Governador Jerônimo Rodrigues anuncia medidas ambientais em São Desidério, em meio a protestos contra PCH

Durante a agenda, será autorizada a implantação do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS Cerrado) no município de Barreiras

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Nesta quinta-feira (6), São Desidério, no Oeste da Bahia, será o centro das celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente, com a presença do governador Jerônimo Rodrigues. Entretanto, a visita do governador ocorre em um contexto tenso, marcado por protestos de comunidades ribeirinhas, pescadores e lideranças indígenas contra a instalação da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Luzia, conforme noticiado pelo Portal Caso de Política em 21 de maio.

O evento, agendado para começar às 8h30 no Espaço Coliseu da Paz, celebrará também a marca de 200 municípios visitados em 17 meses de mandato do governador. Durante o evento, Jerônimo anunciará medidas ambientais importantes.

Jerônimo retorna ao Oeste baiano pouco mais de duas semanas após sua visita a Santa Rita de Cássia, onde realizou inaugurações e assinou ordens de serviços.

Durante o evento, Jerônimo autorizará, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) e do Inema, a contratação de projetos para a requalificação do Parque Metropolitano de Pituaçu, na capital baiana. Ele também anunciará a adesão da Sema ao Global Mangrove Alliance (GMA), uma iniciativa para a conservação dos manguezais na Bahia.

Para beneficiar diversos municípios baianos, serão celebrados convênios com Consórcios Públicos Intermunicipais visando ao aprimoramento da gestão ambiental. O governador também assinará a publicação da Consulta Pública do Plano Estadual de Meio Ambiente (PEMA), o edital da 2ª Edição do Prêmio Bahia Sustentável, e encaminhará o Projeto de Lei para a criação do Programa Agente Jovem Ambiental (AJA Bahia) à Assembleia Legislativa da Bahia.

Durante a agenda, será autorizada a implantação do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS Cerrado) no município de Barreiras. Além disso, materiais e equipamentos serão entregues para a Operação Florestal ao Corpo de Bombeiros da Caravana Bahia Sem Fogo, com o anúncio do encerramento da 2ª etapa da operação na Região Oeste.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Movimento em defesa do Rio Grande organiza abaixo-assinado para embargo definitivo da obra da PCH Santa Luzia

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O Movimento em Defesa do Rio Grande, composto por moradores das comunidades de Palmeiral, Beira Rio, Coqueirinho, Manoel de Souza, Sítio de Cima, Barreiro, Sítio Grande, Embalsador, Palmeirinha, Morrão, e outros, lançou uma petição pública solicitando o embargo definitivo da obra da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Luzia, em São Desidério. A iniciativa visa proteger o Rio Grande e suas comunidades ribeirinhas dos impactos negativos provocados pelo empreendimento, sob responsabilidade da ARA Empreendimento.

O abaixo-assinado que até o momento do fechamento desta matéria tinha 2.008 assinatura eletrônicas, destaca que a construção da PCH Santa Luzia desviará aproximadamente 80% da água do rio, resultando na seca de um trecho de 8 km. Isso comprometerá o acesso das comunidades à água, afetando a pesca artesanal, a agricultura familiar e alterando o regime hídrico do rio Grande, tornando-o suscetível a cheias e rebaixamentos inesperados, semelhantes aos que ocorrem no rio das Fêmeas.

Apesar de possuir licenças ambientais expedidas pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) e autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as comunidades denunciaram os impactos negativos da obra desde 2020. Os recentes eventos, como o ocorrido em 11 de maio de 2024, reforçam a preocupação com os danos irreversíveis à vida humana e aos recursos naturais.

O Movimento em Defesa do Rio Grande solicita a intervenção urgente do Ministério Público (MP), INEMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Secretarias de Meio Ambiente, com base na Constituição Federal de 1988. Os moradores de São Desidério, BA, assinam a petição em busca de uma resolução definitiva para proteger o meio ambiente e combater os danos causados pela PCH Santa Luzia.

Para assinar a petição (abaixo-assinado), clique aqui.

Caso de Política | A informação passa por aqui

Barreiras se levanta e pede socorro para o Rio Grande e embargo da PCH Santa Luzia

Fotos: Luís Carlos Nunes

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Na manhã desta terça-feira (21), Barreiras foi palco de uma grande manifestação ambiental. Organizada por moradores de várias comunidades ribeirinhas, pescadores e lideranças indígenas, o protesto teve início às 7h30, atrás da Catedral São João Batista que seguiu até a ponte sob o Rio Grande, logo após se dirigindo para a sede do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA). A mobilização contou com a participação ativa de residentes das comunidades Beira Rio, Palmeiral, Sítio de Cima, Sítio do Rio Grande, Morrão e Embalssador, todos unidos contra a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Luzia.

