Poluição plástica atinge nível alarmante e se torna a 2ª maior ameaça ambiental, alerta ONU

Brasil é o maior poluidor da América Latina e precisa de políticas públicas urgentes

Caso de Política com Jornal da USP A poluição causada pelo plástico já é considerada a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). A situação é agravada pelo aumento exponencial da produção de plásticos descartáveis, que supera a capacidade global de gerenciamento e reciclagem.

Dados alarmantes da ONG norte-americana Center for Climate Integrity revelam que apenas 9% do plástico produzido no mundo é reciclado, com um índice ainda mais crítico no Brasil, onde apenas 1,3% passa pelo processo. A pesquisadora Sylmara Gonçalves Dias, da USP, alerta que o problema se intensificou na última década com a crescente presença de plástico nos oceanos, para onde escapam cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos anualmente.

Apesar da crescente preocupação, a poluição plástica é um problema que persiste desde a década de 1940, com materiais resistentes que podem levar de 400 a 500 anos para se decompor. A pesquisadora destaca que a quantidade total de plástico produzido ao longo de quase 70 anos é “estratosférica” e se acumula no ar, na água e no solo.

Diante desse cenário crítico, um movimento global tem ganhado força nos últimos três anos, com o objetivo de banir o uso de plásticos de uso único. Essa iniciativa faz parte do Tratado Global do Plástico, em discussão desde 2022 na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que busca estabelecer medidas para combater a poluição plástica em nível global.

O acordo internacional, que ainda enfrenta resistência de alguns países, prevê a proibição de plásticos descartáveis mais nocivos e evitáveis, como copos, canudos, sacolas plásticas e embalagens de alimentos. Além disso, o tratado busca promover a redução, reutilização e reciclagem de todos os produtos plásticos.

Para Sylmara, a solução para o problema da poluição plástica passa por políticas públicas conjuntas, com a participação de diversos ministérios e instâncias regionais, além de instituições de apoio à causa. Ela ressalta que a gestão pública precisa de uma ação interinstitucional e interministerial para que a tomada de decisão atinja todas as dimensões do problema.

A pesquisadora alerta que o principal poluidor é o extrativismo, com a extração do petróleo, e que as projeções indicam um crescimento de mais de 50% no uso e consumo de plástico nos próximos 20 anos. O Brasil, oitavo maior poluidor global de plásticos e o maior da América Latina, injeta anualmente 500 bilhões de itens de plásticos de uso único no mercado.

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Moraes rebate críticas dos EUA e defende soberania do Brasil no STF: “Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822”

Em resposta a críticas do governo americano, ministro do STF reforça a independência do Judiciário brasileiro e a soberania nacional, citando a Constituição e a luta contra o fascismo e o imperialismo

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu nesta quinta-feira (27) às críticas do governo dos Estados Unidos sobre decisões da Justiça brasileira, reforçando a defesa da soberania do Brasil e a independência do Poder Judiciário. A declaração, feita durante sessão da Corte, ocorreu após o Departamento de Estado americano questionar decisões do STF relacionadas à plataforma de vídeos Rumble.

Moraes enfatizou que o Brasil não é mais uma colônia e que está construindo uma República independente e democrática.

“Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e, com coragem, estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”, declarou o ministro.

Ele ainda citou a Carta da ONU, que prevê “a luta contra o fascismo, nazismo, imperialismo, seja presencial, virtual, e a defesa da democracia e direitos humanos”, para justificar as ações do Judiciário brasileiro. Moraes também lembrou a frase do escritor Guimarães Rosa: “O que a vida quer da gente é coragem”.

A manifestação de Moraes surge após uma publicação do Departamento de Estado dos EUA no X (antigo Twitter), na qual o governo americano criticou decisões do STF relacionadas à plataforma Rumble. A mensagem questionava o bloqueio de acesso à informação e a imposição de multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar usuários.

