ÁUDIO: Discurso histórico de Rubens Paiva contra o golpe de 64 ressurge meio século depois

Deputado cassado e morto pela ditadura militar conclamou resistência pacífica em pronunciamento na Rádio Nacional. Família luta por justiça e é tema de filme premiado no Oscar

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Na madrugada de 1º de abril de 1964, em meio ao golpe militar, o deputado federal Rubens Paiva (PTB-SP) proferiu um discurso histórico na Rádio Nacional, conclamando o povo à resistência pacífica contra a destituição do presidente João Goulart. O áudio, redescoberto em 2014 nos arquivos da EBC, revela um apelo à legalidade e à defesa das reformas de base propostas por Jango.

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Em seu pronunciamento, Paiva criticou duramente o governador de São Paulo, Ademar de Barros, um dos articuladores do golpe, e convocou trabalhadores e estudantes a se unirem em defesa da legalidade, acompanhando as transmissões da Rádio Nacional e outras emissoras engajadas.

“Está lançada inteiramente para todo o país o desafio: de um lado, a maioria do povo brasileiro desejando as reformas e desejando que a riqueza se distribua ao lado da legalidade do presidente João Goulart; do outro, estão os golpistas, que devem ser repelidos e, desta vez, definitivamente para que o nosso país veja realmente o momento da sua libertação raiar”, declarou o deputado.

A resistência de Paiva custou caro. Em 10 de abril, foi cassado pelo AI-1, o primeiro ato institucional da ditadura. Em 1971, foi sequestrado, torturado e morto nas dependências do DOI-Codi no Rio de Janeiro. Seus restos mortais nunca foram encontrados, e seus assassinos permanecem impunes.

A história de Rubens Paiva e sua família, em especial a luta de sua esposa, Eunice Paiva, por justiça e memória, ganhou destaque com o filme “Ainda Estou Aqui”, que conquistou o primeiro Oscar do cinema brasileiro no último domingo (2).

O caso de Rubens Paiva e de outros opositores do regime militar é tema central de um debate no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a abrangência da Lei da Anistia em crimes de sequestro e cárcere privado durante a ditadura. A decisão, com repercussão geral, pode reabrir processos contra os responsáveis pela morte do deputado.

São acusados de matar e ocultar o cadáver de Rubens Paiva o general reformado do Exército José Antônio Nogueira Belham e os militares Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos, Jurandyr Ochsendorf e Jacy Ochsendorf. Desses, apenas o primeiro e o último estão vivos. Eles foram denunciados pelo Ministério Público Federal. Caberá ao STF determinar o andamento do caso ou não.

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“Ainda Estou Aqui” conquista o Oscar de Melhor Filme Internacional e marca a história do cinema brasileiro

Walter Salles recebendo a estatueta do Oscar – Reprodução/Max

Filme sobre a ditadura militar emociona e consolida a importância da memória para o futuro do país

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em uma noite histórica para o cinema nacional, o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional. A produção se tornou a primeira brasileira a vencer a estatueta na categoria, em premiação realizada neste domingo (03) em Los Angeles.

O longa-metragem, que retrata os horrores da ditadura militar brasileira sob a perspectiva de Eunice Paiva, mulher do militante Rubens Paiva, assassinado em 1971 após ser torturado, emocionou a Academia e consolidou seu lugar entre as grandes obras do cinema mundial.

A vitória de “Ainda Estou Aqui” foi um dos momentos mais marcantes da cerimônia, superando os concorrentes “A Garota da Agulha” (Dinamarca), “Emilia Pérez” (França), “A Semente do Figo Sagrado” (Irã) e “Flow” (Letônia). Além do prêmio principal, a produção brasileira também concorreu nas categorias de Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e Melhor Filme.

A consagração no Oscar representa um marco para o cinema brasileiro, indo além do reconhecimento artístico. Em um momento crucial para o país, que recentemente julgou uma tentativa de golpe de estado, o filme se destaca como uma obra necessária e atual.

A trama, que já havia conquistado o público brasileiro, ganhou ainda mais relevância diante do cenário político polarizado. Isabela Boscov, crítica de cinema brasileira, ressaltou à BBC a importância da produção em um momento em que o país busca revisitar seu passado para evitar que os horrores da ditadura se repitam.

“Ainda Estou Aqui” agora entra para a história como uma das maiores conquistas do Brasil na indústria cinematográfica mundial, reafirmando a importância de revisitar o passado para compreender o presente e construir um futuro mais democrático.

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