O alvo das críticas durante a manifestação foi a Prefeitura Municipal de São Desidério, responsável pela emissão do alvará de construção, e o INEMA, que concedeu a licença ambiental. De acordo com os manifestantes, a PCH não tinha autorização para operar, mas já foram feitos barramentos para testes. Isso, segundo eles, destaca a necessidade urgente de suspender definitivamente as operações da PCH Santa Luzia.

Um recente vazamento de sedimentos no Rio Grande, atribuído à PCH, deixou a água turva e causou a morte de peixes, aumentando ainda mais a preocupação das comunidades. O terreno onde está a barragem é naturalmente encharcado e incapaz de suportar tal construção. Os moradores locais, afetados pela diminuição da vazão e contaminação do rio, demandam o embargo da PCH e um rigor maior na avaliação de futuros projetos de barragens.

Caminhada até a ponte sob o Rio Grande

Após a concentração inicial, os manifestantes seguiram em marcha até a margem do Rio Grande e, posteriormente, até a sede do INEMA, onde protocolaram um abaixo-assinado exigindo o embargo definitivo da PCH Santa Luzia. Os manifestantes querem que o rio corra livre e que futuros empreendimentos sejam precedidos por estudos rigorosos.

Manifestantes adentraram pacificamento no INEMA onde apresentaram suas reivindicações aos representantes do órgão

A manifestação ganhou reforço com a visita da Frente Preventiva Integrada (FPI), que inclui Defesa Civil, Ministério Público, Polícia Ambiental e técnicos do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). A promotora responsável articulou para que a FPI analise a situação da barragem. No próximo sábado, uma audiência pública em Ibotirama discutirá os resultados da FPI.

Apesar das dificuldades logísticas, a organização do evento foi considerada satisfatória. Muitas pessoas não conseguiram participar por falta de transporte, mas o sentimento de revolta é grande, destacando a preocupação e o desespero das comunidades afetadas.

O protesto em Barreiras evidenciou a força e determinação das comunidades locais na luta pela proteção do Rio Grande. Suas demandas são claras: embargo da PCH Santa Luzia e garantias de que o meio ambiente seja priorizado em qualquer novo empreendimento na região.

Histórico de Preocupações

De acordo com matéria publicada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) em 06 de outubro de 2021, a construção de PCHs no Rio Grande não é uma novidade nas preocupações dos moradores. O Rio Grande, que nasce na Serra Geral de Goiás, percorre 580 km até desaguar no Rio São Francisco, abrangendo 18 municípios. A PCH Santa Luzia, projetada pela empresa ARA Empreendimento, inclui um lago de 10 hectares, um barramento de seis metros de altura e um canal de 7 km. Segundo especialistas, a obra desviará 80% da água do rio, secando um trecho de 8 km, afetando gravemente a comunidade Beira Rio e parte da Manoel de Souza.

A PCH Santa Luzia possui licença de implantação emitida pelo INEMA desde dezembro de 2018. Em dezembro de 2020, as comunidades locais denunciaram a empresa e o INEMA ao Ministério Público Estadual, apontando irregularidades no licenciamento e impactos socioambientais severos.

A Promotoria de Justiça Especializada em Meio Ambiente de Barreiras instaurou um Inquérito Civil Público (ICP) para investigar possíveis danos ambientais causados pela PCH Santa Luzia. Já foram requisitados documentos ao órgão ambiental e ao empreendedor, e está em processo de análise dos impactos negativos e possíveis medidas mitigatórias.

Representantes da Associação dos Pescadores Artesanais da Bacia do Rio Grande lamentam que as ações da empresa tenham sido comunicadas tardiamente à comunidade. A redução da vazão pode causar alta mortandade de peixes, como já visto com a PCH Sítio Grande. A pesca artesanal, uma profissão tradicional de Barreiras, está ameaçada.

A manifestação em Barreiras é um reflexo da luta contínua das comunidades locais pela proteção do Rio Grande e pela garantia de que novos projetos sejam ambientalmente sustentáveis. A pressão sobre as autoridades e a conscientização da população são passos cruciais para evitar danos irreversíveis ao meio ambiente e às tradições culturais da região.

Caso de Política | A informação passa por aqui