A reação americana ocorre em meio à aprovação de um projeto de lei em uma comissão da Câmara dos Deputados dos EUA que visa barrar a entrada de Moraes no país. A proposta, intitulada “Sem Censores em Nosso Território”, proíbe a entrada ou deporta qualquer pessoa considerada um “agente estrangeiro que infrinja o direito de liberdade de expressão ao censurar cidadãos dos Estados Unidos em solo americano”.

O Itamaraty consultou Alexandre de Moraes antes de emitir uma resposta oficial, buscando inicialmente evitar o acirramento das tensões. No entanto, após a postagem no X, o governo brasileiro adotou um tom mais firme, expressando “surpresa” com a manifestação do governo americano e rejeitando “qualquer tentativa de politizar questões judiciais”. O governo brasileiro também reafirmou a importância do respeito à independência dos poderes, princípio fundamental da Constituição Federal de 1988.

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G20 no Brasil: taxação de bilionários, fome e clima dominam cúpula global

Foto: Agência Brasil

Lula lança aliança contra a fome com adesão de 81 países e R$ 146 bilhões do BID, enquanto líderes debatem reforma global e justiça climática

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A cúpula de líderes do G20 teve início nesta segunda-feira (18/11), no Rio de Janeiro, com o Brasil no centro das atenções. Chefes de Estado e representantes das maiores economias do mundo enfrentam temas cruciais, como a taxação de super-ricos, o combate à fome e às mudanças climáticas, além da reforma das instituições de governança global.

O evento, que se estende até esta terça-feira (19/11), foi marcado pelo lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com adesão de 81 países, a iniciativa pretende ampliar políticas de transferência de renda para alcançar 500 milhões de pessoas até 2030. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou um aporte de US$ 25 bilhões – cerca de R$ 146 bilhões – para financiar projetos na América Latina e no Caribe, com apoio de outras nove instituições financeiras.

A fome é uma questão política, não um desastre natural. É responsabilidade dos governantes do mundo que a tratam como invisível”, declarou Lula durante um discurso no último sábado (16/11).

Taxação de fortunas e resistência política

Outro destaque da presidência brasileira no G20 é a proposta de tributar em 2% as fortunas de bilionários, com a receita destinada a reduzir desigualdades nos países mais necessitados. A ideia, defendida por Lula como uma medida de justiça social, encontra forte resistência de líderes como o presidente argentino Javier Milei, que se posiciona contra qualquer tipo de tributação global.

A tensão entre visões opostas ilustra as dificuldades em alcançar consensos dentro do G20. Mesmo assim, a proposta brasileira ganhou respaldo de nações como Alemanha, Noruega, Bangladesh e União Europeia, além do apoio explícito do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

ONU e a urgência de uma reforma global

A cúpula também se debruça sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU, alvo de críticas por sua estrutura antiquada e exclusivista. Atualmente, apenas cinco membros permanentes – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – possuem poder de veto.

O Conselho reflete o mundo de 80 anos atrás”, afirmou António Guterres, secretário-geral da ONU, durante o evento. A estrutura atual tem dificultado a tomada de decisões em crises globais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e o conflito em Gaza, alimentando o clamor por mudanças.
Clima em destaque: financiamento e sobrevivência global

O combate às mudanças climáticas é outra prioridade do G20, com o Brasil liderando as discussões para ampliar os recursos destinados à mitigação e adaptação aos impactos ambientais. Paralelamente, negociadores da COP29, no Azerbaijão, enfrentam dificuldades para definir um financiamento robusto. Países em desenvolvimento exigem ao menos US$ 1 trilhão das nações ricas para financiar ações climáticas, mas esbarram na relutância dos países desenvolvidos.

Simon Stiell, secretário executivo do Clima na ONU, pediu maior engajamento dos líderes do G20: “A cooperação internacional é nossa melhor e única chance contra o aquecimento global.”

Agenda do G20 e a passagem de bastão

A cúpula começou com a recepção dos líderes pelo presidente Lula no Museu de Arte Moderna. A manhã foi dedicada ao lançamento da Aliança Global contra a Fome e à primeira sessão de debates sobre desigualdade e governança global. À tarde, o foco recai sobre a reforma da ONU e outras instituições internacionais.

