Barreiras registra 6% de sua população em favelas, contrariando outras cidades da região oeste

Imagem ilustrativa da internet

Dados do IBGE de 2024 revelam desigualdade no acesso à infraestrutura em cidades baianas; Barreiras tem cerca de 10.240 pessoas morando em favela na região

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O município de Barreiras, com uma população estimada de 170.667 habitantes em 2024, é o maior do oeste da Bahia e o décimo do estado. Contudo, ao lado do crescimento populacional, a cidade se destaca negativamente pelo índice de moradia precária. Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6% da população barreirense vive em favelas, o que representa cerca de 10.240 pessoas, configurando um desafio significativo para a gestão pública local. O cenário urbano da cidade reflete um histórico de ausência de políticas habitacionais consistentes, com a última grande entrega de moradias ocorrendo em 2015, quando a então presidente Dilma Rousseff inaugurou 1.476 unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Desde então, nenhuma nova iniciativa habitacional foi implementada pela administração municipal, deixando a população mais vulnerável sem alternativas de moradia adequada.

Este número coloca Barreiras em uma posição de destaque quando comparada a outras cidades da região, como Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Formosa do Rio Preto e Angical, que não apresentam registros de habitações precárias ou aglomerados habitacionais. A realidade da cidade ilustra um contraste com a média nacional, onde 16,4 milhões de brasileiros vivem em favelas, correspondendo a 8,1% da população do país, conforme os dados do Censo 2022.

Crescimento das favelas no brasil: 16,4 milhões de pessoas em 12,4 mil comunidades

Em uma análise mais ampla do Brasil, o IBGE identificou 12,4 mil favelas em 656 municípios, marcando um crescimento em relação aos números de 2010, quando o país registrava 6.329 favelas em 323 cidades. Essa expansão reflete, em parte, a melhoria na coleta de dados e a maior visibilidade das condições habitacionais das populações marginalizadas.

No caso de Barreiras, além do alto índice de favelas, os moradores da cidade enfrentam ainda a falta de saneamento básico e fornecimento de água potável, condições que agravam a vulnerabilidade social e aumentam as dificuldades de desenvolvimento urbano e de qualidade de vida. Esse cenário reflete uma questão estrutural que precisa ser enfrentada pelas autoridades locais e estaduais, considerando a crescente urbanização e os desafios de infraestrutura enfrentados pela cidade.

A falta de planejamento e as dificuldades financeiras: obstáculos ao progresso

Um dos principais fatores que contribuem para a formação de favelas e a persistência das condições precárias em Barreiras é a ausência de um planejamento urbano eficaz. A última iniciativa habitacional significativa ocorreu em 2015, quando a ex-presidente Dilma Rousseff entregou 1.476 unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida” no município. Desde então, nenhuma nova iniciativa habitacional foi implementada pela administração municipal, o que deixou centenas de famílias sem opções acessíveis de moradia.

Além disso, as dificuldades financeiras enfrentadas pela população de favelas são profundas. A maioria das famílias que reside em aglomerados habitacionais não possui renda suficiente para acessar serviços essenciais como saúde, educação e transporte de qualidade, tampouco para arcar com os custos de moradias formais ou com a legalização das residências onde moram. A escassez de oportunidades de emprego e o baixo nível de escolaridade contribuem para a exclusão social e perpetuam o ciclo de pobreza.

Em contraste, cidades da mesma região, como Luís Eduardo Magalhães, têm se destacado pelo crescimento econômico impulsionado pela agricultura, mas sem os mesmos problemas urbanos. A falta de favelas nessas localidades revela desigualdades no planejamento urbano e na distribuição de recursos, evidenciando que Barreiras precisa, com urgência, revisar suas políticas públicas de habitação e infraestrutura.

O aumento no número de favelas em todo o Brasil é um reflexo das condições socioeconômicas desiguais e da necessidade de políticas públicas mais efetivas. Barreiras, com sua elevada taxa de população em condições precárias de moradia, deve se preocupar em implementar soluções integradas para garantir um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável para seus habitantes.

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Duas das maiores favelas do Brasil estão em Salvador, aponta Censo 2022 do IBGE

Beiru e Pernambués figuram entre as 20 maiores favelas do país, refletindo a realidade das periferias urbanas em Salvador

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que Salvador abriga duas das 20 maiores favelas do Brasil, com um total combinado de mais de 73 mil moradores. A comunidade do Beiru, localizada no bairro de Tancredo Neves, ocupa o 10º lugar no ranking nacional, com 38.871 habitantes, e é a maior favela da Bahia. A segunda maior favela da capital baiana, Pernambués, figura no 11º lugar, com 35.110 moradores.

