STF garante anistia a cabos da Aeronáutica afastados no início da ditadura militar

O Plenário do Supremo Tribunal Federal invalidou, nesta sexta-feira (28/2), 36 portarias de 2020 que haviam anulado a anistia política e a pensão concedidas a ex-cabos da Aeronáutica afastados de seus cargos no início da ditadura militar por se posicionarem contra o golpe

Conjur – O julgamento virtual havia começado no dia 21/2. A revogação da anistia ocorreu no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ordem do antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, à época chefiado pela hoje senadora Damares Alves (Republicanos).

Contexto
Ex-ministra Damares Alves revogou em 2020 anistia de 313 militares afastados em 1964

Em 1964, após o golpe militar, cabos da Aeronáutica que se opuseram à ruptura democrática foram passados para a reserva. Entre 2002 e 2006, o Ministério da Justiça e Segurança Pública expediu várias portarias para conceder anistia e pensão a esses ex-militares afastados pela ditadura.

Já em 2019, o STF decidiu que a administração pública pode rever a concessão de anistia a ex-militares, desde que respeite o devido processo legal. Também ficou estabelecido que a União não pode pedir a devolução das verbas já repassadas.

No ano seguinte, o ministério comandado por Damares Alves editou 313 portarias que anularam a anistia concedida aos cabos da Aeronáutica afastados em 1964. A justificativa da então ministra foi a “ausência de comprovação da existência de perseguição exclusivamente política no ato concessivo”.

Naquele mesmo ano, o Conselho Federal da OAB contestou no Supremo todas as portarias, por meio de uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF). A entidade alegou violação ao contraditório e à ampla defesa.

Isso porque as mais de 300 portarias, que revogaram anistias concedidas há quase duas décadas, em nenhum momento cientificaram os administrados por ela atingidos, obstaculizando qualquer possibilidade de atuação e defesa de sua parte”, diz trecho da petição inicial.

O constitucionalista Lenio Streck, colunista da revista eletrônica Consultor Jurídico, assinou a petição juntamente à então diretoria da OAB Nacional e ainda emitiu um parecer no qual defendeu “a imprescindibilidade de comunicação dos interessados acerca do processo administrativo a ele concernentes”, com base em precedente do próprio STF.

Desde 2020, muitas das portarias em questão foram anuladas por decisões judiciais ou administrativas. Apenas 36 permaneciam em vigor quando o STF iniciou o julgamento.

Voto da relatora

A ministra Cármen Lúcia, relatora do caso, votou por declarar a inconstitucionalidade das portarias ainda vigentes. Ela foi acompanhada por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Edson Fachin, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

Cármen concordou que houve violação ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa. Ela ressaltou que as anistias e as pensões foram anuladas após mais de 17 anos, durante a crise de Covid-19. Também lembrou que os ex-cabos são idosos.

Na sua visão, a revisão, depois de tanto tempo, é injustificada e “extrapola os parâmetros de razoabilidade que devem orientar a atuação eficiente do administrador público”. Para ela, devem ser respeitadas a segurança jurídica das relações “consolidadas pelo tempo” e a expectativa legítima de validade dos atos da administração pública.

Divergência

Já o ministro Dias Toffoli considerou que cada caso deveria ser examinado de forma separada e, por isso, sequer avaliou os pedidos da OAB. Vencido quanto a esse ponto, ele votou pela validade das portarias de 2020. Kassio Nunes Marques e André Mendonça acompanharam seu voto na íntegra.

De acordo com Toffoli, somente a análise caso a caso poderia atestar se o devido processo legal foi atendido ou não. Ele ressaltou que, segundo a jurisprudência da Corte, uma ADPF não serve para a “defesa de interesses individuais e concretos”.

Após analisar os andamentos de uma mostra de processos de requerimento de anistia, o magistrado não viu nada que apontasse, “de forma facilmente verificável”, se o devido processo legal foi ou não seguido nos casos contestados. Para ele, a própria necessidade de consulta aos andamentos “já sugere a necessidade de verificação caso a caso das violações alegadas”.

Já Gilmar Mendes acompanhou a divergência somente quanto à impossibilidade de análise da ação, sem se manifestar sobre o mérito do caso, por entender que os argumentos da OAB exigem “exame pormenorizado de circunstâncias fáticas concretas” e que cada caso deve ser analisado em outras instâncias.

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Militares da FAB são presos por usarem voos oficiais para tráfico de drogas

Investigação aponta transporte ilegal entre São Gabriel da Cachoeira e Manaus

Caso de Política com CNN – A Polícia Civil do Amazonas prendeu três militares da Força Aérea Brasileira (FAB) acusados de utilizar aeronaves oficiais para o tráfico de drogas. As detenções ocorreram na última segunda-feira (3), mas só foram divulgadas à imprensa nesta quinta-feira (6). A operação, batizada de “Queda do Céu”, revelou um esquema que transportava entorpecentes de São Gabriel da Cachoeira, na fronteira com a Colômbia e Venezuela, até Manaus. As informações são da CNN Brasil.

Os suspeitos, com idades entre 22 e 26 anos, facilitavam a movimentação da droga nos voos militares que saíam do aeroporto da base da FAB no município. A investigação teve início em junho de 2024, quando 342 quilos de maconha foram apreendidos, resultando na prisão de um soldado do Exército, dois ex-militares e duas mulheres.