Na terça-feira, os líderes discutirão desenvolvimento sustentável e transição energética antes de encerrar a cúpula com a tradicional declaração conjunta. A presidência do G20 será então transferida para a África do Sul, que assume o comando do grupo.

O desafio de transformar discursos em ação

Com temas que vão da justiça social à sobrevivência do planeta, o G20 no Brasil traz uma pauta carregada de simbolismo e urgência. Entretanto, as barreiras políticas e econômicas deixam no ar a dúvida: os acordos desta cúpula serão um marco transformador ou mais um capítulo de promessas não cumpridas?

Lula, no entanto, deixou clara sua intenção:

“Estamos tratando a fome, a desigualdade e o clima como questões políticas, porque é isso que elas são. Não podemos mais esperar.”

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Pobreza triplica chances de ansiedade e depressão, indica relatório da ONU

Desigualdade social, jornadas exaustivas e insegurança climática alimentam transtornos mentais

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU) revela que pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver transtornos mentais, como ansiedade e depressão, quando comparadas a indivíduos em melhores condições financeiras. O documento, intitulado “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”, expõe as consequências da obsessão pelo crescimento econômico, evidenciando o impacto de condições laborais exaustivas, insegurança financeira e mudanças climáticas na saúde mental da população. Cerca de 11% da população global já enfrenta algum tipo de transtorno mental.

O relator especial da ONU, Olivier De Schutter, autor do estudo, explica que a crescente desigualdade social agrava o estresse e a instabilidade emocional das classes menos favorecidas e da classe média, que teme o rebaixamento financeiro. “Quanto mais desigual uma sociedade, mais a classe média sofre com o medo de cair na pobreza, resultando em altos níveis de estresse, ansiedade e depressão”, aponta De Schutter.

Jornada contínua e trabalho sob demanda

Um dos fatores de risco mais críticos, segundo o relatório, é o que De Schutter chama de “jornada de 24 horas por dia, 7 dias por semana”, em que trabalhadores ficam disponíveis sob demanda. Esse cenário atinge com intensidade trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais, que têm horários de trabalho voláteis, dificultando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A imprevisibilidade das jornadas e a incerteza sobre a carga horária contribuem para quadros de ansiedade e depressão, tornando-se uma fonte constante de tensão e desgaste emocional.

Insegurança climática e saúde mental

Além das condições de trabalho, o relatório também destaca a “ansiedade climática” como um fator crescente para transtornos mentais. Secas extremas, inundações e tempestades destroem meios de subsistência, gerando insegurança financeira e aumento de casos de ansiedade. A destruição dos recursos naturais afeta diretamente comunidades vulneráveis, que passam a viver em um estado constante de incerteza e medo, potencializando o impacto na saúde mental.

Propostas de ação e alternativas para redução de desigualdades

Para combater esse cenário, o relatório recomenda que governos adotem medidas de proteção social, incluindo a implementação de políticas de renda básica universal, apoio à economia social e solidária e regulamentações no mundo do trabalho para proteger trabalhadores sob demanda. Segundo De Schutter, organizações não governamentais, sindicatos e acadêmicos estão colaborando na elaboração de alternativas econômicas que visem a erradicação da pobreza sem comprometer a saúde mental dos indivíduos. Essas propostas estão previstas para serem apresentadas em 2025 e buscam uma reestruturação que permita o crescimento sustentável e o bem-estar populacional.

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EUA apresentam na ONU, proposta de Cessar-Fogo em Gaza

Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken

Caso de Política com Reuters – Na última quarta-feira (20), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciou a apresentação de uma proposta de resolução no Conselho de Segurança da ONU, instando a um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza. O anúncio ocorreu durante uma entrevista realizada na Arábia Saudita.

“Acreditamos sinceramente que os países apoiarão isso. Penso que isso enviaria uma mensagem forte, um sinal forte. Mas, claro, apoiamos Israel e o seu direito de se defender”, afirmou Blinken, destacando a importância de garantir a libertação dos reféns como parte de qualquer acordo de cessar-fogo.

