Estudo revela quais animais marinhos são mais ameaçados pelos microplásticos

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um estudo liderado pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, lançou luz sobre as ameaças que os microplásticos representam para a vida marinha, desafiando conceitos anteriores e ressaltando a urgência de soluções abrangentes para combater essa forma de poluição.

Os microplásticos, minúsculos fragmentos plásticos menores que 5 milímetros, são resultantes da degradação de plásticos maiores e da produção deliberada para uso em cosméticos e produtos industriais. Diferentemente dos materiais naturais, esses plásticos não se decompõem; em vez disso, eles se fragmentam em pedaços cada vez menores, representando uma ameaça persistente para os ecossistemas marinhos.

Surpreendentemente, o estudo revelou que não são apenas os organismos filtradores que estão em risco pela ingestão de microplásticos, como se acreditava anteriormente. Na verdade, são os predadores, onívoros e necrófagos dos oceanos que enfrentam maior perigo. Caranguejos, estrelas-do-mar, pepinos-do-mar e até lulas são mais propensos a conter microplásticos em seus sistemas. Essa descoberta desafia conceitos prévios sobre os mecanismos de ingestão e expulsão dessas substâncias.

Além disso, o estudo ressalta a importância da localização na determinação do risco de exposição aos microplásticos. Regiões altamente poluídas, como o Mediterrâneo e o Mar Amarelo, apresentam níveis alarmantes de ingestão de plástico por parte dos animais marinhos. Essa variação geográfica nos níveis de poluição oferece novos insights sobre a distribuição global e os impactos dos resíduos plásticos nos oceanos.

As implicações dessas descobertas vão além da saúde das espécies marinhas. Criaturas do leito marinho desempenham um papel vital na reciclagem de nutrientes e na sustentação da teia alimentar marinha. A ingestão de microplásticos por esses organismos pode ter efeitos cascata no ecossistema, afetando a saúde geral do oceano.

Para resolver esse problema complexo, é necessária uma abordagem multifacetada. A professora Tamara Galloway, da Universidade de Exeter, destaca a urgência de reduzir drasticamente a produção de plástico, especialmente os plásticos de uso único. Embora ações individuais, como a adoção de itens reutilizáveis, sejam importantes, mudanças sistêmicas e melhorias na infraestrutura de gerenciamento de resíduos são cruciais para conter a maré de poluição plástica nos oceanos.

As descobertas do estudo, publicadas na revista Nature Communications, servem como um chamado à ação. Elas destacam a complexidade da questão da poluição por microplásticos e a importância contínua da pesquisa e do desenvolvimento de políticas para proteger os oceanos e a diversidade de vida marinha que eles sustentam.

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Pesquisadores desenvolvem inteligência artificial para proteger fauna ameaçada nas rodovias brasileiras

Estudo se concentra em espécies da fauna brasileiras em extinção

Caso de Política com informações da EBC – Em uma iniciativa pioneira, pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) estão dando passos significativos na proteção da vida selvagem brasileira através do uso de tecnologia avançada. Seu foco está em desenvolver sistemas de inteligência artificial (IA) capazes de identificar e alertar sobre a presença de animais vulneráveis em nossas rodovias, visando reduzir os trágicos acidentes que frequentemente resultam em suas mortes.

O estudo liderado pelo renomado pesquisador Gabriel Souto Ferrante visa não apenas mitigar os impactos negativos das colisões entre veículos e animais, mas também preservar espécies em risco de extinção. A visão é ambiciosa: instalar dispositivos de detecção ao longo das estradas, conectados a sistemas de processamento em tempo real, capazes de identificar e alertar sobre a presença de animais na pista.

“Imagine um futuro onde a tecnologia não apenas nos conecta, mas também nos conecta com a vida selvagem, nos alertando sobre sua presença e nos dando a oportunidade de agir para protegê-la”, visualiza Ferrante.

O cerne da pesquisa reside na capacidade de os algoritmos de visão computacional reconhecerem e classificarem corretamente os animais, mesmo em condições adversas. Para alcançar esse objetivo, os pesquisadores criaram um vasto conjunto de dados contendo amostras de diferentes espécies, fornecendo aos modelos de IA uma base sólida para seu aprendizado.

“No entanto, nossa jornada está longe de ser fácil”, admite Ferrante. “Enfrentamos desafios técnicos significativos, como a necessidade de lidar com condições climáticas adversas, visibilidade reduzida e imagens de baixa qualidade. Mas é exatamente esse tipo de desafio que nos impulsiona a inovar e superar obstáculos.”

Além das dificuldades técnicas, questões financeiras também estão em jogo. A implementação em larga escala desses sistemas requer investimentos significativos em equipamentos de ponta, algo que nem sempre está disponível nas estruturas existentes das rodovias brasileiras.

No entanto, os números falam por si só. Dados recentes da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) revelam uma triste realidade: mais de 6,3 mil animais silvestres foram vítimas de atropelamento em 2023 apenas nas rodovias concedidas do estado. E não é apenas uma questão de números, mas também de biodiversidade. Espécies emblemáticas, como tamanduás, capivaras e quatis, estão entre as mais afetadas, deixando um rastro de perda e devastação.

Ainda assim, há esperança. Os esforços incansáveis dos pesquisadores, aliados ao potencial transformador da tecnologia, oferecem uma luz no fim do túnel. Um futuro onde as estradas não representam uma ameaça à vida selvagem, mas sim um corredor seguro onde humanos e animais podem coexistir harmoniosamente. Esse é o sonho que impulsiona cada linha de código, cada experimento de laboratório, na busca pela proteção da nossa fauna e da nossa natureza.

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