Mais de R$ 200 milhões em contratos em Eunápolis e Barreiras: Rei do Lixo e os vínculos com prefeituras do União Brasil na Bahia

Empresário ligado à cúpula do União Brasil foi preso e solto na Operação Overclean, que investiga um esquema bilionário de desvios em contratos públicos que são alvos da investigação da Polícia Federal

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Conhecido como “Rei do Lixo”, o empresário José Marcos de Moura está no centro de um esquema bilionário de contratos de limpeza urbana investigado pela Operação Overclean. Moura, que integra a cúpula nacional do União Brasil, foi preso e solto no âmbito da investigação da Polícia Federal, que apura fraudes, superfaturamento e lavagem de dinheiro em contratos firmados com diversas prefeituras baianas.

De acordo com o Portal Metrópoles, a empresa Limp City, pertencente ao consórcio administrado por Moura, firmou contratos sem licitação que somam R$ 50,1 milhões com a Prefeitura de Eunápolis, administrada à época por Cordélia Torres (União Brasil). O primeiro contrato, firmado em caráter emergencial em março de 2023, tinha valor inicial de R$ 16,7 milhões e previa a prestação de serviços por seis meses. Contudo, por meio de dois termos aditivos, o montante triplicou, garantindo o pagamento de mais de R$ 50 milhões por um período de um ano e meio.

Cordélia Torres, então prefeita e membro da executiva estadual do União Brasil, enfrentou um processo de cassação por supostos crimes de responsabilidade político-administrativa, falsificação de documentos e improbidade administrativa. A gestão da ex-prefeita também se destacou pelo alto volume de emendas parlamentares recebidas: em quatro anos, Eunápolis foi contemplada com R$ 54,2 milhões, valor muito superior aos R$ 4,9 milhões recebidos pelo município nos dez anos anteriores.

A Limp City, que tem capital social de R$ 27,5 milhões, integra o consórcio Ecosal, também administrado por Moura. O conglomerado inclui ainda a Torre Construções LTDA (R$ 126 milhões), a Jotagê Engenharia (R$ 40 milhões) e a MM Limpeza Urbana (R$ 30 milhões), onde o empresário figura como sócio-administrador. A sede da Limp City está localizada em Salvador, a cerca de 650 km de Eunápolis.

Em Barreiras, segundo apuração do Portal Caso de Política, a MM Consultoria Construções e Serviços, também ligada a Moura, firmou contratos licitados que, desde 2017, renderam mais de R$ 155 milhões à empresa. Durante a gestão de Zito Barbosa (União Brasil), os pagamentos anuais cresceram gradativamente, atingindo R$ 25 milhões em 2024. Os valores foram detalhados pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), que apontou que os contratos seguem sob investigação da Overclean.

Segundo as informações do TCM, os valores pagos ano a ano mostram a crescente movimentação financeira em Barreiras:

  • 2017: R$ 9.301.615,25
  • 2018: R$ 17.464.931,16
  • 2019: R$ 18.369.996,88
  • 2020: R$ 18.786.683,21
  • 2021: R$ 21.516.564,52
  • 2022: R$ 20.360.650,59
  • 2023: R$ 25.039.712,65
  • 2024: R$ 25.078.638,42

A Operação Overclean, deflagrada em dezembro de 2024, cumpriu 17 mandados de prisão preventiva e 43 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens avaliados em R$ 162,3 milhões, incluindo aeronaves, barcos, imóveis de luxo e veículos de alto padrão. Segundo a Polícia Federal, o grupo investigado movimentou R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos, sendo R$ 825 milhões apenas em 2024.

Além de Moura, a operação também teve como alvo o vereador Francisco Nascimento (União Brasil), primo do então líder do partido na Câmara, deputado federal Elmar Nascimento. Durante a abordagem policial, o vereador tentou se desfazer de uma sacola com R$ 200 mil, jogando-a pela janela. Moura e Nascimento foram soltos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que considerou que as prisões “não apresentavam fatos objetivos que justificassem a segregação temporária”.

A investigação segue em curso, podendo revelar novos desdobramentos sobre o esquema de fraudes e desvios de recursos envolvendo contratações públicas na Bahia.

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“Rei do lixo” é alvo de megaoperação da PF: empresa faturou mais de R$ 150 milhões em Barreiras

Operação Overclean investiga fraudes e desvios bilionários em contratos públicos, envolvendo até emendas parlamentares

Caso de Política com informações da PF – Nesta terça-feira (10/12), a Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Receita Federal do Brasil e a Controladoria-Geral da União, deflagrou a “Operação Overclean”. A ação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro, com impacto direto em contratos milionários da Prefeitura de Barreiras.

Entre os alvos está José Marcos de Moura, conhecido como o “Rei do Lixo”, proprietário da MM Consultoria Construções e Serviços. Desde 2017, a MM é responsável pelos serviços de limpeza urbana em Barreiras, período em que faturou R$ 155.919.792,68. Apenas em 2024, os pagamentos ultrapassaram R$ 25 milhões, segundo dados do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

Os valores pagos ano a ano mostram a crescente movimentação financeira:

  • 2017: R$ 9.301.615,25
  • 2018: R$ 17.464.931,16
  • 2019: R$ 18.369.996,88
  • 2020: R$ 18.786.683,21
  • 2021: R$ 21.516.564,52
  • 2022: R$ 20.360.650,59
  • 2023: R$ 25.039.712,65
  • 2024: R$ 25.078.638,42
Operação de grande escala

A Operação Overclean envolve 17 mandados de prisão preventiva, 43 mandados de busca e apreensão e ordens de sequestro de bens nos estados da Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A investigação revelou que a organização criminosa teria desviado recursos de emendas parlamentares e convênios por meio de superfaturamento em contratos de obras e serviços, incluindo contratos com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), especialmente na Coordenadoria Estadual da Bahia (CEST-BA).

A cooperação internacional, realizada por intermédio da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna (HSI), permitiu identificar que o grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão entre os valores investigados, sendo R$ 825 milhões apenas em contratos de 2024.

Patrimônio bloqueado

O valor sequestrado pela Justiça Federal, que inclui aeronaves, imóveis de luxo, barcos e veículos de alto padrão, soma R$ 162.379.373,30. Além disso, oito servidores públicos foram afastados de suas funções, enquanto a MM Consultoria e outros envolvidos continuam sob investigação.

Crimes apurados

A operação investiga os crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, além de lavagem de dinheiro. As ações da Polícia Federal prometem trazer mais desdobramentos à tona, envolvendo não apenas o município de Barreiras, mas também outras administrações municipais e órgãos federais.

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