Além disso, os Estados Unidos estão trabalhando em estreita colaboração com o Egito e o Catar na busca por um entendimento que possa garantir um cessar-fogo duradouro entre Israel e o Hamas, ao mesmo tempo em que garantem a segurança e a liberdade dos reféns.

“Acreditamos sinceramente que os países apoiarão isso. Penso que isso enviaria uma mensagem forte, um sinal forte. Mas, claro, apoiamos Israel e o seu direito de se defender”, reiterou Blinken.

A decisão dos EUA de apresentar a resolução no Conselho de Segurança da ONU reflete um posicionamento que vem sendo discutido desde fevereiro. Vale ressaltar que, historicamente, os Estados Unidos têm sido um firme aliado de Israel e já vetaram resoluções anteriores na ONU que pediam o cessar-fogo na Faixa de Gaza, incluindo uma proposta do Brasil.

Nos últimos meses, houve uma mudança perceptível no tom adotado pelos EUA em relação ao conflito. O presidente Joe Biden expressou preocupação com a postura do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmando que suas ações estavam “prejudicando mais do que ajudando” o país. Biden destacou a importância de Netanyahu considerar as vidas inocentes afetadas pelo conflito, sem, no entanto, indicar uma redução na ajuda militar dos EUA a Israel.

Brasil lidera campanha pela admissão do Estado Palestino na ONU

Lula se encontra com primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, na capital da Etiópia | Foto: Ricardo Stuckert

Repórter Brasil com Ministério das Relações Exteriores – O Brasil assume um papel crucial na defesa dos direitos e na busca por uma solução pacífica no conflito israelo-palestino, liderando uma campanha para a admissão do Estado Palestino como membro pleno da Organização das Nações Unidas (ONU). O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou em Ramallah, na Cisjordânia, neste domingo (17/mar), em um gesto significativo de apoio à causa palestina e repúdio à crise humanitária em Gaza, desencadeada pelos ataques militares israelenses.

Ao lado do chanceler palestino Riyad Al Maliki, Vieira firmou um acordo de cooperação, comprometendo-se o Brasil a liderar a iniciativa pela admissão da Palestina na ONU. Essa ação visa não apenas a ampliar a representatividade e os direitos do povo palestino no cenário internacional, mas também a fortalecer os esforços em direção a uma solução duradoura e pacífica para o conflito na região.

Durante seu discurso em Ramallah, Vieira enfatizou o compromisso do Brasil com os direitos humanos e a justiça internacional, condenando veementemente os ataques que têm afetado gravemente a população civil em Gaza. Ele destacou a importância de garantir acesso a alimentos, água, assistência médica e proteção para os mais vulneráveis, sublinhando a ilegalidade e imoralidade de tais ações.

Ao lado do chanceler palestino Riyad Al Maliki, Mauro Vieira enfatizou o compromisso do Brasil com os direitos humanos e a justiça internacional, condenando os ataques que têm afetado gravemente a população civil em Gaza

É ilegal e imoral retirar o acesso das pessoas à comida e à água. É ilegal e imoral atacar operações humanitárias e quem está buscando ajuda. É ilegal e imoral impedir os doentes e feridos de assistência de saúde. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais sagrados, cemitérios e abrigos”, afirmou Vieira durante seu discurso em Ramallah, ressaltando o compromisso do Brasil com os direitos humanos e a justiça internacional.

Além do engajamento político, o Brasil também reforçou seu apoio financeiro à Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), com uma contribuição anual de US$ 75 mil. Embora simbólica diante das urgentes necessidades em Gaza, essa medida demonstra o comprometimento do Brasil em auxiliar os esforços humanitários na região.

A viagem de Mauro Vieira ao Oriente Médio, que inclui paradas na Jordânia, Líbano e Arábia Saudita, sinaliza a busca do Brasil por um papel ativo e construtivo na resolução dos conflitos na região. Notavelmente ausente do itinerário está Israel, que anteriormente declarou o presidente Lula como “persona non grata” devido à posição brasileira contrária aos ataques do Estado de Israel contra civis palestinos.

