o desenvolvimento de uma biorrefinaria integrada na Bahia. A empresa agora está imersa na fase de avaliação de negócios, a qual inclui uma due diligence meticulosa dos ativos e a definição do modelo de negócios mais adequado para esses empreendimentos.

Este movimento estratégico da Petrobras está sendo acompanhado de perto pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), conforme destacado por Deyvid Bacelar, coordenador-geral da entidade. Bacelar ressaltou a importância crítica de monitorar de perto as negociações, especialmente em relação às demissões recentes promovidas pela Acelen, enquanto a Petrobras trabalha para reassumir o controle da refinaria.

“Consideramos as demissões inaceitáveis. Vamos precisar de uma força de trabalho altamente qualificada, pois nossa visão vai além da mera retomada. Buscamos expandir a presença da Petrobras na região, agora com o adicional da nova biorrefinaria,” alertou Bacelar.

A Refinaria de Mataripe, atualmente operada pela Acelen, empresa formada pelo grupo Mubadala Capital após a privatização do ativo em 2021, é um empreendimento de destaque. Com uma capacidade de produção de 377 mil barris por dia de produtos de alto valor agregado, como GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria se diferencia por ser a única no país a produzir parafina de teor alimentício (food grade), essencial na fabricação de chocolates e chicletes, e n-parafinas, utilizadas na produção de detergentes biodegradáveis. A Rlam é a segunda maior refinaria do Brasil, desempenhando um papel vital no abastecimento não só do estado da Bahia, mas também de outras regiões do Nordeste e de Minas Gerais.