Além dos militares da ativa presos nesta semana, outros dois homens foram detidos. Entre eles, um suspeito de 42 anos apontado como financiador do esquema. De acordo com a polícia, ele era o verdadeiro dono da carga de maconha apreendida no ano passado e movimentou cerca de R$ 2 milhões em 2024, apesar de declarar renda mensal de apenas R$ 1 mil. Para disfarçar o dinheiro ilícito, alugava veículos em São Gabriel da Cachoeira.

A Força Aérea Brasileira afirmou, por meio de nota, que colabora com as investigações e reforçou que não compactua com desvios de conduta dentro da corporação.

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VÍDEO: Caça da FAB abate avião carregado com 400 kg de cocaína

Foto: Divulgação/FAB

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Na última terça-feira (9), uma operação da Força Aérea Brasileira (FAB) surpreendeu uma aeronave carregada com aproximadamente 400 quilos de cocaína nos arredores de Londrina, Paraná. O avião, de origem paraguaia, foi detectado pelas autoridades, que mobilizaram rapidamente caças Super Tucano e o avião radar E-99 para a ação.

Nesta quinta-feira (11), a FAB divulgou nas redes sociais um vídeo revelador que mostra os bastidores do momento crítico em que os militares são acionados para a operação.

O vídeo começa com um alerta sonoro, indicando a iminente partida de uma das aeronaves da frota. Em questão de segundos, um militar prontamente equipado embarca em um A-29 Super Tucano, enquanto o avião radar E-99 também é despachado, em coordenação com a Polícia Federal.

O processo é meticulosamente detalhado: primeiro, um Reconhecimento à Distância (RAD) é realizado para obter imagens e informações preliminares da aeronave interceptada. Em seguida, o procedimento de Interrogação (ITG) é conduzido, envolvendo comunicação via rádio e sinais visuais. Se necessário, medidas de intervenção são tomadas, incluindo a ordem de pouso obrigatório.

A aeronave suspeita, um Cesna-182, entrou no território nacional pelo Mato Grosso do Sul, vindo do Paraguai, e passou a ser monitorada pelo Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE). Quando as autoridades constataram que a matrícula do avião era clonada, determinaram seu pouso obrigatório em Londrina, Paraná.

O vídeo capta o momento em que o piloto do caça dá a ordem: “Por determinação da Força Aérea, sua rota será modificada, vire à esquerda”, ao comandante da aeronave transportando drogas. Estima-se que inicialmente havia cerca de meia tonelada de material ilícito a bordo.

No entanto, o avião desafiou a ordem de pouso e realizou uma aterrissagem forçada em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), partindo-se ao meio e espalhando sua carga pelo terreno. O piloto tentou escapar, mas foi capturado por um helicóptero da Polícia Federal e detido em flagrante por tráfico internacional de drogas.

Este vídeo revelador, compartilhado pela FAB, destaca os esforços conjuntos das forças de segurança brasileiras para combater o tráfico de drogas e proteger as fronteiras do país. É um lembrete vívido do incessante trabalho realizado nos bastidores para manter a ordem e a segurança em meio aos desafios enfrentados pelas autoridades.

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Depoimentos à PF implicam Bolsonaro em trama golpista de alto escalão

Comandantes das forças armadas confirmam leitura da minuta de golpe em reunião

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Diversos depoimentos prestados à Polícia Federal confirmaram a existência de uma trama golpista no alto escalão do governo anterior, com destaque para ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, Marco Antonio Freire Gomes e Carlos Almeida Baptista Júnior, que apontaram o ex-presidente Jair Bolsonaro como figura central nas conspirações.

O sigilo dos depoimentos foi levantado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito sobre a suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente e seus próximos auxiliares, incluindo militares graduados do governo.

Nas declarações, os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica afirmaram ter participado de reuniões no Palácio da Alvorada com Bolsonaro para discutir uma minuta de decreto presidencial destinada a mantê-lo no poder após a derrota no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Freire Gomes revelou que, durante uma reunião em dezembro de 2022 na biblioteca do Alvorada, uma minuta de golpe foi apresentada a ele por Filipe Martins, ex-assessor especial da Presidência, com Bolsonaro informando que o documento estava em avaliação e seria atualizado aos comandantes.

Além disso, Baptista Jr. também relatou participação em reuniões em que Bolsonaro discutiu o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a decretação do Estado de Defesa para enfrentar uma possível crise institucional.

Outros depoimentos, como o do ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, confirmaram que a ideia de questionar as urnas após o segundo turno de 2022 partiu da contratação do Instituto Voto Livre (IVL) por R$ 1 milhão. Costa Neto afirmou que Bolsonaro o pressionou a entrar com uma ação contra o resultado das urnas, mesmo após a multa de R$ 22 milhões imposta ao PL por litigância de má-fé.

Apesar dos depoimentos que implicam Bolsonaro, alguns respondentes, como o general Estevam Cals Teóphilo Gaspar e Oliveira, negaram qualquer envolvimento em um golpe de Estado. De um total de 27 convocados para depor, 14 optaram por permanecer em silêncio, alegando direito constitucional de não produzir provas contra si mesmos.

Bolsonaro nunca admitiu ter discutido ou participado de algum plano golpista, sendo a defesa do ex-presidente e seus aliados alegando desconhecimento ou negação de envolvimento nessas práticas. No entanto, os indícios apresentados nos depoimentos revelam uma trama complexa no alto escalão do governo anterior, com desdobramentos investigados pelo STF.