“Fome e pobreza são principais inimigos das mulheres”, afirma ministra brasileira

Caso de Política com informações da ONU News – A ministra das Mulheres Mulheres, Cida Gonçalves, destacou em sua participação na 68ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CSW) na Assembleia Geral da ONU a importância do combate à fome e pobreza como principais obstáculos enfrentados pelas mulheres. Em representação da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Cida Gonçalves ressaltou o compromisso do Brasil na busca pela inclusão e proteção social, destacando a liderança brasileira no G20 e sua participação na CSW como fundamentais nesse sentido.

Em entrevista à ONU News, a ministra enfatizou a necessidade de medidas efetivas de combate à pobreza, apontando que as mulheres negras e mães solo no Brasil representam a maioria dos 33 milhões de pessoas sofrendo com a fome. Gonçalves sublinhou a importância de garantir às mulheres o acesso à dignidade, cidadania, qualificação profissional e igualdade salarial.

Além disso, a ministra ressaltou a retomada de políticas sociais importantes no Brasil, como o programa Bolsa Família e o programa de alimentação escolar, que beneficiam a agricultura familiar e a habitação popular. Gonçalves destacou o compromisso do país em enfrentar a pobreza e promover a inclusão social.

No âmbito da igualdade salarial, Gonçalves apresentou a Lei da Igualdade Salarial e Remuneratória entre mulheres e homens, ressaltando a necessidade de fortalecer o debate sobre o assunto em instâncias internacionais. Ela denunciou a disparidade salarial entre homens e mulheres, sendo ainda maior para mulheres negras, indígenas e imigrantes.

A ministra brasileira também anunciou a formulação de uma Política Nacional de Cuidados com foco nas mulheres, demonstrando o compromisso do governo em promover a igualdade de gênero. A delegação brasileira, que inclui a socióloga e primeira-dama Janja Lula da Silva, busca ganhar protagonismo na discussão de políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero, desenvolvimento sustentável e justiça social na CSW, onde o Brasil participa desde 1946.

Conflito entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido resulta em mortes no Sudão

Situação de instabilidade no Sudão preocupa a comunidade internacional. Ataques aéreos realizados pelo Exército deixam ao menos 59 civis mortos

Repórter ABC com informações de Reuters – No último domingo (16), o Exército do Sudão entrou em conflito com as Forças de Apoio Rápido (RSF) em uma sangrenta luta pelo poder do país. Os ataques aéreos realizados pelo Exército resultaram na morte de pelo menos 59 civis, incluindo três funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU). Os combates eclodiram no sábado, após um desacordo sobre a integração da RSF às Forças Armadas como parte de uma transição para o governo civil. Esta é a primeira vez que ambos os lados entram em confronto desde que derrubaram o antigo presidente Omar Hassan al-Bashir em 2019.

A situação de instabilidade no Sudão tem preocupado a comunidade internacional. Países como Estados Unidos, China, Rússia, Egito, Arábia Saudita, União Europeia, União Africana e Conselho de Segurança da ONU pediram pelo fim imediato das hostilidades que ameaçam piorar a instabilidade em uma região já volátil.

Os países vizinhos e os órgãos regionais estão intensificando esforços para acabar com a violência, incluindo uma oferta do Egito e do Sudão do Sul para mediar entre as partes em conflito. No entanto, o paradeiro do general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que lidera a RSF, segue desconhecido neste domingo, enquanto o chefe do Conselho Soberano do governo de transição, general Abdel Fattah al-Burhan, está dentro do quartel-general do Exército no centro de Cartum.

Testemunhas e moradores relataram que o Exército realizou ataques aéreos em quartéis e bases da RSF, inclusive em Omdurman, do outro lado do rio Nilo, e conseguiu destruir a maioria de suas instalações. O Exército também retomou o controle de grande parte do palácio presidencial de Cartum, que estava nas mãos da RSF, e outras instalações importantes na capital. No entanto, membros da RSF permanecem dentro do aeroporto internacional de Cartum, que está sitiado pelo Exército.