Esses dados fazem parte de uma análise mais ampla do IBGE, que inclui informações sobre a população que vive em 12.348 favelas espalhadas por 656 municípios brasileiros. No total, cerca de 16 milhões de pessoas vivem em favelas no país, com 1,3 milhão de baianos residindo nessas comunidades. Salvador, portanto, aparece como um importante retrato da realidade das favelas no Brasil, não apenas pela quantidade de moradores, mas também pela dimensão da desigualdade social.

As favelas brasileiras mais populosas estão concentradas principalmente no Sudeste e Norte do país. A Rocinha, no Rio de Janeiro, continua sendo a maior favela do Brasil, com 72.021 habitantes. No entanto, a presença de Salvador nesse ranking, com Beiru e Pernambués, é um indicativo claro dos desafios urbanos enfrentados pela cidade. Enquanto o Beiru fica a uma considerável distância da Rocinha em número de moradores, com 34 mil habitantes a menos, a comparação entre as duas revela uma constante preocupação com a urbanização precária e a falta de serviços essenciais nessas áreas.

Além disso, o Censo 2022 apresenta uma segunda análise, com base no número de domicílios ocupados. A lista revela uma dinâmica diferente das populações, e mais uma vez, Beiru e Pernambués figuram entre as maiores. O Beiru tem 15.618 domicílios, enquanto Pernambués ocupa a 10ª posição, com 14.649 residências. Isso destaca não apenas o número de habitantes, mas também a quantidade de famílias vivendo nessas condições precárias.

A distribuição geográfica das favelas mais populosas é reveladora: das 20 maiores, oito estão na região Norte, sete no Sudeste, quatro no Nordeste e uma no Centro-Oeste. A predominância do Norte, com grandes comunidades na Amazônia e no Nordeste, como em Manaus, São Luís e Belém, reflete a crescente urbanização e a expansão das favelas em áreas históricas de pobreza e desigualdade.

O ranking também traz à tona as favelas com maior extensão territorial. Nesse cenário, Salvador se destaca mais uma vez, com a favela de Valéria, no subúrbio da cidade, figurando em 5º lugar entre as maiores em área, com 5,5 km². Essa comunidade, embora com uma população menor em comparação com Beiru e Pernambués, chama a atenção pela vastidão territorial e pelos desafios urbanos que surgem com a ocupação do espaço.

Por fim, o estudo do IBGE ilustra a complexidade das favelas brasileiras: enquanto muitas são densamente povoadas, outras possuem grandes extensões territoriais, e muitas ainda enfrentam o desafio de infraestrutura básica, como saneamento e transporte público adequados. A realidade das favelas em Salvador, com suas duas principais comunidades entre as maiores do país, é um reflexo das desigualdades urbanas que afligem não só a cidade, mas todo o Brasil.

Ranking das 20 maiores favelas por quantidade de moradores:

  1. Rocinha (RJ) – 72.021
  2. Sol Nascente (DF) – 70.908
  3. Paraisópolis (SP) – 58.527
  4. Cidade de Deus (AM) – 55.821
  5. Rio das Pedras (RJ) – 55.653
  6. Heliópolis (SP) – 55.583
  7. São Lucas (AM) – 53.674
  8. Coroadinho (MA) – 51.050
  9. Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA) – 43.105
  10. Beiru/Tancredo Neves (BA) – 38.871
  11. Pernambués (BA) – 35.110

Ranking das 20 maiores favelas por quantidade de domicílios:

  1. Rocinha (RJ) – 30.371
  2. Rio das Pedras (RJ) – 23.846
  3. Sol Nascente (DF) – 21.889
  4. Paraisópolis (SP) – 21.442
  5. Heliópolis (SP) – 20.205
  6. Coroadinho (MA) – 16.741
  7. Cidade de Deus (AM) – 15.872
  8. Beiru/Tancredo Neves (BA) – 15.618
  9. São Lucas (AM) – 15.469
  10. Pernambués (BA) – 14.649

Ranking das 20 maiores favelas por extensão territorial (km²):

  1. 26 de Setembro (DF) – 10,5
  2. Sol Nascente (DF) – 9,2
  3. Morro da Cruz (DF) – 5,9
  4. Invasão Água Limpa (MG) – 5,7
  5. Valéria (BA) – 5,5
  6. Coroadinho (MA) – 5,4
  7. Santa Etelvina (AM) – 4,8
  8. Parque Estrela (RJ) – 4,6
  9. João de Barro (RR) – 4,6
  10. Jardim Progresso (RN) – 4,5
  11. Cidade de Deus (AM) – 4,3
  12. Baía do Sol (PA) – 4,2
  13. Residencial Tiradentes (MA) – 4,2
  14. Gapara (MA) – 4,1
  15. Vila Nestor (MA) – 4,1
  16. Nacional (RO) – 4,1
  17. Santa Rita (BA) – 4,0
  18. Barra Alegre (MG) – 3,9
  19. São Lucas (AM) – 3,8
  20. Água Boa (PA) – 3,8
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