O problema crucial é que milhares de membros fortemente armados da RSF estão posicionados em bairros da capital Cartum e de outras cidades, sem nenhuma autoridade capaz de controlá-los. O Exército afirmou em um comunicado neste domingo que “a hora da vitória está próxima” e que terá boas notícias para o povo sudanês em breve.

OMS nas Américas diz que infecções causadas por mosquitos estão aumentando

A Organização Mundial da Saúde, OMS, alertou para o aumento de casos de dengue, chikungunya e zika ao redor do mundo. A região das Américas é particularmente afetada em número de infecções e mortes.

As três doenças são causadas pelo mesmo vetor, o mosquito do tipo Aedes. Os dados da OMS indicam que condições precárias de água e saneamento somadas a fenômenos como enchentes, aumento da temperatura e da umidade favorecem a proliferação do inseto.

Dengue atinge mais países no sul

A agência da ONU diz que a incidência da dengue aumentou drasticamente passando de 500 mil casos em 2000 para 5,2 milhões em 2019.

Este ano, já são 441 mil notificações e mais de 100 mortes apenas nas Américas.

Países endêmicos como o Brasil tiveram aumento de casos. Ao mesmo tempo, a doença migrou para nações como Paraguai e Bolívia, que tinham baixa incidência.

Em outras partes do mundo, a tendência é semelhante, com a doença atingindo países mais ao sul.

Na África, o Sudão do Sul registrou aumento, ultrapassando 8 mil casos e 45 mortes desde julho de 2022.

De acordo com Raman Velayudhan, diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, existem quatro sorotipos da dengue.

Apesar de geralmente apresentar sintomas leves na primeira infecção, um segundo episódio da doença, causado por um sorotipo diferente pode gerar casos graves que resultam em falência dos órgãos e morte.

Ele disse que a doença ainda não tem tratamento e que as vacinas estão apenas começando a ser desenvolvidas.

Chikungunya presente em 115 países

Já a codiretora da Iniciativa Global de Arboviroses, Diana Rojas, afirma que o chikungunya está presente em 115 países. Recém-nascidos, idosos e pessoas com hipertensão, diabetes e outras condições de saúde estão sob maior risco de complicações graves.

Segundo a especialista, até o fim de março foram registrados 135 mil casos nas Américas, em comparação com 52 mil no mesmo período do ano passado. Detecções foram relatadas na província de Buenos Aires, onde a doença nunca circulou antes.

Rojas afirmou que uma das maiores preocupações é a contaminação de mãe para filho no momento do parto. A transmissão vertical acontece em 49% dos casos e, na maioria deles, gera complicações neurológicas na criança.

Zika, uma preocupação constante

Apesar do decréscimo de casos desde a crise de 2016, a zika continua circulando em 89 países, segundo a OMS.

A transmissão se dá pelo mosquito Aedes, mas também pela via sexual. Todo ano, são 30 mil a 40 mil casos, concentrados especialmente nas Américas e no sudeste da Ásia.

Por meio de seus Escritórios Regionais, a OMS apoia os países na preparação para responder a surtos das três doenças. As estratégias incluem vigilância, detecção precoce, treinamentos e preparação dos sistemas de saúde.

De acordo com a Velayudhan, este é “o momento de se preparar melhor e antecipar potenciais surtos”.

Para Djamila Ribeiro, luta contra racismo no Brasil deve manter características do país

As palavras são importantes numa narrativa política e em estratégias de comunicação. Elas têm significados e significantes.

Para a ex-professora universitária e filósofa, Djamila Ribeiro, a luta contra o racismo no Brasil e o movimento negro só se fortalecem ao aplicar conceitos e palavras que traduzam a realidade do país.

Vítimas da Escravidão

Esta é a opinião da escritora brasileira que discursou na Assembleia Geral, em 27 de março, para marcar o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos.

Nesta entrevista à ONU News, Djamila Ribeiro, diz que no Brasil “pretos e pardos” são reconhecidos como “negros” pelo Censo do país, realizado pela Ibge, portanto uma pessoa negra de pele escura ou clara deve se definir como “negra”.

“De fato, sobretudo nas redes sociais, a gente tem escutado muito as pessoas usando este termo no Brasil. Só que o Brasil não é os Estados Unidos. Nos Estados Unidos, faz sentido usar este contexto de black, light skin, dark skin. Acho que cada país tem o seu contexto, e a gente não pode negar as diferenças de cada território. No Brasil, o que foi de consenso do movimento negro é a utilização da palavra negro. Negro significa pretos e pardos. Então “pretos” está dentro da categoria negro assim como pardos. O Ibge vai entender negros como pretos e pardos. Negros são aqueles negros de pele escura, pardos são os negros de pele clara. Então, o que se decidiu entre do consenso dos movimentos negros, dos intelectuais negros, historicamente, no Brasil é o uso da palavra negro.”

“Invenção colonial”

A filósofa acredita que existem casos, especialmente para negros que vivem na Europa, onde outras nomenclaturas como “afrodescendente” costumam ser usadas. Ela diz respeitar a escolha, mas acredita que abordagem não funcionaria no Brasil por causa das marcas da história dos africanos traficados para o país durante o regime colonial e a escravidão

“Claro que a gente pode discordar, depender do contexto. Por exemplo, Grada Kilomba, que é portuguesa de origem de Cabo Verde, é minha amiga. E ela não gosta da palavra negro, porque negro, de fato, é uma invenção colonial. Ela vai usar afrodescendente.

Mas ali no contexto dela, que está na Europa, talvez ali faça sentido a utilização deste termo. E a gente não pode nunca perder isso de vista. E no Brasil, a gente ainda necessita falar disso, de negros, fazer essas diferenciações porque foi um país que negou durante muito tempo a existência do racismo. Um país, que durante muito tempo, romantizou as relações raciais no Brasil. Então, eu sempre falo para as novas gerações que a gente não pode importar determinados conceitos que não fazem sentido no nosso contexto e tem que respeitar, inclusive, o trabalho desses intelectuais e dos movimentos que entenderam um consenso porque tudo foi discutido, debatido, que essa seria a melhor forma de denominação para nós para a reivindicação de políticas públicas no país. Até porque, veja: eu sou uma mulher preta, eu sou uma negra de pele escura. Uma mulher negra, de pele clara, no Brasil, ela sofre racismo como eu. Mas a gente sofre de maneiras diferentes. A gente não pode universalizar a experiência de ser negro porque, no Brasil, essa questão do colorismo ainda é muito forte. Quanto mais claro, mais tolerado. Não é que a pessoa não vai ser discriminada.”

Sensibilidade para enfrentar preconceito

A escritora afirma ter vivido na pele várias situações de discriminação e preconceito. Para Djamila Ribeiro, o mais importante é ter sensibilidade para entender que na luta contra o racismo, a coletividade é um importante fator de sucesso no combate à discriminação.

“Todos os negros são discriminados no Brasil.  Mas a gente sabe que quanto mais escuro você é, você acaba tendo menos acesso a determinadas coisas e o tratamento a você é diferente. A gente não pode esquecer isso.

Uma mulher negra, de pele clara, ela tem que se entender como negra. Quando ela diz que é preta, ela está apagando a minha experiência que sou uma mulher de pele escura, e desde há muito tempo, na minha vida, venho passando por algumas situações por conta da minha cor de pele. Então, a gente tem que ter tudo muito claro, entender como essas coisas funcionam e não deturpar esses conceitos que são muito importantes para nós.”

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Ibge, mais de 56% da população brasileira são compostos de pessoas negras. Os dados são de 2021.

O número de pessoas que se declararam pretas ou pardas ao responder ao Censo aumentou de 2012 para 2021.